As FARC-EP não estão diminuindo, nem perdendo a guerra

Ótima reportagem sobre as FARC-EP, veiculada pela Al Jazeera. Diz que, ao contrário do que o governo colombiano afirma, as FARC-EP estão longe de estarem diminuindo ou perdendo a guerra. Mostra os guerrilheiros em ação, dando tiros com metralhadoras ao que se aproxima o exército colombiano, e entrevista alguns dos guerrilheiros. Está em inglês.



Fonte: Al Jazeera

A geração condenada da Grécia

Depois de um ano de austeridade, nós gregos vimos o nosso país e as nossas vidas ficarem irreconhecíveis.

Um ano depois de o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia terem imposto a sua própria agenda infame à Grécia, a vida aqui mudou radicalmente. Quem tem entre 18 e 24 anos de idade, o mais certo é estar desempregado como 40% da sua geração. Quem tem trinta e poucos anos e um emprego, é provável que seja em tempo parcial e flexível. É possível que não o imagine estável e não faz ideia do tempo que irá durar. Os salários caiem gradualmente, não se pode fazer greve, não podemos organizar de forma coletiva e nem sequer exigir que nos paguem. As férias estão fora de questão, adoecer é um risco demasiado grande e não é possível ter casa própria.

Os jovens gregos não podem fazer escolhas normais na vida: não podem planejar o presente, quanto mais o futuro. Mas dizem-lhes – e muitos sentem-no - que não se podem queixar. Afinal pertencem a uma geração condenada.

A maior parte dos gregos deixou de ver as notícias ou de pensar sobre a razão de isto estar acontecendo. Mas toda a gente fala entre si sobre o que se está se passando: amigos, filhos e pais, comerciantes, taxistas, professores - todos dizem que esta austeridade é desleal e injusta, mas também todos se sentem inseguros e receosos: ao fim e ao cabo não há nada que possam fazer. Esta nova realidade parece ter sido lançada sobre nós - quase como um fenómeno sobrenatural. Dizem-nos que arcamos com as culpas da crise porque "todos nós andamos na vadiagem e gastamos para além das nossas possibilidades" - mas os que sofrem mais sabem que não tiveram nada a ver com isto.

Ainda não se passaram 12 meses desde que esta crise começou, mas as pequenas histórias que ilustram a mudança estão sempre aparecendo: sem-abrigo a vasculhar os caixotes do lixo à procura de comida, amigos despedidos sem indemnização ou aceitando cortes salariais, a polícia reprimindo cidadãos em protesto, escolas e hospitais que fecham, professores e médicos que perdem o emprego, jornalistas censurados, sindicalistas perseguidos, ataques racistas no centro da cidade. Legalidade, maioria, democracia e igualdade começam a parecer palavras sem nexo.

De repente, as coisas que aconteceram há apenas um ano em lugares remotos, subdesenvolvidos – como para provar a sorte que tínhamos por pertencer à civilizada Europa – estão a acontecer agora, aqui, na Grécia. Mas os gregos não podem queixar-se, não podem reagir, porque lhes dizem que a culpa da crise é deles – mesmo quando toda a gente sabe que não pode ser apenas culpa deles.

Mas para além da cobertura mediática dominante e das declarações das elites e dos políticos, cada vez mais pessoas sentem a falta de sentido, de racionalidade, justiça e liberdade na sua vida cotidiana. Alguns recusam-se a pagar taxas sobre os transportes e nos hospitais, portagens e dívidas e outros criam pequenas redes de solidariedade locais, comércio alternativo ou auto-educação nos seus bairros. Alguns lêem blogues e contam histórias diferentes, reconfirmando a sua dignidade com actos humildes, diários, de resistência, porque sentem a diferença entre "nós" e "eles" que nenhum meio de comunicação social ou discurso estatal consegue obscurecer.

Um povo inteiro não pode viver no isolamento, sentindo medo e culpa por muito mais tempo, encarando um futuro cheio de problemas que não podem ser resolvidos. O que o FMI e os políticos gregos sabem e receiam é que um povo oprimido possa aprender a comunicar sem falar, a avançar sem parecer que se mexe, a resistir sem resistir - gradualmente as pessoas irão descobrir-se umas às outras e perceber o que se está a passar e de quem é realmente a culpa. E depois, como aconteceu em dezembro de 2008, haverá uma reacção em massa aqui na Grécia, uma reacção que poderá ser violenta e que irá uma vez mais ser classificada de imprevisível e irracional."

Testemunho de Hara Kouki, historiadora e investigadora grega.

(Texto publicado no "Guardian" e traduzido e transcrito no site "Controvérsia")



O advogado e o guerrilheiro das FARC-EP

Escrito por um prisioneiro de Guerra das FARC-EP.

Em 15 de outubro, às 04h30 da madrugada fui retirado da cela n º XX, pátio n º 3 do pavilhão de segurança máxima da Penitenciária Nacional "Palo Gordo". A razão: participar de uma diligência judicial na cidade de Bucaramanga, capital do estado de Santander.

Fui imediatamente algemado, não me permitiram nem escovar-me e fui conduzido pelo comandante de turno para a gaiola de encaminhamentos. Chegaram detentos dos pavilhões diferentes que, como eu, seriam levados para passarem por um processo judicial. Alguns cumprimentavam, outros simplesmente se agarravam à grade da cela, uma vez que é um direito do preso. Quando se está fora do seu território em meio a desconhecidos, é preciso ter cuidados para se defender. Após um tempo começam as histórias de lutas em diferentes pavilhões e as razões dos enfrentamentos, em sua maioria esmagados pela guarda que estava no hospital, enfermaria ou a prisão.

Um pelotão de guardas se fez presente, desnudos, pegam nossas roupas e fazem uma revista minuciosa, qualquer objeto que se leve nos bolsos é apreendido e se você reclamar o arrocho é extra. Logo nos algemaram, acorrentam as algemas, imobilizando as mãos. A corrente dá uma volta ao redor da cintura onde é fixado uma caixa que você carrega no meio das correntes, impedindo completamente qualquer movimento das mãos. Depois fomos para um veículo.

O carro começou a se mover e fomos saindo da imensa montanha de concretos, grades, bobinas e arames. De repente se abre um céu imensamente grande e de uma beleza indescritível, pois no cárcere apenas se observa um pedacinho dele, como do tamanho de uma lona bem pequena.

Permaneci olhando as profundezas infinitas tão cheias de transparência e aromatizadas com perfumes de opalas. No céu, observava nuvens brancas que eram adornadas com algumas estrelas que brilhavam com uma luz muito fraca fazendo- me ver muitas fugirem antes do ímpeto dos primeiros raios da aurora. Respirei todo o ar que pude com toda a força dos meus pulmões e por um instante me lembrei de todas aquelas paisagens, animais e cenários que se observa nas marchas da guerrilha.

A manhã foi se revelando como suspiros místicos e a natureza ia se banhando de uma cor chamativa e alegre como se estivesse sendo pintadas com aquarela. As árvores se mexiam harmoniosamente com o vento, parecia que dançavam ao céu firme e oponente. A respiração fluía dos meus pulmões como o manancial brota do chão que logo desliza em busca dos vales.

Meu desejo de contemplar cada detalhe das paisagens fez com que meus olhos voassem como estampidos de aves surpreendidas.

A brisa golpeava meu rosto, que alegria, enquanto eu aspirava a brisa o aroma de cálice daquelas paisagens. Assim estava fazendo talvez um poema, uma música, enquanto desejava roubar a paisagem, as árvores, toda a sua beleza.

Desejei imensamente ouvir os beijos e suspiros de cada brisa e cheirar aqueles perfumes errantes dos campos com suas árvores e flores.

Pouco a pouco fomos entrando na cidade de Bucaramanga, grandes edifícios foram se impondo ante a nós, avisos de toda classe anunciando seus produtos. As pessoas se moviam como formigas. Em cada rosto o reflexo da angustia, tristeza ou felicidade.

Um mendigo ia arrastando seus farrapos e em seu rosto refletia a nostalgia de ser habitante das ruas onde há de tudo, mas de tudo carece.

Ao chegar ao nosso destino, fomos desacorrentados e levados para uma cela de escassos três metros quadrados. 15 pessoas neste reduzido espaço, não havia onde sentar, o chão estava cheio de umidade e um odor imensamente desagradável.

Um detento começou a gritar: isso é desumano!, e o agente penitenciário grita “cale a boca filho da p...!, Querem gás lacrimogêneo?”

Aqueles calabouços são o centro ao qual chegam presos de todas as partes, ou seja, de várias cadeias. Começa a gritaria e os negócios de armas, drogas etc. Logo, logo, aquele cárcere está inundado com a fumaça de maconha, um colega que fuma com grande ansiedade um cigarro de maconha, me oferece um toque. Eu o olho e lhe digo: obrigado, eu estou em uma viagem. Enquanto ele indicava as espirais de fumaça que davam volta naquele reduzido espaço.

Depois de algumas horas eu fui levado para a Delegacia. Uma vez dentro do palácio fui levado a um pequeno escritório. Nela havia uma mesa com quatro cadeiras, sobre a mesa um pequeno letreiro de “Fiscalização da unidade de direitos humanos número 99 de Bogotá.” De um lado uma impressora e computador, e à frente um senhor de uns 60 anos e bastante careca, que diante da minha presença se pôs de pé dizendo:

- Eu sou o advogado indicado para preceder uma diligência pelo recrutamento de menores e desaparecimento forçado na Argélia Antioquia.

- Eu posso saber o seu nome? Perguntei

- Sim claro, Carlos Guillermo Ordóñez Garrido.

Como o meu advogado não havia chegado ele começou a fazer perguntas sobre os farianos e ele foi questionando com argumentos cada uma.

Entre as perguntas me disse:

- Se vocês são tão fortes e ferozes, por que não estão governando?

- A força não é o governo e sim os processos revolucionários e quem faz são os povos quando os fatores objetivos e subjetivos tiverem atingindo a maturidade. Assim lhe respondi.

- Mas as FARC já perderem o norte ideológico, se alguma vez o tiveram.

- Eu respondo, olhando para o doutor, os espanhóis diziam que Bolívar e seu exército eram assaltantes de caminhos e não sei quantos adjetivos mais, e hoje é o Libertador de cinco repúblicas.

- Vocês abraçaram o terrorismo, olhem a destruição que semearam, esse tais cilindros que são lançados não são armas convencionais.

- Os exércitos podem comprá-las, sobre os cilindros há uma diferença tão grande, o exército lança bombas de 50k mínimo e também até de mais de uma tonelada, enquanto a nossa dificilmente chega a 60 libras. Sobre as convenções, acaso a bomba de Nagasaki e Hiroshima, que lançou os EUA são convencionais? Vocês em nome da tal democracia já mataram milhões em todo o globo terrestre, e continuam a matar ou, talvez, aqueles que morrem de fome, por falta de cuidados médicos, água potável etc. Não é a responsabilidade do Estado?

Ele me disse:

- A democracia os espera, desmobilizem as pessoas, façam a luta nas urnas, e no Senado e acabaremos com esta guerra sem sentido.

- Olhe doutor, o dia que a famosa democracia da oligarquia fizer algo de bom para o povo, nesse dia o imperialismo declarará ilegal a democracia.

- Olhe cara, vocês estão acabando com o exército.

- Doutor, é muito fácil a partir de um escritório receber todo o papo de quiabo que os meios de comunicação enviam aos quatro ventos. Os boletins de guerra que nos chegam falam de soldados mortos, feridos, helicópteros derrubados, danificados e fuzis recuperados. E se você não acredita dê uma passada pelo hospital militar, vá no centro psiquiátrico para os militares, saberá quantos loucos estão por aí, produto de uma guerra que estão ganhando segundo você. Lembre-se doutor, que as notícias todo o tempo falam de soldados que em estado de embriaguez matam, sequestram e se suicídam.

- O que fazer para acabar com esta guerra? Pergunta o advogado

Respondo-lhe:

- Fácil Doutor, nos entreguem o poder para construirmos um novo sistema econômico, político e social, onde o povo tome as suas determinações de acordo com sua cultura, costumes e tradições


Bem, aqui eu resumi o diálogo com o advogado, afinal é isso que tenho a fazer em cada bancada judicial, sempre defender a luta das FARC-EP e a razão pela qual as pessoas estão lutando, levando os ideais do Socialismo na mente e as armas nas mãos.




¡Televisión, manipulación! Nova invasão de TV, agora na Espanha

Uma centena de jovens procedentes do acampampamento de Glorieta de Múrcia, na capital dessa região espanhola, governada pelo PP, ocuparam ao meio dia de ontem a sede da televisão 7RM.

Na redação do canal, um dos manifestantes subiu a uma mesa e leu um manifesto reivindicando "o direito a uma livre informação, a uma programação cultural de melhor nível e, em definitivo, a utilizar uma televisão pública para dar uma informação pública para valer".

Também exigiram uma "televisão pública de qualidade onde o conselheiro delegado não possa desviar dinheiro à sua produtora".

O ato de protesto aconteceu minutos antes das 13:00 horas sem que os seguranças pudessem fazer nada para evitar a ação. Tanto a Guarda Civil como a Polícia dirigiram-se ao local e identificaram alguns dos manifestantes, o que poderá dar lugar a eventuais atuações repressivas.

Depois de concluírem a leitura do manifesto, os jovens foram-se embora, cantando palavras de ordem como "Não somos violentos" ou "Este movimento ninguém para".

Embora algumas fontes da imprensa burguesa tenham afirmado que os jovens provocaram danos no mobiliário, os próprios empregados do canal desmentiram tal suposição.



Não tive tempo de ter medo

Rondó da liberdade
(por Carlos Marighella)

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.

Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.

É preciso não ter medo.
é preciso ter a coragem de dizer.

O homem deve ser livre ...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo.
é preciso ter a coragem de dizer.

Pobreza infantil na América Latina chega a 45% dos menores de 18 anos

Na América Latina e no Caribe, 45% das crianças e adolescentes se encontram em situação de pobreza infantil, o que totaliza quase 81 milhões de menores de 18 anos. A conclusão é do estudo Pobreza infantil na América Latina e Caribe, realizado pela Comissão Econômica da América Latina e do Caribe (Cepal) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), tomando por base o período 2008-2009.

A pesquisa avalia fatores como a nutrição, acesso à água potável e serviços de saneamento, qualidade de moradia e número de pessoas por quarto, educação e acesso aos meios de comunicação e informação.

A privação a esses bens representa um quadro de pobreza e exclusão, enquanto a Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças, que entrou em vigência em 1989, estabelece esses fatores como importantes para determinar a qualidade de vida dos pequenos.

Também se analisou a renda dos lares e a capacidade desses recursos em satisfazer as necessidades básicas das crianças e adolescentes. A conclusão não foi favorável. "Quase a metade das crianças latino-americanas e do Caribe vive em lares com rendas insuficientes para satisfazer suas necessidades básicas – o que afeta em especial aos mais novos – e há cerca de 4,1 milhões de lares com crianças que sofrem ao mesmo tempo a violação grave de seus direitos e fortes insuficiências de renda”, diz o documento.

O documento completo está disponível para download neste link.

Com informações de Camila Queiroz, no ADITAL



Professores gregos invadem TV pública

Professores gregos invadem estação de TV pública, interrompem noticiário ao vivo e gravam mensagem denunciando mídia e governo. A primeira é denunciada por sua "conspiração do silêncio", ao não noticiar, nos últimos seis meses, as ações do governo contra a educação. O segundo é denunciado por suas medidas de austeridade contra os trabalhadores e a educação. A revolução avança.

Médico soviético faz cirurgia em si próprio

Leonid Rogozov era o único médico de uma expedição soviética para a Antártida, ocorrida em 1961. Alguns dias depois da chegada, ele começou a sentir fortes abdominais, e o diagnóstico não foi difícil: apendicite aguda. Mas o que fazer se o médico mais próximo estava a 800 km de distância, e as dores, insuportáveis?

Rogozov então tomou uma decisão: a de fazer a cirurgia em si próprio. Ele deu algumas instruções à sua equipe sobre o procedimento em caso de desmaio (qual injeção aplicar, etc), colocou um espelho em frente a sua barriga, fez o corte e começou a operação.


Durante o processo ele suava muito, estava pálido, e às vezes pedia para enxugarem sua testa. Sua equipe estava extremamente nervosa, mas ele estava calmo, como que fazendo uma operação de rotina.

Depois da operação ele tomou algumas pílulas e dormiu. No dia seguinte sua temperatura era de 38.1ºC, mas ele dizia que se sentia melhor. Continuou tomando antibióticos e, depois de cinco dias, sua temperatura já estava normal. Em uma semana ele retirou os pontos, e em duas semanas já retomava suas atividades na expedição. Somente depois de 1 ano, em 29 de maio de 1962, é que ele deixou a Antárdida e voltou para casa.




Mais informações na fonte desta matéria, neste link.


URSS venceria a guerra sozinha

Nesta ótima entrevista concedida ao canal russo RT, o insuspeito escritor inglês Geoffrey Roberts, que se denomina "anti-Stalin", afirma que a URSS poderia ter vencido a II Guerra Mundial sozinha, sem ajuda dos aliados. Para nós, comunistas, isso não é nenhuma novidade. Sabemos que os aliados adiaram o quanto puderam qualquer auxílio aos soviéticos, esperando que a URSS fosse derrotada pelos nazistas para, assim, acabar de vez com o socialismo, que tanto os amedrontava. No entanto, para o grande público essa verdade ainda não chegou. Geoffrey critica, inclusive, a ignorância histórica generalizada dos americanos ao pensarem que os EUA venceram a II Guerra Mundial.

Geoffrey afirma que, sem a liderança de Stalin, a URSS poderia até ter perdido a guerra. Stalin, para ele, é a figura mais importante da primeira metade do século XX, cujo principal papel na II Guerra foi manter a unidade e a coesão de seus liderados. Isso foi possível pois Stalin inspirava confiança entre a população soviética em geral e era, ele próprio, um símbolo de todo um país unido. Na opinião de Geoffrey, toda a guerra gira em torno de suas habilidades de coordenação. Stalin é o grande herói não apenas da URSS, mas sim de todos os povos aliados.

E afirma: a URSS poderia ter vencido a guerra sozinha. Isso custaria mais vidas e levaria um tempo maior, mas poderia ter vencido sozinha. Enquanto a historiografia burguesa exalta o papel do "Dia D" como o belo dia em que os aliados se uniram para derrotar Hitler, sabemos muito bem que esse "Dia D" só aconteceu porque os aliados perceberam que a URSS tinha condições de derrotar Hitler sozinha e que o socialismo não seria derrotado ali.

Os números não nos deixam mentir: enquanto a Inglaterra perdeu em torno de 400 mil pessoas, a URSS perdeu 27 milhões de vidas. São números impressionantes, cuja omissão pela imprensa burguesa deve ser considerada um crime.

A entrevista está em inglês.



Fonte: Red Ant Liberation Army

Inflação é causada por ação de especuladores e cartéis na economia

Em sua última reunião, realizada no dia 20 de abril, o Comitê de Política Monetária do Banco Central voltou a aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,75% para 12%. Apesar de ser o terceiro aumento desde o início do ano, de acordo com a ata da reunião novos aumentos virão: "o ajuste total da taxa básica de juros deve ser, a partir desta reunião, suficientemente prolongado". O aumento dos juros é uma das principais medidas defendidas pelos economistas burgueses para combater a inflação. Segundo eles, fortes aumentos de juros levam à diminuição do consumo e a queda dos preços.

Com a decisão, o Brasil segue sendo o país que tem a maior taxa de juros reais do mundo (taxa de juros menos a inflação). Justificando essa política monetária, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) que "É importante moderar o crescimento da demanda mas sem matar a galinha dos ovos de ouro, que é o mercado interno".

Num país onde 79 milhões de pessoas se mantêm com renda familiar abaixo de R$ 1.020,00 e 38% dos jovens vivem em situação de extrema pobreza é, no mínimo, uma estupidez falar em diminuir consumo, quanto mais adotar uma política econômica com esse objetivo.

Política essa que tem se mostrado totalmente ineficaz. De fato, há anos o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo, mas a inflação não para de crescer. Em 2010, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu 5,91% e a previsão é que alcance 6,5% este ano. Assim, além de ter a maior taxa de juros, o Brasil é o 4º país do mundo em inflação; só perde para Índia, Rússia e Argentina.

Na realidade, a inflação é apenas um pretexto para aumentar a taxa de juros, pois se houvesse interesse em combatê-la, a primeira coisa a fazer seria analisar em profundidade suas reais causas.

Nesse sentido, é quase unanimidade que a recente alta dos preços (43% de aumento nos preços dos alimentos) deve-se em grande parte à ação dos especuladores, isto é, dos bancos e fundos de investimentos, com as chamadas commodities, principalmente petróleo e alimentos. A própria FAO, órgão da ONU para Alimentação e Agricultura, em seus relatórios, tem afirmado que a principal causa da elevação dos preços dos alimentos no mundo é a especulação, como deixou claro Olivier de Schutter, relator da ONU para o Direito à Alimentação: "os preços do trigo, do milho, e do arroz têm aumentado significativamente, não por causa de estoques ruins ou más colheitas, mas devido aos especuladores".

Num mundo que vive uma das maiores crises econômicas da história, em que o número de desempregados é cada dia maior, mais de um bilhão de pessoas passam fome e outros dois bilhões vivem com menos de US$ 2 dólares por dia, não se pode levar a sério uma análise econômica que credita a alta dos preços dos alimentos ao crescimento do consumo.

Com a bancarrota da economia capitalista, queda do dólar e incerteza quanto à capacidade dos Estados Unidos e demais países capitalistas ricos pagarem suas dívidas públicas, como mostraram os casos da Grécia, da Irlanda e de Portugal, os donos do capital, bancos e monopólios deixaram de investir em títulos da dívida desses países e passaram a especular com alimentos e combustíveis.

Desse modo, se realmente se pretende combater a inflação, é preciso agir contra esses especuladores que para obterem lucros maiores provocam a subida dos preços dos alimentos e aumentam a fome no mundo.

Como o Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos do planeta, bastaria destinar parte das exportações para o mercado interno para ocorrer uma queda dos preços dos alimentos, e, consequentemente, da inflação em nosso país. Nem pensar, proclamam os economistas burgueses, é preciso deixar agir "livremente" as forças do mercado. Porém, no caso dos juros, como vimos, eles defendem a intervenção firme do governo.

Vamos aos fatos. Nas duas últimas semanas de abril, o preço do álcool anidro subiu 27,8%. Os usineiros, promovidos a heróis nacionais pelo presidente Lula, dizem que o motivo é que a produção é insuficiente para atender ao consumo. Esquecem que estamos em plena safra da cana e que o preço do custo de produção do álcool, segundo o professor Walter Belik, do Instituto de Economia da Unicamp, está entre R$ 0,30 e R$ 0,35 por litro, mas ele sai das usinas por R$ 2,38 o litro. Contra essa roubalheira, nada faz o governo. Diz que cabe ao mercado, quer dizer, aos usineiros (hoje, em sua maioria empresas multinacionais), decidir o preço do álcool.

Outro vilão da inflação é a carne bovina, que teve um aumento 32% no ano passado, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. Ora, o Brasil tem um dos maiores rebanhos de gado do mundo e é o maior exportador mundial de carne bovina. Deveria, assim, ter a carne mais barata do mundo, mas graças às "livres forças do mercado", não é o que acontece; há muito que o prato de comida do trabalhador não vê carne.

Ainda contribuíram para a inflação os extorsivos aumentos das tarifas do transporte coletivo ocorridas recentemente em várias capitais. Mas, também aqui, o governo não moveu nenhuma palha, nem mesmo pediu que as empresas mostrassem suas planilhas com o aumento dos custos ou, pelo menos, exigiu que aumentassem os miseráveis salários dos motoristas e cobradores. Os donos das empresas de ônibus aumentaram as passagens e o governo mandou a polícia militar e a guarda municipal reprimir os que ousaram protestar contra esse abuso.

Tem mais. Embora desde a privatização, as empresas de energia elétrica tiveram aumentos superiores à inflação (nos últimos dez anos, a energia elétrica aumentou 186% enquanto a inflação, segundo o IGP-M, foi 124%), no final de abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou novo reajuste acima da inflação e maior do que reivindicaram as empresas.

Vejamos: a Ampla, que distribui parte da energia no Rio de Janeiro, pediu à Aneel reajuste de 6,45% a 9,55%, e ganhou 11,8%. A Cemig pediu até 8,8% e recebeu autorização para aumentar para 9,02%, e a CPPL, de São Paulo, queria 6,71% e recebeu autorização para aumentar 7,72%.

È difícil acreditar que se quer combater a inflação sendo tão generoso com os usineiros, os grandes fazendeiros, os especuladores, enfim, com a classe capitalista.

Porém, se a alta dos juros não tem diminuído a inflação, tem servido para enriquecer uma reduzida minoria de ricaços e parasitas. De acordo com dados do próprio Banco Central, os bancos nacionais e estrangeiros possuem 55% dos títulos da dívida interna, os fundos de investimentos 21%, os fundos de pensão 16% e as empresas não financeiras 8%.

Pois bem, somente com o aumento de 1,25% na taxa básica de juros, o governo aumentou em mais R$ 25 bilhões os gastos com juros. No total, ao terminar o ano, o Tesouro Nacional (leia o povo brasileiro) colocará nos bolsos dos banqueiros cerca de 230 bilhões reais. Isto é quase quatro vezes o que o Brasil gasta com a Saúde, 16 vezes o Bolsa Família e mais de cinco vezes o que é investido na Educação. O pior é que mesmo pagando anualmente essa fortuna, a totalidade da dívida pública atingiu a astronômica cifra de R$ 2 trilhões e 241 bilhões de reais.

Portanto, o combate à inflação é apenas uma cortina de fumaça para justificar a continuidade de uma política criminosa com o dinheiro público que visa a beneficiar os bancos nacionais e estrangeiros. Aliás, é com estes banqueiros que o presidente do BC se reúne antes de cada reunião do Copom. Um exemplo: no dia 24 de março, em São Paulo, o presidente do BC participou de um delicioso jantar com um grupo de 17 empresários e banqueiros na casa de Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Sekular Investimentos.

Como se sabe, para garantir o pagamento de juros a este seleto grupo de parasitas, o governo cortou R$ 50 bilhões do Orçamento, isto é, tirou de investimentos na economia e congelou os salários dos servidores públicos. Conclusão: quando o governo aumenta a taxa de juros não está combatendo a inflação, mas sim transferindo renda dos trabalhadores para uma oligarquia financeira.

Luiz Falcão


A relação entre Lenin e Stalin

Trechos retirados da biografia de Lenin, de autoria do Instituto de Marxismo-Leninismo de Moscou, 1943, p. 181-183.

"Lenin demonstrava uma excepcional preocupação por Stalin. Em julho de 1921 ele recebeu notícias do Cáucaso do Norte dizendo que Stalin estava doente. Ele imediatamente enviou a seguinte nota para Orjonikidze: 'Primeiro: me informe do estado de saúde de Stalin e a opinião dos médicos sobre isso.'Alguns dias depois ele telegrafou novamente: 'Deixe-me saber o nome e o endereço do médico que está cuidando de Stalin e me diga quantos dias mais Stalin ficará afastado.'

"Muitas outras vezes ele telegrafou para Orjonikidze: 'Estou surpreso que você está tirando Stalin de seu repouso. Ele deve descansar pelo menos de 4 a 6 semanas.'

"Lenin também demonstrou preocupação pelas condições sob as quais Stalin vivia. Em uma nota ao Comandante do Kremlin ele informou a este último (em novembro de 1921) que o apartamento de Stalin era barulhento e que Stalin não podia dormir à noite (havia uma cozinha no apartamento ao lado da qual sons eram ouvidos desde bem cedo até tarde da noite). Ele então requisitou que Stalin fosse transferido para um apartamento mais calmo, que isso fosse feito imediatamente e que ele fosse informado quando estivesse pronto.

"Em uma nota a seu secretário escrita em dezembro de 1921, Lenin escreveu: 'Quando Stalin levantar (não o acorde) diga a ele que a partir das 11 da manhã eu estarei em uma reunião (no meu quarto) e que eu estou pedindo seus números de telefone (se ele tiver que sair) porque eu tenho algo para falar com ele ao telefone.'

[...]

"Depois do Congresso *, o Comitê Central, sob proposta de Lenin, elegeu Stalin - fiel discípulo de Lenin e seu mais próximo companheiro - como Secretário Geral do Comitê Central, e este posto Stalin ocupa sem interrupção desde então."


NOTAS

* Isso é, o 11º Congresso do Partido, o último do qual Lenin participou. Nota do tradutor.


Tradução realizada pelo blog "O Marxista-Leninista".

Marcha contra Wall Street reúne milhares em Nova York

Cerca de 10 mil pessoas participaram, quinta-feira, de um protesto nas imediações do coração do mundo financiero: a Bolsa de Valores de Nova York. Os manifestantes marcharam pelas ruas da cidade para exigir que os bancos e os empresarios ricos paguem os custos da crise econômica que eles causaram, e não os trabalhadores que enfrentam uma onda de demissões e um ataque político em nível nacional contra seus direitos trabalhistas.Um grupo de professores que participou da manifestação garantiu: “esta é a última vez que nos comportamos bem; na próxima, tomaremos a cidade”. O artigo é de David Brooks, do La Jornada.


Nova York, 12 de maio – “Fuck Wall Street”, gritava hoje um manifestante ao marchar pela área, enquanto que a polícia impedia que milhares de professores, funcionários públicos, de manutenção e de vários setores de serviços, imigrantes, estudantes e ativistas comunitários se aproximassem do monumento do mundo financeiro: a Bolsa de Valores de Nova York.

Os manifestantes – mais de 10 mil segundo alguns cálculos – marcharam pelas ruas ao redor do setor financeiro e político desta cidade para exigir que os bancos e os empresários ricos paguem os custos da crise econômica que eles mesmos detonaram, e não os trabalhadores que enfrentam uma onda de demissões e um ataque político em nível nacional contra seus direitos trabalhistas.

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, quer demitir mais de 5 mil professores, fechar várias estações de bombeiros, reduzir serviços para crianças e programas para habitantes da terceira idade, entre outras medidas para equilibrar o orçamento. Por outro lado, nega-se terminantemente a aumentar os impostos para os ricos, sobretudo para o setor financeiro, com o argumento de que isso teria um efeito negativo na economia.

Mais emprego e mais serviços públicos
"Ouça, Bloomberg, o que diz disso? Quantos cortes ordenaste hoje?", gritava uma parte da marcha enquanto outros caminhavam desde vários pontos para deixar quase cercada a famosa rua de Wall Street. Acompanhados por bandas de metais e tambores, gritavam palavras de ordem contra a avareza empresarial e carregavam cartazes com demandas de emprego, escolas, serviços públicos e que os ricos paguem pelo desastre que criaram. “Nós pagamos impostos. Por que vocês não pagam?” – gritavam ao passar na frente de luxuosos edifícios. Poucos antes de partir, um contingente de professores advertiu entre aplausos e gritos: “esta é a última vez que nos comportamos bem; na próxima, tomaremos a cidade”.

Os governos em nível municipal, estadual e federal estão aplicando a mesma receita de austeridade por todo o país, acompanhada de um ataque feroz contra os sindicatos e, em alguns casos, contra os imigrantes. A história é a mesma: para resolver o déficit orçamentário provocado pela pior crise financeira e econômica desde a Grande Depressão, a decisão política é repassar o custo para os trabalhadores.

Ao mesmo tempo, os executivos e suas empresas desfrutam de uma prosperidade sem precedentes. O Wall Street Journal reportou que a remuneração para os principais executivos das 350 maiores empresas do país aumentou 11% e, em valor médio, chega a 9,3 milhões de dólares, um prêmio por seu grande trabalho em reduzir custos e elevar os rendimentos de suas empresas. Os líderes em receita são Phillipe Dauman, da Viacom, com 84,3 milhões de dólares anuais, seguido por Lawrence Ellison, da Oracle, com 68,6 milhões de dólares, e Leslie Monnves, da CBS, com 53,9 milhões de dólares.

Essa receita econômica é acompanhada de uma feroz ofensiva política contra trabalhadores e seus sindicatos. Forças conservadoras, tanto no âmbito político como no empresarial, promovem medidas com o propósito explícito de destruir sindicatos, em particular os do setor público. Iniciativas neste sentido foram promovidas em estados como Wisconsin, Michigan, Indiana e Ohio, entre outros, onde além de propor reduções de salários e direitos dos trabalhadores, incluem-se medidas para anular os direitos de negociação de contratos coletivos.

Dois estados, New Hampshire e Missouri, promoveram projetos de lei para somar-se aos 22 estados que têm leis com o nome orwelliano de “direito a trabalhar”, que, na verdade, limitam severamente a sindicalização ao permitir que os trabalhadores optem por não se filiar a sindicatos estabelecidos no setor privado. No total, 18 estados impulsionaram esse tipo de iniciativa somente no último ano, todos com a justificativa de que são necessárias para diminuir o déficit e quase todas promovidas por legisladores ou governadores republicanos, relatou ainda o Wall Street Journal.

As leis têm o objetivo de debilitar o poder político dos sindicatos que costumam apoiar o Partido Democrata e iniciativas liberais no país.
Isso levou a uma rebelião que reuniu centenas de milhares de trabalhadores em Wisconsin no início do ano, a qual se somaram estudantes, agricultores, imigrantes e organizações comunitárias que, durante várias semanas, tomaram o Capitólio doestado como parte de uma mobilização popular que gerou esperança neste país, e que muitos – incluindo os manifestantes – compararam com o que estava ocorrendo no Egito.

“Protesta como um egípcio”, foi uma das consignas da mobilização.
“Estamos com Wisconsin”, lia-se em cartazes e ouvia-se nas palavras de ordem nesta quinta-feira em Nova York. Do mesmo modo, surgiram expressões de resistência em Michigan, Ohio e Indiana contra medidas para debilitar os sindicatos.

Na Califórnia, os professores da California Teachers Association lançaram esta semana um movimento chamado Estado de Emergência para pressionar os legisladores a por fim aos cortes na educação. O sistema educacional sofreu cortes de 20 bilhões de dólares em três anos e 30 mil professores foram demitidos neste Estado.

Esta semana uma funcionária federal que está por ser demitida enfrentou o
presidente Barack Obama em um fórum transmitido pela televisão e perguntou-lhe o que faria se estivesse em seu lugar. Obama respondeu que é um momento difícil e tentou dar explicações, mas não conseguiu responder a pergunta.

Noam Chomsky escreve que o que está ocorrendo nos Estados Unidos é parte de uma guerra entre Estado e corporações contra os sindicatos, que está sendo travada em nível mundial deixando os trabalhadores em uma condição de precariedade como resultado de programas de enfraquecimento dos sindicatos, flexibilização e desregulação.

Mas os manifestantes de Nova York, nesta quinta-feira, também falaram do surgimento de uma resposta de resistência e rebelião que, embora ainda não seja massiva, vem ganhando pouco a pouco dimensões surpreendentes. Tom Morelli, ex-integrante de Rage Agains the Machine (banda hardrock dos EUA, uma das mais influentes e polêmicas da década de 1990), afirmou que os sindicatos são um contraponto crucial contra a cobiça empresarial que afundou a economia e ameaça o meio ambiente e o futuro.

Depois de participar das mobilizações de trabalhadores na capital de Wisconsin, disse que, de Cairo a Madison, os trabalhadores estão resistindo e os tiranos estão caindo, e apresentou uma nova canção que, segundo ele, é uma trilha sonora para a luta nos EUA. A letra afirma: este é uma cidade dos sindicatos/mantenham a linha; se vocês vierem retirar nossos direitos/vamos enchê-los de porrada.


David Brooks - La Jornada
Tradução: Katarina Peixoto
Fotos: Elizabeth Coll/La Jornada

O capital quer a sua alma

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Original de Sidewalk Bubblegum © - Tradução de Glauber Ataide

Alternância de Poder como instrumento de controle burguês

Por Raphael Tsavkko

Alternância de poder é o nome bonito que a burguesia, a elite, usa para garantir que nenhum governo de Esquerda possa durar mais do que o tempo que esta elite permitir.

Alternância de poder é a forma pela qual a burguesia faz parecer que respeita a democracia, criada por ela, a mesmo tempo em que nada muda. De forma inteligente, transformam a alternância em algo ligado apenas à pessoa, ao indivíduo, mas jamais ao partido ou ao grupo político em si.

A idéia de alternância é corrompida por uma elite interessada em se perpetuar, e ao mesmo tempo, acaba demonstrando uma falha tradicional das esquerdas, que é a insistência em fabricar líderes personalistas e não uma variedade de quadros de renome.

A elite fabrica um número quase infinito de candidatos, investe quanto dinheiro tiver interesse neles e pode trocá-los de tempos em tempos, fazendo parecer que houve alguma alternância, quando, na verdade, mudou a figura teoricamente no poder, mas não a classe por trás, não os que se beneficiaram do governo e muito menos mudou o modelo, a estrutura.

A esquerda, por outro lado, tem a tradição de ter um nome forte, um Chávez, um Morales (até mesmo um Vargas para determinados grupos) que, ao buscarem se re-eleger - pois dificilmente fazem sucessores tão fortes quanto eles - são acusados pelas forças conservadoras de desrespeitar o princípio sagrado da alternância de poder, simplesmente porque seu modelo de governo não corresponde aos anseios da elite.

O fato de "democracia" significar, em termos eleitorais, que quem tem mais votos vence, sempre que o vencedor se opõe, mesmo que minimamente, aos interesses da elite, é tachado de ditador (ou ditatorial).

Sempre aquele que se elege distante dos interesses da burguesia é chamado de perigo para esta mesma democoracia. É um perigo que alguém possa, dentro de um modelo criado para as elites, se perpetuar, chegar ao poder e ficar.

As elites apenas fingem que o poder está nas mãos do povo (apesar do voto ser igual pra todos, a mídia está nas mãos da elite, que pode manipular aqueles que votam), na verdade seu interesse é dar a impressão de que o povo decide, mas é seu poder econômico, representado pelo consumismo, pela propaganda, pelo mais puro marketing que (deve) prevalecer.

Quando isto não funciona, a democracia está em perigo.

Isto pode ser perfeitamente ilustrado por uma notícia recente do Opera Mundi, em que o candidato às eleições peruanas Alvaro Toledo, que acabou longe do segundo turno, a ser disputada por Keiko Fujimori e Ollanta humala, anuncia a todos que a "democracia está ameaçada" porque o candidato em primeiro lugar é um socialista aos moldes Chavistas, logo, não representa os interesses da elite que Toledo representa.

A direita brasileira também é incrível. Partidos hoje com nomes irônicos como "Democratas" ou "Partido Popular" foram base de sustentação do regime absolutamente anti-democrático conhecido como Ditadura Militar, mas posam de defensores eternos da democracia. Muitos relembram com saudosismo o período em que a alternância de poder se dava entre generais, sem qualquer participação popular.

Muitos destes hoje se declaram defensores da democracia (apenas porque ainda lhes garante lucros), mas não se cansaram de bradar que Lula era um ditador, por ter virado um objeto de adoração por parte de ampla camada da sociedade. Fernando Henrique pressionou o congresso para criar o instrumento da reeleição - que não existia antes - para que este pudesse continuar no poder. Por representar os interesses das elites, não houve reclamação.

A mídia criou o factóide de que Lula iria buscar uma segunda re-eleição, e foi uma gritaria.

Mesmo que Lula não tenha sido em si um opositor das elites - em muitos aspectos defendeu ou não se opôs a seus interesses -, seu discurso as desconcertava.

Exemplos semelhantes são inúmeros, inesgotáveis. A idéia central, enfim, é a de que a Alternância de Poder é um instrumento tipicamente burguês enquanto compreendido apenas como a troca de nomes, de figuras simbólicas, mas sem que haja qualquer modificação nas estruturas.




Meu encontro com Marx e Freud, de Erich Fromm

Meu objetivo inicial com este livro era aprofundar meus estudos na interseção entre marxismo e psicanálise, mas ele só nos permite fazê-lo superficialmente. Até aí, tudo bem, pois não é este mesmo o seu objetivo. Esta obra é uma biografia intelectual de seu autor, e não uma exposição do freudo-marxismo.

Mas o grande problema que encontrei aqui é que Erich Fromm comete o mesmo erro da maioria dos marxólogos acadêmicos, que despem o marxismo de seu caráter revolucionário para deixa-lo mais palatável para a burguesia.

Ele mesmo afirma, nesta obra, que não é engajado politicamente, ou seja, é apenas um "marxista acadêmico". E isso é uma contradição, pois não é possível ser marxista e não estar politicamente engajado. Lembremo-nos da 11ª tese sobre Feuerbach, em que Marx afirma que os filósofos até hoje se limitaram a interpretar o mundo, mas o que importa, porém, é transformá-lo. A vida do próprio Karl Marx foi de engajamento político revolucionário.

Assim, Fromm é seduzido pela cantilena burguesa de que Stalin foi um "assassino", e em diversos momentos o coloca no mesmo plano de Hitler, fazendo assim o jogo da burguesia que, derrotada e envergonhada pelo que fez na II Guerra Mundial, precisou inventar no campo da esquerda um monstro idêntico ao que eles realmente criaram e financiaram no campo da direita, Adolf Hitler.

Além disso, é muito bonito que "marxistas acadêmicos", como Fromm, digam como as coisas devem ser. Falam muito do "Homem", da "Liberdade", etc. Mas em momento algum eles dizem como isso deve ser alcançado.

Se apegam a uma imaginária "pureza da revolução", que o filósofo italiano Domenico Losurdo chama de "universalismo abstrato", e criticam toda tentativa de construção do socialismo na prática. Essa postura é sempre consequência ou de falta de engajamento político ou de oposição esquerdista que não tem nenhuma responsabilidade de construir algo, mas apenas de desconstruir. E a primeira delas, não ser politicamente engajado, é ainda uma das razões pelas quais tal pessoa não pode carregar o título de marxista, pois não consegue ver essas nuances da vida prática se está apenas confortavelmente sentado num banco da universidade. Este suposto "distanciamento do objeto" mais cega do que faz ver.

Mas para não deixar a impressão de que não há nada aproveitável neste livro, há vários pontos esclarecedores sobre o que há em comum entre Marx e Freud - cada capítulo do livro trata de um aspecto diferente.

Um dos mais interessantes é sobre a atitude cética tanto de Marx quanto de Freud sobre aquilo que pensamos que sabemos. Para Freud, muito do que se passa na vida psíquica do homem é inconsciente, e ele não sabe exatamente porque age da forma que age. Já para Marx, as pessoas também não sabem por que pensam como pensam, pois suas idéias são em grande parte reflexos das condições materiais concretas da sociedade em que vive.

Ou seja, ambos os pensadores trabalham com um conceito semelhante de "racionalização". Para Freud, a racionalização é uma tentativa de dar sentido a uma ação ou pensamento que vem do inconsciente. Na obra de Marx, essa racionalização recebe o nome de "ideologia", isso é, uma justificativa da organização social em que vive, do status quo. Mas enquanto Freud trabalha com o indivíduo, Marx trabalha com o social.

E como dica para os interessados no tema, um teórico que considero muito superior a Erich Fromm no freudo-marxismo é Wilhelm Reich, quando este ainda fazia parte do Partido Comunista da Alemanha. Sua obra deste período de militância política é muito mais profunda do que podemos encontrar neste livro de Fromm.


Capitalismo quer acabar com cursos de ciências humanas e belas artes

Marx e Engels, no "Manifesto do Partido Comunista", já diziam que a cultura no capitalismo, para a imensa maioria das pessoas, não passa de um adestramento que transforma os homens em máquinas. E é em períodos de crise que vemos mais claramente essa verdade sobre o capital.

Em Londres, a Universidade Metropolitana quer acabar com 70% de seus cursos, começando pelos cursos de História, Filosofia, Letras, Belas Artes, Pedagogia e relacionados.

Para conter essa barbárie, aproximadamente 60 estudantes iniciaram uma ocupação, tomando o Centro de Graduação da universidade.

Demonstrando o seu apoio aos ocupantes, mais de 100 estudantes e trabalhadores fizeram no dia seguinte uma manifestação do lado de fora do centro ocupado.

"Eu amo meu curso", disse a estudante de belas artes Roxy Bugler. "Cortar os cursos significa que os estudantes não terão chances de se educar. A universidade terá apenas cursos de negócios (administração de empresas) e contabilidade."

"Eles querem cortar tudo, e isso nos leva a questionar a forma como as coisas são organizadas. Isso corta o meu coração."

Estão também sob ameaça, além da maioria dos cursos de humanidades, os cursos de Estudos Sindicais e Estudos Caribenhos.

"Isso é um ataque às artes", disse o manifestante Alex. "Eles querem manter as artes nas mãos das elites." Ele cantou uma canção com o refrão "temos que salvar nossos trabalhos e nossa educação."

Os estudantes estão exigindo que a universidade retire os cortes de todos os cursos, que os ocupantes tenham uma reunião com o vice-reitor Malcolm Gillies e que os estudantes não sejam transferidos para fora da universidade.

Também estão exigindo a não vitimização dos ocupantes e acesso livre para entrar e sair da ocupação, pois a universidade não tem permitido que mais estudantes se juntem à manifestação ou levem alimentos.

Os estudantes criaram até um blog com atualizações sobre a ocupação: http://wearelondonmet.wordpress.com/


Com informações de Socialist Worker Online

Cresce popularidade de Stalin na Rússia

Pesquisa divulgada recentemente, em 27 de abril de 2011, mostra que a popularidade de Stalin não para de crescer. Quase metade da população russa já é contrária a qualquer tentativa de "desestalinização" no país. Desde 2007, este número já subiu 11%.

Por outro lado, o número de pessoas que acreditam na falsificação burguesa da história, de que o período de Stalin foi um período de "terror", caiu 9% desde a última pesquisa, chegando a 24% do total.