Liberdade no capitalismo

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Original de Sidewalk Bubblegum © - Tradução de Glauber Ataide

Assim é o capitalismo

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Original de Sidewalk Bubblegum © - Tradução de Glauber Ataide

Produção de mercadorias no capitalismo

Quadrinho sobre a extração da mais-valia. Clique na imagem para ampliar.







Pela reconstrução da URSS

A Northstar Compass é uma publicação mensal de uma organização internacional que luta pela reconstrução da União Soviética. A revista completa agora 18 anos.


Na seção "História da NSC" em seu site podemos conhecer mais sobre a revista e a organização, assim como seu direcionamento teórico, do qual traduzimos os trechos abaixo.

A Northstar Compass desempenhou um importante papel histórico por várias razões:

1) Defendeu a história da URSS, a construção do primeiro estado da classe trabalhadora, a ditadura do proletariado. Defendeu a história da industrialização socialista e da coletivização da agricultura, o papel de liderança da URSS ao derrotar o fascismo na II Guerra, tudo sob a correta liderança de Joseph Stálin e do Partido Bolshevique que ele liderava.

2) A NSC traçou as raízes do revisionismo até os ataques de Kruschev a Stálin e o início da dissolução do socialismo também naquele período, apesar da completa liquidação só ter acontecido com Gorbachev e Yeltsin.

3) A NSC mostrou as condições devastadoras a que a classe trabalhadora da URSS foi submetida devido à restauração do capitalismo: fechamento de fábricas, perda de empregos, fome, falta de moradia, o desmantelamento do sistema de saúde, emigração em massa do povo em busca de trabalho, queda do tempo de vida, declínio populacional, etc.

4) A NSC apontou que, sem a URSS, os EUA, como única superpotência, ficou livre e desempedido sem nenhuma outra potência para lhe fazer frente em sua busca por dominação.

5) Talvez a mais importante, a NSC trouxe boas novas sobre os ressurgentes partidos comunistas e de trabalhadores, não apenas na Rússia, mas por toda a antiga URSS, que estão lutando para restaurar o socialismo e a URSS.


Stálin – o mito e a realidade

Hoje quase todo mundo que se auto-denomina Marxista-Leninista reconhece que, em seus últimos anos, o Partido Comunista da URSS estava dominado pelos revisionistas – isso é, por pessoas que se proclamavam marxista-leninistas mas que tinham na realidade distorcido o Marxismo-Leninismo para servir aos interesses de uma embrionária classe capitalista.

Mas há uma questão, no entanto, em que ainda há divergências: quando começou a dominação dos revisionistas sobre o PCUS?

Atualmente a maioria das pessoas apontam a data do 20º Congresso do PCUS, em 1956, quando Kruschev retirou a sua máscara de Marxista-Leninista.

Entretanto, há boas razões para acreditar que já muitos anos antes da morte de Stálin, em 1953, a maioria da liderança soviética era de revisionistas latentes ou camuflados.

Por que, por exemplo, Stálin, que desempenhou um papel ativo no movimento comunista internacional na década de 1920, cessou de fazê-lo depois de 1926?

Por que a publicação das obras de Stálin, programadas para 16 volumes, parou no volume 13 em 1949, quatro anos antes de sua morte?

Por que não foi pedido a Stálin que entregasse o relatório do Comitê Central no 19º Congresso em 1952?

Por que os últimos escritos de Stálin foram confinados a assuntos como linguística e à crítica de um livro de economia – assuntos que poderiam ser considerados inofensivos para revisionistas camuflados caso Stálin não os tivesse transformado em ataques às idéias revisionistas?

Por que o governo soviético surpeendeu a opinião pública mundial em 1947 ao de repente reverter sua política internacional para endossar a proposta estadunidense pela partição da Palestina que provou ser tão desastrosa para as nações do Oriente Médio?

Tudo isso faz sentido se – e eu acredito que somente se – aceitarmos o fato de que por alguns anos antes de sua morte, Stálin e seus companheiros Marxista-Leninistas eram uma minoria na liderança da União Soviética.

A existência de uma maioria revisionista na liderança do PCUS foi efetivamente camuflada por um “culto à personalidade” que foi construído ao redor de Stálin.

O próprio Stálin criticou e ridicularizou este “culto” em inúmeras ocasiões. E mesmo assim ele continou.

Disso se segue que Stálin era ou um ultra-hipócrita ou que ele era incapaz de dar um basta neste “culto”.

Quem começou este “culto à personalidade” ao redor de Stálin foi, de fato, Karl Radek, que se confessou culpado por traição em seu julgamento público em 1937.

Um exemplo típico deste “culto” é a seguinte citação de 1936:

“Miseráveis pigmeus! Eles levantaram suas mãos contra o maior de todos os homens, nosso sábio líder, camarada Stálin. Nós lhe garantimos, camarada Stálin, que iremos reforçar nossa vigilância stalinista ainda mais e cerraremos nossas fileiras ao redor do Comitê Central Stalinista e do grande Stálin.”

O autor dessas palavras era um tal Nikita Kruschev, que em 1956 denunciou o “culto” como uma indicação da “vaidade” e do “poder pessoal” de Stálin.
Foi Kruschev também que introduziu o termo “vozhd” para Stálin – um termo significando “líder” e equivalente do termo nazista Führer.

Por que os revisionistas construíram este “culto à personalidade” ao redor de Stálin?

Foi, na minha opinião, porque isso disfarçava o fato de que não era Stálin e os Marxista-Leninistas, mas eles – oponentes camuflados do socialismo – que tinham uma maioria na liderança. Isso os possibilitou tomar atitudes – como a prisão de várias pessoas inocentes entre 1934 e 1938 (quando eles controlavam as forças de segurança) e subsequentemente jogar sobre Stálin a culpa das “distorções da legalidade socialista”.

O próprio Stálin em um registro diz ao autor alemão Lion Feuchtwanger em 1936 que o “culto à sua personalidade” estava sendo construído por seus oponentes políticos:

“... com o objetivo de me desacreditar em uma data posterior.”

Claramente, a “suspeita paranóica” de Stálin em relação a alguns de seus colegas, da qual Kruschev reclamou tão amargamente em seu pronunciamento secreto no 20º Congresso, não era nada paranóica na verdade!

Em um ponto tanto Stálin quanto os revisionistas estão de acordo – que na época de Stálin alguns erros judiciais ocorreram nos quais pessoas inocentes foram judicialmente assassinadas.

Os revisionistas, é claro, sustentam que Stálin foi responsável por esses erros judiciais.

Mas há uma contradição aqui.

O próprio Kruschev disse em seu pronunciamento secreto de 1956:

“A questão aqui é complicada pelo fato de que tudo isso foi feito por Stálin estar convencido de que isso era necessário para a defesa dos interesses da classe trabalhadora contra a conspiração de inimigos. Ele via isso do ponto de vista dos interesses da classe trabalhadora, do interesse da vitória do socialismo.”

Mas apenas uma pessoa completamente insana poderia imaginar que a prisão de pessoas inocentes poderia servir à causa do socialismo. E todas as evidências mostram que Stálin manteve suas faculdades mentais até a sua morte.

Entretanto, a contradição se resolve se estes assassinatos judiciais tiverem sido perpetrados não sob o comando de Stálin, mas sob as ordens dos revisionistas oponentes do socialismo.

Em seu julgamento público em 1938, o antigo Comissário do Povo para Assuntos Internos, Genrikh Yagoda, se confessou culpado por ter arranjado o assassinato de seu predecessor, Vyacheslav Menzhinsky, para assegurar sua própria promoção para um posto que lhe daria controle sobre os serviços de segurança soviética. Ele então, de acordo com sua própria confissão, se utilizou dessa posição para proteger terroristas responsáveis pelo assassinato de proeminentes Marxista-Leninistas próximos a Stálin – incluindo o Secretário do Partido de Leningrado, Sergei Kirov, e o famoso escritor Maksim Gorky.

E para que os serviços de segurança não dessem a impressão de estarem ociosos, Yagoda providenciou a prisão de várias pessoas que não era conspiradoras, mas que tinham apenas sido “indiscretas”.

Depois da prisão de Yagoda, os conspiradores tiveram sucesso ao lhe suceder com um outro conspirador, Nikolai Yezhov, que continou e intensificou este processo.

Foi por causa da suspeita de Stálin e dos Marxista-Leninistas de que os serviços de segurança estavam agindo erroneamente – estavam protegendo os culpados e punindo os inocentes – que eles começaram a usar o secretariado pessoal de Stálin, chefiado por Aleksandr Poskrebyshev, como sua agência particular de detetives.

E foi sobre a base da evidência descoberta pelo seu secretariado e enviada diretamente ao Partido que os revisionistas camuflados, para manter seu disfarce, foram obrigados a apoiar a prisão de genuínos conspiradores, incluindo Yagoda e Yezhov.

E foi por iniciativa pessoal de Stálin que em 1938, seu amigo, o Marxista-Leninista Lavrenty Beria, foi trazido para Moscou desde o Cáucaso para tomar conta dos serviços de segurança.

Sob Beria, prisioneiros políticos que haviam sido presos por Yagoda e Yezhov tiveram seus casos revistos e, conforme os correspondentes da imprensa ocidental relataram naquela época, milhares de pessoas injustamente sentenciadas foram soltas e reabilitadas.

Os Marxista-Leninistas da Inglaterra, em particular, não deveriam ter nenhuma dificuldade em visualizar o quadro de uma minoria Marxista-Leninista no PCUS.

Quantos membros do Partido Comunista da Grã-Bretanha fizeram oposição ao revisionista “Caminho Britânico para o Socialismo”, que pregava o absurdo do “caminho parlamentar para o socialismo” quando estava sendo adotado em 1951? Eu sei de apenas quatro.

A questão surge, então:

Se os revisionistas tinham uma maioria na liderança do PCUS a partir de 1930, por que eles não fizeram nada para desmantelar o socialismo até 1956, depois da morte de Stálin?

A resposta é que eles tentaram mas não conseguiram.

No início dos anos 1940, os economistas Eugen Varga e Nikolai Voznsensky publicaram livros expondo abertamente programas revisionistas, mas ambos foram rapidamente refutados pelos Marxista-Leninistas.

Claro, é importante não exagerar a extensão desses erros judiciais.
Nos anos 1960, a propaganda anti-soviética originalmente publicada na Alemanha Nazista foi republicada por um ex-agente secreto britânico chamado Robert Conquest sob o respeitável disfarce da Universidade de Harvard. No seu livro “O grande terror”, de 1969, Conquest aponta o número de “vítimas de Stálin” entre “5 e 6 milhões”.

Mas nos anos 1980 Conquest alegava que em 1939 havia um total entre 25 e 30 milhões de prisioneiros na União Soviética, e que em 1950 havia 12 milhões de prisioneiros políticos.

Mas quando, sob Gorbachev, os arquivos do Comitê Central do PCUS foram abertos aos pesquisadores, descobriu-se que o número de prisioneiros políticos em 1939 havia sido de 454.000, e não os milhões que pretendia Conquest.

Se adicionarmos a estes os presos por crimes não políticos, chegamos à soma de 2,5 milhões, ou seja, 2,4% da população adulta.

Em contraste, havia nos Estados Unidos em 1996, de acordo com os números oficiais, 5,5 milhões de pessoas na prisão, o que corresponde a 2,8% da população adulta.

Ou seja, o número de prisioneiros nos EUA nesta data estava 3 milhões acima do maior número que já houve na União Soviética.

Em janeiro de 1953, menos que dois meses antes da morte de Stálin, nove médicos trabalhando no Kremlin foram presos acusados de assassinar certos líderes soviéticos – incluindo Andrei Zhdanov em 1948, aplicando-lhes deliberadamente tratamento médico incorreto.

As acusações surgiram a partir de investigações baseadas nas alegações de uma médica, Lydia Timashuk. Os médicos suspeitos foram formalmente acusados por conspiração por assassinato juntamente com a organização americana zionista “JOINT”.

Correspondentes da imprensa ocidental em Moscou insistiam que alguns dos mais proeminentes líderes soviéticos estavam sob investigação em conexão com o caso.

Mas antes que o caso viesse a julgamento, Stálin convenientemente morreu.

O albanês Marxista-Leninista Enver Hoxha, um incansável oponente do revisionismo e não dado a fofocas infundadas, insiste que os líderes revisionistas soviéticos admitiram – ou melhor, que se vangloriaram – de que o haviam matado. E sabemos que o próprio filho de Stálin foi preso por ter declarado que seu pai havia sido morto como parte de um complô.

Seja como for, os doutores que haviam sido presos foram imediatamente soltos e oficialmente “reabilitados”.

Então Lavrenti Beria – um caçador de revisionistas que ficava atrás apenas de Stálin – foi preso em um golpe militar, julgado em segredo e executado.

O caminho foi aberto aos conspiradores revisionistas para tirarem suas máscaras, expulsar os remanescentes Marxista-Leninistas das posições de direção do Partido e dar os primeiros passos rumo à restauração do capitalismo.


CONCLUSÃO

Este é o retrato de Stálin que surge de um exame objetivo dos fatos.
É o retrato de um grande Marxista-Leninista que lutou toda a sua vida pela causa do socialismo e pela classe trabalhadora.

É o retrato de um grande Marxista-Leninista que, apesar de cercado por traidores revisionistas, conseguiu evitar durante toda sua vida que essa maioria revisionista traísse a classe trabalhadora que ele amava e que restaurasse o sistema capitalista que ele odiava.

Nós que tomamos como tarefa a reconstrução do movimento comunista internacional devemos ver a defesa de Stálin como parte da defesa do Marxismo-Leninismo.

Não pode haver honra maior a qualquer um que aspira ser um Marxista-Leninista do que ser chamado de Stalinista.



Este esboço seria originalmente apresentado por Bill Bland na conferência “Luta Internacional: Marxista-Leninista” em outubro de 1999, em Paris.

Esta fala nunca foi pronunciada, pois o camarada Bland não pôde comparecer. Ela é no entanto oferecida como a essência de várias décadas de pensamento e de sólidas, concretas e factuais pesquisas marxista-leninistas. Esta fala se originou de uma outra que o camarada Bland proferiu à juventude da Liga Comunista em 1975 em um curso de férias. Ela foi amplamente distribuída e influenciou profundamente o movimento marxista-leninista.

Tradução de Glauber Ataide


Miséria é o principal "produto" do capitalismo

O capitalismo tem legiões de defensores. Muitos o fazem de boa vontade, produto de sua ignorância e pelo fato de que, como dizia Marx, o sistema é opaco e sua natureza exploradora e predatória não é evidente ante os olhos de homens e mulheres. Outros o defendem porque são seus grandes beneficiários e amassam enormes fortunas, graças às suas injustiças e iniquidades.

Além do mais há outros ("gurus" financeiros, "opinólogos", jornalistas "especializados", acadêmicos "pensadores" e os diversos expoentes do "pensamento único") que conhecem perfeitamente bem os custos sociais que, em termos de degradação humana e do meio-ambiente, o sistema impõe.

No entanto, são muito bem pagos para enganar as pessoas e prosseguem com seu trabalho de forma incansável. Eles sabem muito bem, aprenderam muito bem, que a "batalha de ideias", à qual Fidel Castro nos convocou, é absolutamente estratégica para a preservação do sistema, e não retrocedem em seu empenho.

Para resistir à proliferação de versões idílicas acerca do capitalismo e de sua capacidade para promover o bem-estar geral, examinemos alguns dados obtidos de documentos oficiais do sistema pelas Nações Unidas.

Isso é sumamente didático quando se escuta, principalmente no contexto da crise atual, que a solução aos problemas do capitalismo se obtém com mais capitalismo; o que o G-20, o FMI, a OMC e o Banco Mundial, arrependidos de seus erros passados, vão poder resolver os problemas que provocam agonia à humanidade. Todas essas instituições são incorrigíveis e irreformáveis, e qualquer esperança de mudança não é nada mais que uma ilusão. Seguem propondo o mesmo, só que com um discurso diferente e uma estratégia de "Relações Públicas", desenhada para ocultar suas verdadeiras intenções. Quem tiver dúvidas que olhe o que está propondo para "solucionar" a crise na Grécia: as mesmas receitas que aplicaram e que seguem aplicando na América Latina e na África desde os anos 1980!

A seguir, alguns dados (com suas respectivas fontes) recentemente sistematizados pelo Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza (CROP, na sigla em inglês), da Universidade de Bergen, na Noruega. O CROP está fazendo um grande esforço para, a partir de uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza elaborado há mais de trinta anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos grandes meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e vários "especialistas".

População mundial: 6,8 bilhões, dos quais:

  • 1,02 bilhão têm desnutrição crônica (FAO, 2009)

  • 2 bilhões não têm acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov)

  • 884 milhões não têm acesso a água potável (OMS/UNICEF 2008)

  • 924 milhões de "sem teto" ou que vivem em moradias precárias (UN Habitat 2003)

  • 1, 6 bilhão não tem eletricidade (UN Habitat, “Urban Energy”)

  • 2,5 bilhões não tem acesso a saneamento básico e esgotos (OMS/UNICEF 2008)

  • 774 milhões de adultos são analfabetos (www.uis.unesco.org)

  • 18 milhões de mortes por ano devido à pobreza, a maioria delas de crianças com menos de 5 anos (OMS)

  • 218 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, trabalham em condições de escravidão ou em tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados, prostitutas, serventes na agricultura, na construção civil ou na indústria têxtil (OIT: A Eliminação do Trabalho Infantil: Um Objetivo a Nosso Alcance, 2006)

  • Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação na riqueza global de 1,16% para 0,92%, enquanto que os 10% mais ricos acrescentaram mais riquezas, passando de 64,7 para 71,1% da riqueza produzida mundialmente. O enriquecimento de poucos tem como reverso o empobrecimento de muitos.

  • Só esse 6,4 % de aumento da riqueza dos mais ricos seria suficiente para duplicar a renda de 70% da população da Terra, salvando inumeráveis vidas e reduzindo as penúrias e sofrimentos dos mais pobres. Entenda-se bem: tal coisa seria obtida se tão só fosse redistribuído o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002, dos 10% dos mais ricos do planeta, deixando intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem sequer algo tão elementar como isso é aceitável para as classes dominantes do capitalismo mundial.

Conclusão: Se não se combate a pobreza (nem fale de erradicá-la sob o capitalismo!) é porque o sistema obedece a uma lógica implacável, centrada na obtenção do lucro, o que concentra a riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e a desigualdade econômico-social.

Depois de cinco séculos de existência, isto é o que o capitalismo tem para oferecer. Que esperamos para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, será claramente socialista. Com o capitalismo, em troca, não haverá futuro para ninguém. Nem para os ricos, nem para os pobres. A sentença de Friedrich Engels, e também de Rosa Luxemburgo: "Socialismo ou barbárie", é hoje mais atual e vigente que nunca. Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro, e seu motor é a ganância. Mais cedo que tarde provoca a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e uma crise moral. Todavia ainda temos tempo, mas não muito.


Fonte: Jornal La República, Espanha

Reforma ou revolução?

Já no final do século XIX o oportunismo havia tomado conta de grande parte dos líderes da social-democracia alemã, que tentavam "revisar" conceitos fundamentais do marxismo, abandonando a luta de classes e pregando a conciliação do proletariado para com a burguesia.

Esse revisionismo teve como seu principal porta-voz Eduard Bernstein, que com sua tática de sapa afirmava que um desmoronamento do capitalismo parecia cada vez mais improvável, e que era possível chegar ao socialismo através de pequenas reformas sociais ao invés da revolução popular armada.

Rosa Luxemburgo, levantando-se contra o oportunismo de Bernstein, publicou em 1900 a obra "Reforma ou revolução?", combatendo a corrente revisionista que se espalhava entre dirigentes do movimento proletário social-democrata alemão. Para Rosa, a questão "reforma ou revolução" significava "ser ou não ser".

Segundo Bernstein, a adaptação do capitalismo para o socialismo se daria através de reformas sociais e de instituições como os sindicatos e as cooperativas. E tudo sempre pela "via legal".

Uma das instituições que contribuiriam para essa "transição" ao socialismo seriam os sindicatos. Sobre essa questão, Rosa demonstra que essas organizações não são mais que um meio para realizar a lei capitalista dos salários. Sua atividade é lutar por aumentos de salários e redução do tempo de trabalho, isso é, a regularização da exploração capitalista de acordo com a situação momentânea do mercado. Os sindicatos são órgãos de defesa, não de ataque contra o lucro capitalista.

Os sindicatos não podem interferir no processo de produção e regular o "controle social da produção", como o queria Bernstein. Tampouco o poderiam as cooperativas, o que ele também defendia. Dessa forma, a "expropriação por etapas" através dos sindicatos é impossível.

Bernstein também se equivoca ao considerar a evolução do estado para sociedade como uma condição para a realização passiva ao socialismo. Demonstrando graves deficiências no conhecimento das mais básicas premissas do marxismo, ele falha em compreender a natureza do estado atual, isso é, o estado como uma organização da classe capitalista.

Rosa Luxemburgo desmascara o revisionismo e demonstra que ele visa não suprimir as contradições capitalistas, mas apenas atenuá-las, suavizá-las. Ela explica que a teoria bernsteiniana nada mais é do que uma generalização teórica do ponto de vista do capital isolado, o que demonstra que sua análise econômica cometia os mesmos erros da economia clássica burguesa.

Sobre a "conquista do poder político através de reformas", isso é impossível, responde Rosa. Na sociedade burguesa a reforma legal serviu para o reforçamento progressivo da classe ascendente até essa assumir o poder político e suprimir o sistema jurídico antigo que entravava seu desenvolvimento.

Ela explica que reforma legal e revolução não são métodos diferentes de desenvolvimento histórico que se pode escolher como se escolhe salsichas quentes ou frias, e sim fatores diferentes no desenvolvimento da sociedade de classe.

Qualquer constituição legal outra coisa não é que o produto da revolução, sendo esta o ato de criação política da história de classe, e aquela a expressão política da vida e da sociedade.

Quem se pronuncia a favor das reformas legais, em vez de e em oposição à revolução social, não escolhe assim um caminho mais lento levando para a mesma finalidade, mas sim para uma finalidade diferente, isto é, modificações superficiais na antiga sociedade em vez da instauração de uma nova.

Rosa nos chama a atenção para um importante aspecto do capitalismo: a dominação de classe hoje não repousa em "direitos adquiridos", e sim em verdadeiras relações econômicas.

Por conseguinte, como suprimir "pela via legal" a escravidão do assalariado se ela não está absolutamente expressa nas leis?

Nas sociedades anteriores o antagonismo de classes encontrava expressão em relações jurídicas bem determinadas, mas hoje a situação é bem diversa. O proletariado não é obrigado por nenhuma lei a submeter-se ao jugo do capital. Ele é obrigado a tal através da miséria, pela falta de meios de produção.

Na sociedade burguesa não pode haver leis que possam proporciar ao proletariado esses meios de produção, pois não foi a lei, e sim o desenvolvimento econômico que lhos arrancou.

Assim Rosa expõe os erros do revisionismo de Bernstein & Cia, e de forma quase profética afirma: é inteiramente impossível imaginar-se que uma transformação tão formidável como é a passagem do capitalismo ao socialismo se realize de uma só vez, por meio de um golpe feliz do proletariado.

Conhecendo bem o processo histórico, que tem seus recuos momentâneos, ela já esperava alguns equívocos nas primeiras tentativas de implantação do socialismo.


Socialismo igualitário não existe no marxismo


Um dos mitos mais difundidos sobre o socialismo é que neste sistema "todos são iguais", no sentido de que todos recebem a mesma quantia de produtos por seu trabalho, seja ele qual for. Um suposto "igualitarismo" salarial. Alguns outros mitos, ainda mais exagerados, dizem que ninguém é dono de sua própria casa, que todos dormem debaixo de um enorme galpão comunitário compartilhando um enorme cobertor, etc.

Este "igualitarismo" salarial soa estranho a muita gente que pensa ser "injusto" que o mérito e o esforço pessoal não sejam levados em consideração. Que uma pessoa que não trabalhe seja "sustentada pelo Estado", ou que alguém que trabalhe mal ou não se esforce tenha a mesma recompensa que uma pessoa dedicada.

Reproduzo abaixo um trecho de uma entrevista de Stálin ao autor alemão Emil Ludwig, de 1932, na qual o dirigente soviético é confrontado com a questão do "igualitarismo" salarial e esclare que o socialismo marxista nada tem a ver com isso.


[...]

Ludwig: Sou muito grato por esta sua afirmação. Permita-me fazer a seguinte pergunta: o senhor fala de “igualamento salarial”, dando à expressão uma conotação distintamente irônica em relação ao igualamento geral. Mas, com certeza, o igualamento geral é um ideal socialista.

Stálin: O tipo de socialismo no qual todos receberiam o mesmo pagamento, a mesma quantidade de carne e a mesma quantidade de pão, vestiriam as mesmas roupas e receberiam os mesmos artigos nas mesmas quantidades – tal socialismo é desconhecido para o marxismo.

Tudo que o marxismo diz é que até que as classes tenham sido finalmente abolidas e até que o trabalho tenha sido transformado de um meio de subsistência na necessidade básica do homem, no trabalho voluntário pela sociedade, as pessoas serão pagas por seu esforço de acordo com o trabalho executado. 'De cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com seu trabalho.' Esta é a fórmula marxista do socialismo, a fórmula para o primeiro estágio do comunismo, o primeiro estágio da sociedade comunista.

Apenas no mais alto estágio do comunismo, apenas em sua fase mais desenvolvida, é que cada um, trabalhando de acordo com a sua habilidade, será recompensado por seu trabalho de acordo com suas necessidades. 'De cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com suas necessidades.'

Está muito claro que as necessidades das pessoas variam e continuarão variando sob o socialismo. O socialismo nunca negou que as pessoas sejam diferentes em seus gostos, e na quantidade e qualidade de suas necessidades. Leia como Marx criticou Stirner por sua inclinação em direção ao igualitarismo; leia a crítica de Marx ao Programa de Gotha de 1875; leia os trabalhos subseqüentes de Marx, Engels e Lênin, e você verá quão agudamente eles atacam o igualitarismo. O igualitarismo deve sua origem ao tipo de mentalidade camponesa individual, à psicologia de compartilhar e compartilhar igualmente, à psicologia do “comunismo” primitivo camponês. Igualitarismo não tem nada em comum com o marxismo socialista. Apenas as pessoas sem qualquer familiaridade com o marxismo podem ter a idéia primitiva de que os bolcheviques russos desejam juntar toda a riqueza e então dividi-la igualmente. Essa é a idéia de pessoas que não têm nada em comum com o marxismo. É assim que tais pessoas como os “comunistas” primitivos da época de Cromwell e da Revolução Francesa imaginaram o comunismo para si próprios. Mas o marxismo e os bolcheviques russos não têm nada em comum com tais “comunistas” igualitaristas.

[...]