Documentário sobre a Coreia do Norte - "Um dia na Coreia do Norte"

O documentário Um dia na Coreia do Norte (North Korea - A day in the life) nos mostra um pouco como é a vida cotidiana dos trabalhadores, estudantes e crianças neste país socialista, o qual sofre um bloqueio não apenas econômico por partes das potências imperialistas, mas também e principalmente midiático.

Como todo e qualquer documentário é um recorte da realidade, a princípio não se sabe o que este em particular escolheu retratar - se aquilo que a Coreia do Norte tem de melhor ou de pior dentro dos temas abordados. Mas, de forma geral, haja vista a grande dificuldade de se conseguir informações confiáveis sobre o país, ele já é de alguma ajuda no furo ao cerco dos grandes monopólios de comunicação.

Logo no início desconfiei do caráter do documentário por ter uma tonalidade um tanto quanto cinzenta. No entanto, mais à frente vi que isso admite duas explicações: primeiro é que as filmagens foram feitas no período de inverno, e em segundo lugar, a Coreia do Norte realmente passa por grandes problemas em relação a energia elétrica causados pelo cerco imperialista.

Logo no início o filme nos mostra uma família fazendo sua refeição, notadamente bem balanceada e variada com ovos, carnes, vegetais, panquecas e outras comidas típicas. Após isso passamos rapidamente por algumas escolas, tanto de crianças quanto de adultos. Na escola para adultos, que vemos repetidas vezes durante a película, os jovens alunos estão tendo aulas de inglês num ambiente bem descontraído.

Grande parte do documentário se passa numa fábrica têxtil, na qual presenciamos uma queda de energia. A organização do trabalho é fantástica, assim como o empenho para aumentar a produção. Numa reunião de trabalho vemos as lideranças discutindo e trocando ideias sobre como melhorar e aumentar a produção, e vemos claramente o método de trabalho socialista em ação, com uma trabalhadora fazendo autocrítica por não cuidar adequadamente dos equipamentos e não treinar os trabalhadores suficientemente.

Outro aspecto que fica claro no filme é a militarização presente em quase todos os ambientes mostrados (pôsteres e quadros militares nas ruas, fábricas, escolas, etc) e o grande ressentimento em relação aos EUA.

Mais para o final do filme um senhor se orgulha de ensinar canções populares anti-imperialistas à sua neta, a qual clama por "morte aos cães americanos". Ele então conta sua história: quando criança sua escola foi bombardeada por 12 aviões, destruindo metade dela e matando vários de seus amigos. Exatamente no mesmo dia desse desastre sua casa também foi bombardeada pelos americanos, matando seu pai e seu irmão mais velho, deixando ele e sua mãe no desamparo e muito abalados. Então ele teve que ir à guerra contra os imperialistas, e hoje conta essas histórias à sua neta e à sua família.

O documentário deixa a desejar em muitos aspectos, pois mostra muito pouco sobre praticamente qualquer coisa. Não diz nada, por exemplo, sobre o sistema de saúde, educação, transporte, etc. Sem narração -  mostra apenas as cenas e os diálogos reais in loco - mostra imagens das fábricas e escolas, mas não explica muita coisa. Não temos números, índices ou estatísticas sobre nada. Vemos o metrô, por exemplo, mas não sabemos se é o único do país ou um entre mil.

O filme também é curto, tendo apenas 48 minutos de duração. No entanto, como já afirmamos no início, vale apena assistir devido à escassez de informações sobre este país que é tão caluniado e difamado pela mídia burguesa. E devemos sempre prestar bastante atenção a tudo aquilo que a mídia burguesa critica demais. Os inimigos dos nossos inimigos, quando não são nossos amigos, são muitas vezes pelo menos nossos aliados.







3 Kommentare:

  AF Sturt Silva

19 de fevereiro de 2012 às 14:46

Não tem on line não?

  Glauber Ataide

19 de fevereiro de 2012 às 16:39

Sturt, não procurei. Eu baixei em AVI mesmo.

  Eduardo Vasco

21 de fevereiro de 2012 às 10:56

Tem um programa no National Geographic, com dois caras que vão a diversos lugares do mundo. Em um episódio eles vão à Coreia do Norte e mostram algumas coisas da vida lá, principalmente as escolas, muito legal. E o mais incrível é que, em nenhum momento (pelo que me lembro), eles criticam ou falam o que estamos acostumados a ouvir sobre a Coreia do Norte. Eu gostei bastante, ainda porque, na mesma semana, o National Geographic havia mostrado um documentário asqueroso, metendo o pau no país, por meio de cinegrafistas espiões, mas que, se você deixasse no mudo, sem ouvir as besteiras que falavam, veria um universo completamente diferente, o que mostra a força das palavras.