A verdade é sempre revolucionária.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010 um 14:34 5 Kommentare Labels: Capitalismo, Fascismo, Livros, Psicologia de massas, Religião
O texto abaixo foi redigido apenas para guiar a parte expositiva de um curso de introdução sobre Economia Marxista. Mas apesar de não ter sido escrito para ser lido de forma independente, creio que possa, mesmo assim, ser de alguma utilidade.
Breve histórico da Economia Marxista
Assim como aconteceu em relação à Filosofia clássica alemã e ao socialismo e à historiografia franceses, que foram a base do pensamento marxista, a economia do marxismo também se baseou no que já havia sido desenvolvido até seu tempo.
Marx desenvolveu, corrigiu e aperfeiçoou a economia clássica inglesa.
Por que justamente a economia inglesa, e não a francesa ou a alemã? Porque a Inglaterra era o país capitalista mais desenvolvido.
Marx adotou a tese central da economia política clássica: a de que a troca se baseava numa equivalência (uma comparação) das quantidades de trabalho contidas na mercadoria.
Essa teoria, chamada de valor-trabalho, já havia sido expressa no século XII por Tomás de Aquino e seu mestre, Alberto, o Grande, e foi refinada por William Petty no século XVII. Recebeu sua forma definitiva com Adam Smith no século XVIII e David Ricardo, no século XIX.
Esses economistas conseguiam descrever corretamente alguns fenômenos do capitalismo, mas ficavam estacionados à beira de um conhecimento mais profundo e racional.
Algumas limitações dos economistas burgueses:
Além disso, apesar de ser objetiva e descritiva em relação ao capitalismo, quando se chegava à questão da luta operária e da organização operária, ela voltava a ser normativa, subjetiva e moralizadora.
Condenava as organizações e lutas operárias como “entraves à liberdade”, “obstáculos à concorrência”, “conspirações”, “utopias contrárias a leis econômicas (leis de mercado) inexoráveis”, “atentados contra a ordem pública”, etc.
Principais características do capitalismo
1) Produção de mercadorias
No capitalismo se produz antes de tudo mercadorias. A mercadoria não é um produto qualquer, mas um produto que se destina ao mercado.
Um produto não é uma mercadoria, desde que seja feito para atender à própria necessidade.
O capitalismo tende a transformar tudo em mercadoria (educação, cultura, arte, relacionamentos descartáveis, etc), assim como o Rei Midas transformava tudo em ouro.
Midas era um rei grego que, certa vez, acolheu o pai de Baco, um velho bêbado que havia entrado em seu reino. Midas lhe reconheceu e o levou de volta a Baco, que agradecido, disse a Midas que pudesse fazer qualquer pedido.
Ganancioso, Midas pensou em inúmeras riquezas, jóias, etc. Mas lhe veio a ideia “genial” de que tudo o que ele tocasse se transformasse em ouro. Baco disse que era não era boa ideia, mas Midas insistiu e Baco atendeu. Midas agradeceu e foi dar um abraço em Baco, que se afastou e foi embora apenas acenando de longe.
Ao chegar em casa Midas tentou comer, mas a comida se transformavam em ouro na sua boca. Quando sua esposa chegou contou-lhe orgulhosamente que agora era o rei mais poderoso da terra, e pediu-lhe um abraço. Sem desconfiar de nada, a esposa lhe abraçou e imediatamente se transformou em ouro.
Midas percebeu então a sua miséria.
Depois aparece seu cunhado, que veio lhe pedir dinheiro emprestado, como sempre. Midas tocou em seu ombro, que se tranformou em ouro, e lhe disse: nunca mais vai precisar pedir nada. Então seu cunhado saiu contente e foi se vender.
Midas tentou beber água, que desceu por sua garganta como um líquido quente e espesso, e caiu como chumbo em seu estômago. Ele se ajoelhou, invocou a Baco e pediu que desfizesse seu pedido.
2) Monopolização dos meios de produção pela classe capitalista
Os meios de produção são propriedade de uma classe pouco numerosa. As fábricas, as terras, as máquinas, etc, pertencem à classe dos capitalistas.
De outro lado, uma classe muito numerosa não tem nenhum meio de produção, e é obrigada a vender sua força de trabalho para essa classe que a explora.
3) Trabalho assalariado
Antigamente, no sistema escravista, o homem era vendido por inteiro. Seu corpo, sua carne, seu sangue, enfim, sua própria pessoa era vendida.
Em Roma o escravo era uma simples coisa. Os meios de produção eram divididos em “instrumentos de trabalho mudos” (as coisas, o arado, a carroça, etc), “instrumentos de trabalhos semi-mudos” (os animais de carga, carneiros, vacas, bois, etc) e “instrumentos falantes” (os escravos, os homens).
No capitalismo o que é vendido é a força de trabalho. O operário assalariado, pessoalmente, é livre; o fabricante não pode espancá-lo nem vendê-lo ao vizinho, nem trocá-lo por um cão de caça como acontecia no tempo da servidão.
O operário estaria supostamente em “pé de igualdade”: “Se não quiseres, não trabalhes, ninguém te obriga a trabalhar.”
Mas no capitalismo a escravidão não é tão aparente por não ser “política” ou jurídica, como era na servidão. Não existe um “contrato” ou nenhuma lei que afirme isso. A escravidão é econômica.
Rosa Luxemburgo afirma que nas sociedades anteriores o antagonismo de classes encontrava expressão em relações jurídicas bem determinadas, mas hoje a situação é bem diversa. O proletariado não é obrigado por nenhuma lei a submeter-se ao jugo do capital. Ele é obrigado a tal através da miséria, pela falta de meios de produção.
Eles são acorrentados ao capital pela fome.
4) Anarquia da produção
Cada fabricante produz não para outros produtores, mas para o mercado. Ele simplesmente não sabe quem lhe comprará a mercadoria. Mas mesmo assim, os homens trabalham uns para os outros.
5) Exploração da força de trabalho
Por que os fabricantes contratam os operários? Não é porque desejam sustentar os operários esfomeados, mas sim porque querem tirar lucro deles.
Não se produz para satisfazer necessidades, mas para obter lucros. É o desejo do lucro junto com a anarquia da produção. Muitos capitalistas dedicam sua vida à fabricação de aguardente, por exemplo, que é socialmente prejudicial. Mas por que muitos capitalistas investem nisso? Porque é possível lucrar com a embriaguez do povo.
6) Principais contradições do sistema capitalista
Alguns conceitos da Economia Marxista
Valor
Mais-valia
Mercadoria
Força de trabalho
Salário
· Como se determina o salário? “... o valor da força de trabalho é determinado pelo valor dos artigos de primeira necessidade exigidos para produzir, desenvolver, manter e perpetuar a força de trabalho.” (Marx)
· “É a parte mínima indispensável do produto, tanto quanto o trabalhador precisa para subsistir como trabalhador, não como homem, e para originar a classe aprisionada dos trabalhadores, não a humanidade.” (Marx)
· “Assim como um cavalo, [o trabalhador] deve receber somente o que precisa para ser capaz de trabalhar. A economia política não se ocupa dele no seu tempo livre como homem, mas deixa este aspecto para o direito penal, os médicos, a religião, as tabelas estatísticas, a política e o funcionário de manicômio”. (Marx)
· Os preços do trabalho são mais constantes que os preços dos meios de subsistência.
· Característica interessante do salário:
No sistema de trabalho assalariado, até o trabalho não pago parece trabalho pago. No sistema de escravidão, até o trabalho pago parece ser trabalho não pago.
Parte do trabalho do escravo era necessário para cobrir os custos de sua própria moradia, alimentação, saúde, etc. Mas esse aspecto é obscurecido, e parece que o escravo não recebia nada pelo que fazia.
No capitalismo tem-se a impressão de que todo o trabalho do operário lhe é retornado em forma de salário, mas isso é uma grande ilusão.
Capital
terça-feira, 14 de dezembro de 2010 um 14:38 0 Kommentare Labels: América Latina, Religião, Socialismo
À medida que cresce o prestígio de Stálin na atual Rússia, a burguesia intensifica sua sórdida campanha caluniadora.
A Duma apreciou hoje (26/11) um rascunho de pronunciamento para considerar o massacre de Katyn como um "crime stalinista". (Veja a notícia em http://english.ruvr.ru/2010/11/26/35659127.html)
Por outro lado, a atual edição da revista Northstar Compass (nº 10, Nov\2010) informa que um canal de televisão de Moscou conduziu a seguinte pesquisa:
Quem é Stálin para você?
65% - um herói e um gerente muito eficiente
35% - um criminoso
À medida que o tempo passa, os resultados de tais pesquisas na Rússia tem se mostrado cada vez mais pró-Stálin, a despeito da intensa propaganda difamadora do grande líder, interna e externa.
Durante o período eleitoral foi muito comum o ataque dos candidatos da extrema direita à candidata do PT, Dilma Rousseff, chamando-a de terrorista. Usaram este termo referindo-se ao período em que Dilma participou de movimentos da esquerda armada contra a ditadura militar.
Não foi a primeira vez (e não será a última) que a direita dá o nome de terrorista a alguém que pega em armas para defender seu país. Na verdade, mais do que apenas caluniar através da mídia, a direita tenta transformar movimentos armados em terroristas, corrompendo elementos e manipulando as informações. É o que aconteceu com o Partido Panteras Negras, movimento armado em defesa dos negros nos EUA nos anos 1960, que foi difamado pelo governo, que infiltrou drogas e traficantes nas comunidades negras. Também é o que acontece hoje com as Farc, movimento revolucionário da Colômbia, ao qual a mídia atribui várias ações terroristas de traficantes e do próprio governo. Recentemente, a revista Veja chamou até o grande revolucionário Che Guevara de terrorista.
Mas antes de aceitarmos que os jovens que lutaram contra a ditadura militar - ditadura que censurou a imprensa e a educação, que mais que duplicou nossa dívida externa e nossa dependência dos EUA, que impôs o medo a tantos brasileiros, que impedia a livre expressão e atuação política, que freou os avanços sociais do Governo Jango e acabou com as reformas de base fortalecendo a desigualdade social no Brasil - é importante lembrarmos o papel da luta armada em toda a história do Brasil.
A história do Brasil é a história da resistência do povo brasileiro. Na época da colônia foram as revoltas dos índios contra a exploração portuguesa e até de outros países da Europa que vigoraram. Como a Confederação dos Tamoios (1555-1567), a Guerra dos Aimorés, na Bahia (1555-1673), e a Guerra dos Potiguares, na Paraíba e no Rio Grande do Norte (1586-1599). Depois começaram as resistências às Entradas e Bandeiras, expedições bandeirantes e bugreiras de exploração e captura de indígenas no interior do Brasil, que duraram até o século 17.
Por não conseguirem dominar a maioria dos índios e adequá-los à escravidão, os portugueses trazem mais escravos da África. Quase imediatamente começam a existir os quilombos e, finalmente, acontece a Guerra dos Palmares. Os quilombos foram formados no Brasil até o século 18 e ainda hoje existem diversas comunidades negras e quilombolas no país.
Durante quatro anos, de 1617 a 1621, ocorreu o levante dos tupinambás, numa brava resistência aos portugueses que abrangeu o Estado do Espírito Santo e a Bahia, e, na mesma época, a primeira Insurreição Pernambucana, a Guerra da Luz Divina. Em São Paulo houve a Revolta de Amador Bueno, insurreição popular de 1641. Em 1666, o Motim do Nosso Pai, em Pernambuco, e a Revolução de Beckman, ou revolta de comerciantes no Maranhão, de 1684 a 1685. E continuam as revoltas indígenas com a Confederação dos Cariris, na Paraíba e no Ceará (1686-1692), e com a Guerrilha dos Muras, já no século 18. Teve também a Guerra dos Emboabas entre bandeirantes e mineiros, em São Paulo e Minas Gerais, no início de 1700.
E aí se iniciam as revoltas contra as altas taxas e impostos, como a Revolta do Sal, em Santos (1710), a Guerra dos Mascates entre comerciantes e canavieiros, em Pernambuco (1710-1711), os Motins do Maneta, sublevações ocorridas em Salvador contra o monopólio do sal e aumento de impostos (1711), e a Revolta de Felipe dos Santos, revolta de mineradores contra a política fiscal em Minas Gerais (1720).
Com a ampliação do controle português sobre o território brasileiro, continua a resistência indígena, desta vez no Amazonas, a Guerra dos Manaus (1723-1728), e a Resistência Guaicuru, no Mato Grosso do Sul (1725-1744). E até os jesuítas se unem aos índios catequizados em luta contra Portugal e Espanha na Guerra Guaranítica no Sul (1751-1757).
Até que chegamos às revoltas pela independência do Brasil: a famosa Inconfidência Mineira republicana (1789), a Conjuração Carioca (1794-1795) e a Conjuração Baiana ou Revolução dos Alfaiates (1798), revolta independentista e abolicionista, a única das três que não foi abortada. E, já no século 19, a Conspiração dos Suassunas, em Pernambuco (1801), onde também se deu a Revolução Pernambucana, em 1817, a Revolução Liberal de 1821, na Bahia e no Pará, a Independência da Bahia (1821-1823) e finalmente a guerra da independência do Brasil contra militares legalistas portugueses, que abrangeu Bahia, Piauí, Maranhão e Pará (1822-1823).
Com o Império, novas revoltas: a Confederação do Equador, revolta separatista no Nordeste (1823-1824), a Revolta dos Mercenários, contra o Império do Brasil no Rio de Janeiro (1828), onde também ocorreu a Noite das Garrafadas, insurreição popular e confronto entre brasileiros e portugueses, em abril de 1831, e a famosa Cabanada, insurreição popular na província de Pernambuco.
Aí volta, cada vez mais forte, o desejo pela república, como na Federação do Guanais, na Bahia (1832), e a Rusga, que foi uma revolta entre conservadores (que queriam manter o Império) e republicanos, no Mato Grosso (1834). Houve a também famosa Cabanagem, insurreição popular no Pará (1834-1840), a Revolta dos Malês, na Bahia (1835), a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul (1835-1845), a Sabinada, insurreição popular na Bahia (1837-1838), a Balaiada, insurreição popular no Maranhão (1838-1841) e as Revoltas Liberais de São Paulo e Minas Gerais (1842) e a Revolta dos Lisos, em Alagoas (1844).
Em Pernambuco, houve o Motim do Fecha-Fecha (1844), o Motim do Mata-Mata (1847-1848) e a Insurreição Praieira, revolta socialista, de 1848 a 1850. A Revolta do Ronco de Abelha, no Nordeste (1851-1854), o Levante dos Marimbondo, em Pernambuco (1852), a Revolta da Fazenda Ibicaba, em São Paulo (1857), o Motim da Carne sem Osso, insurreição popular na Bahia (1858), a Revolta dos Muckers, insurreição popular-messiânica no Rio Grande do Sul (1868-1874), a Revolta do Quebra-Quilos, insurreição popular no Nordeste (1874-1875), a Guerra das Mulheres - uma insurreição popular no Nordeste (1875-1876) que mostra que as mulheres nunca foram passivas na história - a Revolta do Vintém, insurreição popular no Rio de Janeiro (1880) e Curitiba (1883), e, finalmente, a Proclamação da República, em 1889.
Quando os poderosos no Brasil veem que não vão conseguir parar as revoltas populares, eles vão e fazem algumas concessões ao povo sem perder o poder, mas com isso as revoltas não param, pois o povo quer uma mudança real que beneficie a todos e transforme a sociedade. Durante a República, teve a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul (1893-1894), a República de Cunani, insurreição popular-separatista no Amapá (1895-1900), e a famosa Guerra de Canudos, insurreição popular-messiânica na Bahia (1896-1897).
Já no século 20, houve a Revolução Acreana, insurreição popular-separatista no Acre (1900-1903), a Revolta da Vacina, insurreição popular no Rio de Janeiro (1903), a Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro (1910), a Guerra do Contestado, insurreição popular-messiânica em Santa Catarina e Paraná (1912-1916), a Sedição de Juazeiro, insurreição política no Ceará (1914), a Revolta dos 18 do Forte no Rio de Janeiro (1922) e, finalmente, a Coluna Prestes, insurreição militar de fama internacional (1923-1925) que aderiu à Revolta Paulista de 1924.
Por conta desses movimentos (o último deles com forte influência socialista), o governo pensou: "Façamos a revolução antes que o povo a faça." E aí veio a Revolução de 1930, golpe de Estado civil-militar, e a Revolução Constitucionalista de 1932, revolta político-militar e guerra civil em São Paulo, e, finalmente, a insurreição comunista no Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte (1935). Até na Segunda Guerra Mundial houve mais de 23 mil soldados brasileiros lutando para derrotar o nazismo.
Em 1964, acontece o Golpe Militar fascista, patrocinado pela burguesia nacional e apoiado pelos EUA, para deter os avanços que o povo vinha conseguindo depois de tanto sangue derramado para cada vitória do povo. E, como nunca faltaram à luta contra as injustiças, filhos do povo brasileiro novamente se armaram na cidade e no campo contra esse novo inimigo do avanço da luta popular, o Governo Ditatorial.
A luta armada e as guerrilhas urbanas e rurais de 1965 a 1972, foram terrivelmente reprimidas pelo regime militar, com requintes de crueldade e desumanidade. Inúmeros filhos do nosso povo foram barbaramente torturados e assassinados. Mas a luta não parou e por isso, hoje, temos nossa "liberdade democrática" que garante, por exemplo, a publicação do jornal A Verdade e a existência do PCR, também como fruto dessa luta armada e de outras lutas que vieram depois.
É claro que ainda há muito por que lutar, e, até hoje, filhos do povo são assassinados pela polícia fascista na luta por moradia e terra no país. Mas a luta não vai parar. A polícia pode nos chamar de terroristas, mas somos o povo brasileiro e lutaremos, se for preciso com armas na mão, até que toda desigualdade e exploração seja banida. Lutaremos até a construção da sociedade socialista.
terça-feira, 19 de outubro de 2010 um 12:53 160 Kommentare Labels: América Latina, Capitalismo, Socialismo, URSS