Protestos nos EUA destroem mitos sobre a juventude e os trabalhadores americanos

Por uma semana inteira, trabalhadores e estudantes do estado de Wisconsin fizeram uma onda de protestos na Assembléia Legislativa em Madison. A revolta foi centralizada pela ocupação do prédio da assembléia, com vários comícios e marchas na região.


A principal exigência do movimento é impedir os ataques do governo direitista de Scott Walker e seus empresários apoiadores. Os cortes contra professores, enfermeiros e empregados de outros setores públicos iriam privá-los de vários direitos e reduzir drasticamente os salários e benefícios. Menos de um terço da população aprova as medidas do governo.

No dia 19 de fevereiro, mais de 100 mil pessoas saíram às ruas de Madison para o protesto. A luta em curso mostra que os trabalhadores e os estudantes tem o poder de se unir e lutar por mudanças reais. Abaixo estão alguns mitos que foram desmascarados por essa luta histórica de Wisconsin.

Mito: A juventude e os estudantes estão muito alienados para se preocupar com política.

Verdade: A juventude e os estudantes são o ponto vital de todo movimento, e sua energia política e inovação moldam toda luta da classe trabalhadora.

Os fatos: Os estudantes fecharam quase todas as escolas de Madison em solidariedade aos sindicatos. Por vários dias, milhares de estudantes marcharam de suas escolas ao prédio da assembléia. Um estudante de 14 anos disse: "Nós saímos da escola para fazer a coisa certa - defender nossos professores dos ataques do governo."

A ocupação da Assembléia de Wisconsin está sendo realizada por estudantes, que ficam cantando por horas, fazendo discursos no meio da Assembléia e ajudando a liderar os protestos. Universitários de outras partes do estado tem utilizado as mídias sociais para espalhar a notícia.

Algumas paredes do prédio da assembléia estão cheios de slogans progressistas, pró-sindicatos e anti-Walker, a maioria deles escritos à mão. No dia 20 de fevereiro a polícia interviu e removeu as placas e as faixas.

Mito: Consciência de classe e unidade dos trabalhadores americanos é coisa do passado.

Verdade: A consciência de classe emerge novamente como resultado da crise econômica do capitalismo e da guerra da classe capitalista contra os trabalhadores.

Os fatos: Pelos cartazes nos protestos de massa em Madison, é fácil ver que os trabalhadores de Wisconsin veem o ataque sobre os trabalhadores do setor público como um ataque sobre toda a classe trabalhadora.

Membros do PSL (Partido do Socialismo e da Libertação) conversaram com milhares de trabalhadores nos protestos, e notaram que a maioria tinha bem claro o fato que Wall Street e os bilionários estão a caminho da guerra contra a classe trabalhadora e que a união para a luta é a única solução.

Mito: Os trabalhadores dos EUA nunca se preocuparão com atividade política de massa.

Verdade: Uma luta de massas, como a batalha dos trabalhadores de Wisconsin, enfatiza o fato que os trabalhadores podem e efetivamente entendem de política e são os primeiros a se incorporar em atividade política de massa.

Os fatos: Descendo pela Rua State, uma rua movimentada que leva à assembléia, pensava-se que os muitos trabalhadores reunidos do lado de fora dos restaurantes aguardavam para comer. Errado. Os alto-falantes dos restaurantes estavam noticiando as últimas novidades. No meio do dia, trabalhadores dos EUA estavam parados no meio da rua do lado de fora da assembléia, ansiosamente tentando ouvir as notícias sobre o progresso da luta contra o governo.

Mito: Alguns trabalhadores americanos não são da "classe trabalhadora".

Verdade: Todas as pessoas que vão ao trabalho todos os dias e recebem um salário por seu trabalho são parte da classe trabalhadora. A necessidade de luta sob o sistema capitalista une todos os trabalhadores - neste momento podemos ver nosso poder como uma classe. Os trabalhadores nas ruas de Madison são pró-sindicatos e anti-Tea Party, não anti-classe trabalhadora.

Os fatos: Professores, enfermeiros e outros empregados públicos, representantes de todos os trabalhadores sindicalizados ou não, alguns dos quais se consideram "classe média", todos estão entusiasticamente se juntando aos protestos nas ruas, ocupando os principais prédios do governo para derrotar este ataque sobre a classe trabalhadora.

Eles estão marchando por horas, fazendo coro contra as medidas do governo e cantando juntos sobre direitos civis e canções trabalhistas. O alto nível de solidariedade dos protestos é muito claro.

Todos os setores da classe trabalhadora estão presentes nas ações de rua em Madison, e a maioria da cidade está com os trabalhadores. Cartazes nas janelas em regiões comerciais apoiam os trabalhadores.

É extremamente alta a hostilidade contra a Fox News, financiada por bilionários e pelos racistas do Tea Party. Os protestos de 19 de fevereiro foram incentivados pela notícia que o Tea Party também faria um protesto dando apoio às medidas do governo de Walker. Muitos cartazes conclamaram os trabalhadores a rejeitarem o Tea Party.

Trabalhadores em Ohio, que enfrentam situação semelhante, também entraram em ação na assembléia do estado em Columbus. Protestos de solidariedade também aconteceram em Chicago, Minneapolis, New York e em outras cidades.

Mito: Os trabalhadores nunca se levantarão para desafiar os ricos e poderosos.

Verdade: Os trabalhadores de Wisconsin estão se erguendo e mantendo a luta para derrubar a campanha da classe dominante para falir os setores públicos. Uma luta mais ampla contra o capitalismo não é apenas possível, é inevitável.

Os fatos: A cada dia os protestos de Wisconsin tem se tornado maiores e mais militantes. Em 19 de fevereiro as massas de Wisconsin e de todo o Midwest tomaram a assembléia por mais de sete horas. E novos protestos estão planejados.

Juntamente com uma importante organização do sindicato, a luta de Wisconsin está sendo dirigida por um genuíno levantamento de trabalhadores e estudantes.

Mito: Trabalhadores americanos nunca lutarão junto com trabalhadores de outros países.

Verdade: Luta em comum e solidariedade entre trabalhadores de diferentes países é possível porque eles enfrentam situações similares num mundo dominado pelo imperialismo norte-americano e por um punhado de bilionários.

Os fatos: Uma parte significante dos cartazes feitos à mão nos protestos faziam referência à revolução egípcia. Conversando com os estudantes e os trabalhadores no local, ficou claro que o exemplo do Egito está em suas mentes. Ele teve um impacto material na luta de Wisconsin.

Vídeo do protesto:


Tradução e adaptação de Glauber Ataide. Original em www.pslweb.org.

Privatização total na Inglaterra

Agora que o socialismo não é mais uma "ameaça" tão imediata quanto na época da URSS, o tal do estado de bem-estar social, até então considerado intocável nesta parte da Europa, está sendo completamente desmantelado.

A Inglaterra está entrando num processo de privatização de todos os seus serviços públicos, com o discurso de que tem que acabar com o monopólio estatal desses serviços e melhorá-los para a população, "reduzindo a burocracia", "economizando" e (pasmem!) acabando com uma era de serviços retrógrados (!!!). Ao que planejam fazer deram o nome de "Great Society".

Agora empresas privadas poderão administrar escolas, hospitais, rodovias, parques, etc. Os detalhes da privatização ainda não foram divulgados. Partidos de oposição (Labour Party) e sindicatos protestam.

Mais um episódio da novela "Os trabalhadores pagam pela crise do capital", reprisado no "É doloroso ver de novo."

Fonte: aqui


Perfil mundial e latino-americano

A Universidade de Bergen, na Noruega, desenvolve um Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza. Suas análises, como observa o cientista social Atílio A. Boron, da Argentina, têm desmoralizado o discurso oficial elaborado, nos últimos trinta anos, pelo Banco Mundial, e reproduzido incansavelmente pelos grandes meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e intelectuais.

Hoje, habitam o planeta 6,8 bilhões de pessoas. Das quais, 1,2 bilhão são desnutridos crônicos (FAO, 2009); 2 bilhões não têm acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov); 884 milhões vivem sem água potável (OMS/UNICEF, 2008); 924 milhões estão sem teto ou se abrigam em moradias precárias (ONU Habitat, 2003); 1,6 bilhão não dispõem de eletricidade (ONU, Habitat, Urban Energy); 2,5 bilhões não contam com saneamento básico (OMS/UNICEF, 2008); 774 milhões de adultos são analfabetos (www.uis.unesco.org ); 18 milhões morrem, por ano, devido à pobreza, a maioria crianças com menos de 5 anos (OMS); 218 milhões de jovens, entre 5 e 17 anos, trabalham em regime de semiescravidão (OIT: La eliminación del trabajo infantil: un objetivo a nuestro alcance, 2006)

Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população tiveram sua participação na renda mundial reduzida de 1,16% para 0,92%. A parcela 10% mais rica, que antes dispunha de 64,7% da riqueza mundial, ampliou sua fortuna, passou a dispor de 71,1%. O enriquecimento de uns poucos tem, como contrapartida, o empobrecimento de muitos, alerta Boron.

Apenas este aumento de 6,4% da fortuna dos mais ricos seria suficiente para duplicar a renda de 70% da população mundial! O que significaria salvar milhares de vidas e reduzir a penúria e o sofrimento dos mais pobres. Boron enfatiza: tal benefício se obteria tão somente redistribuindo os ganhos adicionais, entre 1988 e 2002, dos 10% mais ricos da população mundial, sem tirar um centavo de suas exorbitantes fortunas. Infelizmente tal medida soa inaceitavelmente odiosa para as classes dominantes do capitalismo mundial.

Eis a conclusão de Boron a partir dos dados da universidade norueguesa: "Se não se combate a pobreza (nem se fala em erradicá-la sob o capitalismo) é porque o sistema obedece a uma lógica implacável centrada na obtenção do lucro, na concentração de riqueza e no aumento incessante da pobreza e da desigualdade econômico-social."

Se 2/3 da humanidade vivem, segundo a ONU, abaixo da linha da pobreza (= renda mensal inferior a US$ 60), não se pode considerar o capitalismo um sistema exitoso. Como o socialismo do Leste europeu, ele também fracassou. A diferença é que fracassou para a maioria da população mundial. E entre aqueles que celebram equivocadamente sua vitória -para eles, bem entendido-, a maioria não se dá conta de que o capitalismo causa desagregação social, destruição do meio ambiente, corrupção política, crise moral e incremento de conflitos bélicos.

Na América Latina, em fins de maio a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, vinculada à ONU) alertou para a dilatação dos níveis de desigualdade social. Embora o PIB continental possa crescer cerca de 4% este ano, há muita disparidade no interior dos países. No Brasil, por exemplo, Brasília é nove vezes mais rica do que o Piauí. No Peru, a região andina de Huancavelica é sete vezes mais pobre do que a parte costeira de Moquegua, no sul.

Há "territórios vencedores e perdedores", afirmou a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, na apresentação do informe. O desafio é "crescer para igualar", e o Estado deve cumprir um papel mais ativo nesse sentido, e não deixar a tarefa para o mercado, propôs Bárcena.

As nações com maiores desigualdades são Bolívia, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Paraguai, Peru e República Dominicana, que, no biênio 2007/8, investiram, em média, apenas US$ 181 por pessoa em políticas sociais. Brasil, Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá e Uruguai investiram, em média, US$ 1.029 naquele mesmo período. Esse bloco ostenta o maior PIB por pessoa na América Latina. A meio caminho estão Colômbia, México e Venezuela, com investimento médio de US$ 619.

O acesso à educação é um funil perverso. Entre jovens mais pobres, apenas 1 em cada 5 conclui o ensino médio. Entre os mais ricos, 4 em cada 5 o concluem.

Segundo a Cepal, para reduzir essa iniquidade, os países com menor gasto social teriam que investir entre 6% e 9% do PIB para assegurar cesta básica mensal à sua população menor de 5 anos, ao grupo com idade acima dos 65 e aos desempregados. No caso das crianças entre 5 e 14 anos, o cálculo se baseia na metade da cesta. O custo para as nações com maior gasto social oscilaria entre 1% e 1,5% do PIB e, para os países intermediários, entre 2% e 4%.

Apesar desses desafios, a Cepal reconhece um significativo aumento do gasto social global na América Latina: entre 1990 e 2008, passou de 12% para 18%. Houve também queda da pobreza regional: entre 2002 e 2008, baixou de 44% para 33%. No entanto, considera tais avanços insuficientes. O gasto social precisa aumentar ainda mais, sobretudo agora que o impacto da crise mundial provoca perda do poder aquisitivo das famílias e arrasta 9 milhões de pessoas para a pobreza.

Frei Betto *

[Autor de "Diário de Fernando - nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter: @freibetto
Copyright 2010 - FREI BETTO - Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato - MHPAL - Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].

* Escritor e assessor de movimentos sociais

Stalin combate o culto à personalidade

Esta pequena carta é um exemplo de como o camarada Stalin combatia o chamado "culto à personalidade", mostrando, assim, que todo o prestígio que ele tinha entre o povo era sincero e espontâneo, e não algo promovido por ele.

Carta sobre publicações para crianças, dirigida ao Comitê Central da Juventude Comunista de Toda a União

16 de fevereiro de 1938

Sou absolutamente contra a publicação de "Histórias da infância de Stalin".

O livro abunda de inexatidões de fatos, de alterações, de exageros e louvores imerecidos. Alguns escritores amadores, escrevinhadores (talvez honestos escrevinhadores) e alguns aduladores levaram o autor a perder-se. É uma vergonha para o autor, mas um fato permanece um fato.

Mas isso não é o mais importante. O mais importante reside no fato de que o livro tem uma tendência de gravar nas mentes das crianças soviéticas (e do povo em geral) o culto à personalidade de líderes, de heróis infalíveis. Isso é perigoso e prejudicial. A teoria dos "heróis" e da "multidão" não é Bolchevique, mas uma teoria Social-Revolucionária. Os heróis fazem o povo, tranformam a multidão em povo, assim dizem os Social-Revolucionários. O povo faz os heróis, assim respondem os Bolcheviques aos Social-Revolucionários. O livro joga água no moinho dos Social-Revolucionários. Não interessa que livro traga água ao moinho dos Social-Revolucionários, este livro será afogado na nossa causa comum Bolchevique.

Eu sugiro que este livro seja queimado.

J. Stalin

Voprosy Istorii No. 11, 1953 J. STALIN (Questions of History)
Se encontra no Volume XIV das Obras Completas de J. Stalin.
Tradução de Glauber Ataide


Poema e música em homenagem a Stalin

O vídeo abaixo é de uma canção baseada na parte II do poema, também abaixo, de Rafael Alberti, que o compôs em 9 de março de 1953, por ocasião da morte de Stalin.



Redoble lento por la muerte de Stalin

I

Por encima del mar, sobre las cordilleras,
a través de los valles, los bosques y los ríos,
por sobre los oasis y arenales desérticos,
por sobre los callados horizontes sin límites
y las deshabitadas regiones de las nieves
va pasando la voz, nos va llegando
tristemente la voz que nos lo anuncia.

José Stalin ha muerto.

A través de las calles y las plazas de los
grandes poblados,
por los anchos caminos generales y
perdidos senderos,
por sobre las atónitas aldeas, asombradas campiñas,
planicies solitarias, subterráneos
corredores mineros, olvidadas
islas y golpeados litorales desnudos
va pasando la voz, nos va llegando
tristemente la voz que nos lo anuncia.

José Stalin ha muerto.

Va cruzando las horas oscuras de la
noche,
la madrugada, el día, los extensos
crepúsculos,
todo lo austral y nórdico que
comprende la tierra,
y no hay razas, no hay pueblos, no hay rincones,
no hay partículas mínimas del mundo
en donde no penetre la voz que va llegando,
la voz que tristemente nos lo anuncia.

José Stalin ha muerto.

II

(A dos voces)
1. Padre y maestro y camarada:
quiero llorar, quiero cantar.
Que el agua clara me ilumine,
que tu alma clara me ilumine
en esta noche en que te vas.

2. Se ha detenido un corazón.
Se ha detenido un pensamiento.
Un árbol grande se ha doblado.
Un árbol grande se ha callado.
Mas ya se escucha en el silencio.

1. Padre y maestro y camarada:
solo parece que está el mar.
Pero las olas se levantan,
pero en las olas te levantas
y riges ya en la inmensidad.

2. Cerró los ojos la firmeza,
la hoja más limpia del acero.
Sobre su tierra se ha dormido.
Sobre la Tierra se ha dormido.
Mas ya se yergue en el silencio.

1. Padre y maestro y camarada:
vuela en lo oscuro un gavilán.
Pero en tu barca una paloma,
pero en tu mano una paloma
se abre a los cielos de la paz.

2. Callan los yunques y martillos.
El campo calla y calla el viento.
Mudo su pueblo le da vela.
Mudos sus pueblos le dan vela.
Mas ya camina en el siencio.

1. Padre y maestro y camarada:
fuertes nos dejas, Mariscal.
Como en las puntas de la estrella,
como en las puntas de tu estrella
arde en nosotros la unidad.

2. Vence el amor en este día.
El odio ladra prisionero.
La oscuridad cierra los brazos.
La eternidad abre los brazos.
Y escribe un nombre en el silencio.

III

No ha muerto Stalin. No has muerto.
Que cada lágrima cante
tu recuerdo.
Que cada gemido cante
tu recuerdo.
Tu pueblo tiene tu forma,
su voz tu viril acento.

No has muerto.
Hablan por ti sus talleres,
el hombre y la mujer nuevos.
No has muerto.

Sus piedras llevan tu nombre,
sus construcciones tu sueño.
No has muerto.

No hay mares donde no habites,
ríos donde no estés dentro.
No has muerto.

Campos en donde tus manos
abiertas no se hayan puesto.
No has muerto.

Cielos por donde no cruce
como un sol tu pensamiento.
No has muerto.

No hay ciudad que no recuerde
tu nombre cuando era fuego.
No has muerto.

Laureles de Stalingrado
siempre dirán que no has muerto.
No has muerto.

Los niños en sus canciones
te cantarán que no has muerto.
Los niños pobres del mundo,
que no has muerto.

Y en las cárceles de España
y en sus más perdidos pueblos
dirán que no has muerto.

Y los esclavos hundidos,
los amarillos, los negros,
los más olvidados tristes,
los más rotos sin consuelo,
dirán que no has muerto.

La Tierra toda girando,
que no has muerto.
Lenin, junto a ti dormido,
también dirá que no has muerto.

Rafael ALBERTI
Buenos Aires, 9 marzo 1953