Trabalhadores se crucificam pelados na porta da Iveco

Trabalhadores da Iveco, na Espanha, se crucificam pelados na porta da fábrica em protesto às demissões e à omissão dos sindicatos em tentar reverter a situação.





Venezuelanos marcham por controle operário

No último dia 26 mais de 2.000 trabalhadores marcharam rumo à Assembléia Nacional, em Caracas, pelo aumento do controle operário. Entregando um documento com mais de 45 mil assinaturas, os trabalhadores exigiram que o legislativo aprove a Lei Especial para os Conselhos Socialistas de Trabalhadores e iniciem uma discussão imediata por uma "nova e revolucionária" Lei Orgânica do Trabalho (LOT). Ambas as demandas foram enviadas sob o artigo 240 da constituição venezuelana, a qual permite ao povo o direito de legislar.

"Estes são dois instrumentos legais que os trabalhadores estão exigindo. São essenciais para o avanço do processo de acumulação de forças que permitirá aos trabalhadores realizar seu papel de protagonista na construção de uma nova sociedade", disse Douglas Gomez, do Partido Comunista Venezuelano (PCV).

Convocado pelo Movimento pelo Controle dos Trabalhadores, pelos Conselhos Socialistas de Trabalhadores, pela União Nacional dos Trabalhadores (UNETE), pela Corrente Classista de Trabalhadores e centenas de sindicatos por todo o país, a marcha foi celebrada como um sucesso tanto pelos trabalhadores quanto pelos organizadores.

"Queremos que os trabalhadores sejam a força dirigente por trás do controle da produção nas fábricas, de forma que os produtos não sejam vendidos por preços especulativos nas ruas, e isso será alcançado através do controle operário e do contrato coletivo", disse Felix Martinez, Secretário-Geral do MMC (Novas Gerações dos Trabalhadores da Mitsubishi Motors) em Anzoátegui.

Fernando Soto Rojas, presidente da Assembléia Nacional, prometeu uma rápida resposta às exigências dos trabalhadores, a qual incluirá a divulgação de uma agenda para o debate público sobre as leis antes do recesso parlamentar no dia 15 de agosto.

Conselhos Socialistas de Trabalhadores

A Lei Especial de Conselhos Socialistas de Trabalhadores foi originalmente apresentada à Assembléia Nacional em 2007 pelo Partido Comunista Venezuelano e apoiado pelo presidente Chávez. O presidente pediu aos trabalhadores para se organizarem como uma "força revolucionária" dentro dos locais de trabalho, assim como nas comunidades.

Apesar dos conselhos socialistas de trabalhadores terem sido criados, eles só se tornaram legalmente reconhecidos depois de grandes mobilizações dos trabalhadores e da aprovação da Lei Orgânica do Poder Popular, em dezembro de 2010.

Independente de sindicatos, os conselhos são organizações populares de poder que permitem aos trabalhadores participar nos processos produtivos, administrativos e gerenciais em seus locais de trabalho. Através da Lei Especial dos Conselhos Socialistas de Trabalhadores, os conselhos se tornarão um mecanismo legal através dos quais os trabalhadores poderão desempenhar um "papel protagonista" no desmantelamento das relações capitalistas de exploração e avançar no projeto de controle operário.

A legislação também propõe consolidar os conselhos de uma perspectiva legal para fortalecer sua posição contra esforços contra-revolucionários que visam minar o movimento.

Reuniões regionais dos conselhos socialistas de trabalhadores aconteceram em fevereiro deste ano, e o primeiro encontro anual dos conselhos foi convocado em maio.

Uma lei trabalhista revolucionária

Os manifestantes também exigiram discussão imediata de uma nova e revolucionária lei trabalhista para substituir a existente. Propostas para rever completamente a Lei Orgânica foram inicialmente colocadas em 2003, mas as discussões não aconteceram na Assembléia Nacional Venezuelana.

De acordo com o porta-voz do movimento de trabalhadores, a nova legislação tem que garantir emprego e direitos coletivos e individuais para os trabalhadores. Deve também estabelecer uma estrutura legal para gerenciamento democrático, participativo e coletivo dos trabalhadores.

"Os trabalhadores são o motor da mudança histórica e da transformação social, e por essa razão, uma nova e revolucionária lei que esteja de acordo com a constituição da República Bolivariana da Venezuela é necessária", explicou Rosso Grimau, porta-voz dos Conselhos Socialistas de Trabalhadores.

Os trabalhadores juraram se manter em estado de "mobilização permanente" para vencer a oposição, e uma delegação será enviada para a Assembléia Nacional no dia 9 de agosto para assegurar que o Comitê Nacional Eleitoral recebeu as exigências, assim como para obter detalhes da agenda de debates públicos sobre as duas leis.


Por Rachael Boothroy
Tradução de Glauber Ataide


Entenda o que foi o Muro de Berlim

PRECEDENTES

- 22 de Junho de 1941 – Invasão da URSS pelos alemães (Operação Barbarossa);

- 7 de Dezembro de 1941 – Ataque a Pearl Harbor;

- 17 de Julho de 1942 a 2 de Fevereiro de 1943 – Batalha de Stalingrado, evento que foi essencial para a derrota nazista;

- 3 de Setembro de 1943 – Tratado de paz assinado pelos italianos, rendendo-se aos Aliados;

- 28 de Novembro a 1 Dezembro de 1943 – Conferência de Teerã;

- 6 de Junho de 1944 – Dia D;

- 4 a 11 de Fevereiro de 1945 – Conferência de Yalta;

- 22 de Abril de 1945 – Berlim tomada pelos soviéticos;

- 30 de Abril de 1945 – Suicídio de Adolf Hitler;

- 7 de Maio de 1945 – Nazistas se rendem;

- 17 de Julho a 2 de Agosto de 1945 – Conferência de Potsdam;

- 2 de Setembro de 1945 – Bombas atômicas dos EUA contra o Japão, que o fizeram se render.


CONFERÊNCIA DE POTSDAM

Participantes: URSS — Josef Stalin, Inglaterra — Winston Churchill e posteriormente Clement Attlee, EUA — Harry Truman.

Local: Potsdam, capital do estado de Brandenburg, Alemanha.

Objetivo: Formação de um Conselho de Organização e Controlo, composto pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, União Soviética, França, China e Estados Unidos, que teria como função estudar e propor os textos dos tratados de paz com a Itália, a Roménia, a Bulgária, a Hungria e a Finlândia, além da própria Alemanha. Pretendia ainda dar ao povo germânico a oportunidade de retomar a sua vida em bases democráticas e pacíficas, e banir toda a legislação nazi discriminatória quanto a raça, crença religiosa e opinião política.

A posição da URSS se manteve a mesma até a morte de Josef Stalin: defender uma Alemanha unificada, desmilitarizada e pacífica. Porém, com o fim da Segunda Guerra Mundial, é iniciada a Guerra Fria. O Plano Marshall, um aprofundamento da Doutrina Truman, foi criado pelos EUA para prender os países da Europa Ocidental a seu domínio. Afundando-se em dívidas, o Ocidente capitalista desejava desmembrar a Alemanha, quebrando os acordos firmados em Potsdam. Em 23 de Maio de 1949 a República Federal da Alemanha é criada. DETALHE: a República Democrática da Alemanha (“Alemanha Oriental”) foi proclamada em 7 de Outubro do mesmo ano!!!

Em Berlim, que agora ficava dentro da RDA, continuou sendo permitida a presença de cidadãos da RFA, pois a intenção da RDA e da URSS até então era uma Alemanha pacífica, democrática e unificada. Com a queda de Berlim ao fim da II Guerra, os povos soviéticos e o povo alemão sonhavam com uma pátria unificada e socialista.


O MURO DE BERLIM

O Muro de Berlim foi erguido em agosto de 1961 (portanto após a morte de Stalin, ocorrida em 1953) e em nada se diferiu dos muros da burguesia, como na Palestina, na fronteira do USA com o México, ou nas favelas do Rio de Janeiro.

Com a morte de Stalin, o que passa a ocorrer é que os dirigentes da ainda chamada União Soviética, liderados por Nikita Kruchev propagavam palavras sobre socialismo, mas praticavam atos imperialistas e a restauração do capitalismo na URSS*, como bem caracterizou o presidente Mao Tsé-tung em seu combate ao revisionismo moderno.

O muro durou até enquanto suspirava o social-imperialismo russo. A bancarrota deste sistema de dominação permitiu a muitos revolucionários, ainda iludidos com estas forças, ter uma visão mais clara da realidade e buscar um novo caminho. Países membros do bloco socialista, partidos revolucionários e militantes comunistas devotados que foram durante anos oprimidos ou difamados pelo revisionismo tiveram seu ânimo revigorado e ganharam forças ao redor do mundo.

Foi justamente esse revisionismo, encabeçado por Kruchev e incapaz de atender os anseios das massas, que em 1961 construiu o muro, entrando em profunda contradição com o povo alemão. E a queda do muro só atestou a total falência deste revisionismo.

As empresas sob o social-imperialismo não são tão eficientes, do ponto de vista do capitalismo, como as imperialistas e nem são mais propriedade de todo o povo (o que seria mais próprio em países ditos socialistas – por exemplo, a maior parte propriedade dos meios de produção durante o governo de Stalin era coletivista), como quando sob a direção revolucionária. O resultado não podia ser outro: A inoperância e a burocratização. Apenas a partir daí, com a traição ao socialismo revolucionário marxista-leninista, Muitos cidadãos da RDA passaram a fugir para a RFA, principalmente porque propositalmente a RFA exibia na fronteira com a RDA todo luxo e futilidade da burguesia; tudo isso não passou de um plano para criar na mente dos cidadãos da Alemanha Oriental a ideia de que “os povos capitalistas vivem melhor”. Falharam: hoje é muito comum ouvir da boca dos que viveram na RDA que preferem o comunismo e que o capitalismo causou o declínio da Alemanha. História similar à da Rússia, que tinha tudo para ser a nação mais próspera e socialmente justa do mundo (i.e. sem precisar explorar o trabalhador para tal feito), mas hoje podemos ver o que o capitalismo trouxe a esses países: a maléfica desigualdade social, pobreza, moradores de rua, crianças dormindo em metrôs. Pois é, leitores, a maioria dos ex-soviéticos também preferem uma Rússia comunista. Enquanto isso, a burguesia parasita distorce a história do comunismo, entre suas muitas mentiras a de que a queda do Muro de Berlim significou a “derrota do socialismo”. Se o socialismo perdeu uma batalha, foi para seus inimigos internos: o oportunismo e o revisionismo. E essas derrotas, servindo como amargas lições, são temporárias. Se bem que seja verdade que um império caiu, ele nada tem a ver com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o primeiro Estado Proletário da história, comandado por Lenin e depois por Stalin.

A queda do muro de Berlim não passou de uma vitória comercial. Ela significa a ruína do velho Estado do Bem-estar Social na Europa e do traidor revisionismo.

A derrocada do social imperialismo russo em nada atrasou a luta pelo socialismo no mundo, ao contrário, liberou energias revolucionárias antes subjugadas a ele. Portanto é justo comemorar a queda do muro, mas pelos motivos certos.


Alguns trechos foram escritos por Luiz Carcerelli, do jornal A Nova Democracia
*Para mais informações sobre a restauração do capitalismo na URSS, leia: The Restoration of Capitalism in the Soviet Union, por William Bill Bland


A necessidade do Sindicato, por Bertolt Brecht


A necessidade do Sindicato

Mas, quem é o Sindicato?
Ele fica sentado em sua sede com o telefone?
Seus pensamentos são secretos, suas decisões
Desconhecidas?
Quem é ele?
Você, eu, vocês, nós todos.
Ele veste sua roupa, companheiro, e pensa com
A sua cabeça.
Onde você mora é a casa dele.
Luta!
Mostre-nos o caminho que devemos seguir e,
nós seguiremos com você.
Mas não siga sem nós o caminho correto.
Ele é, sem nós, mais errado.
Não se afaste de nós.
Podemos errar e você ter razão, portanto não se
afaste de nós!
Que o caminho curto é melhor que o longo,
ninguém nega.
Mas quando alguém o conhece e não é capaz
De mostrá-lo a nós, de que serve sua sabedoria?
Seja sábio conosco!
Não se afaste de nós!

Bertolt Brecht


Trecho suprimido da entrevista de Stalin a Emil Ludwig, de 1931

De acordo com uma nota de rodapé no livro The Cult of Ivan the Terrible in Stalin's Russia (p. 205), a famosa entrevista de Stalin a Emil Ludwig, primeiramente publicada no jornal do Partido Bolchevique em abril de 1932, teve alguns trechos originalmente não publicados que só foram revelados em 1998.

Segundo o historiador Grover Furr, que obteve acesso ao artigo em russo, este trecho perdido da entrevista pode ser resumido da seguinte forma:

"No meio da entrevista Stalin pergunta a Ludwig se ele receberá qualquer pagamento independentemente do resultado da entrevista. Ludwig responde que sim.

Então Stalin diz que gostaria de pedir um favor a Ludwig, mas somente se ele prometer não contar a ninguém sobre isso. Ludwing concorda.

Stalin então lhe pergunta se ele poderia fazer uma doação para os filhos dos trabalhadores alemães desempregados (Ludwig era da Alemanha). Stalin diz que isso era meramente pessoal, e que ele não queria ter seu nome associado com isso de maneira alguma.

Ludwing concordou em enviar 1000 marcos ao fundo. Então ele pergunta a Stalin por que ele não queria que isso ficasse conhecido, já que tantas pessoas imaginavam ele como um monstro, etc. Stalin diz então que era conveniente que os capitalistas pensassem nele daquela forma, mas que ele não queria que seu pedido fosse divulgado.

A entrevista então continua.

Stalin enviou o texto da entrevista ao Politburo, que fez diferentes sugestões. Mas Stalin decidiu simplesmente omitir este trecho da entrevista."

Fonte: Stalinist

A família de Orlando Zapata Tamayo, a ponto de viver na indigência em Miami

Desde que voltou de Washington, Reyna Luisa se trancou em casa e recusa a falar com a imprensa e a comentar sobre as declarações de seu filho (vídeo abaixo).

Alguns exilados, que se sentem envergonhados pela situação, fizeram chamados à comunidade para que ajude a família e lhes arrumem emprego, mas não tiveram uma resposta concreta.

Em suas emissoras de rádios locais, termômetro comum do pensamento exilado, as críticas também são imensas, ainda que divididas.

Há ouvintes que pedem que se ajude à família e conclamam os homens de negócios da cidade a lhes oferecer emprego.

Mas há outros que acreditam que a família deveria se esforçar mais para conseguir empregos e os acusam de "ingratos" pelas ajudas recebidas.

O caso dos Zapata Tamayo traz à memória um outro ocorrido nos anos 1990, quando chegou a Miami a opositora cubana Paula Valiente, a primeira negra conhecida por pregar contra o governo cubano nas igrejas da ilha.

Valiente esteve nos holofotes por alguns meses, mas depois deixou de aparecer nas rádios e emissoras locais, e passou a criticar os exilados por deixarem de ajudá-la. Há rumores de que voltou a Cuba, mas não se sabe quando.



O moderno reacionário é a porta de entrada do velho fascismo

Se você não entendeu a piada de Rafinha Bastos afirmando que para a mulher feia o estupro é uma benção, tranquilize-se. O teólogo Luiz Felipe Pondé acaba de fornecer uma explicação recheada da mais alta filosofia: a mulher enruga como um pêssego seco se não encontra a tempo um homem capaz de tratá-la como objeto.

Por Marcelo Semer*

Se você também considerou a deputada-missionária-ex-atriz Myriam Rios obscurantista ao ouvi-la falando sobre homossexualidade e pedofilia, o que dizer do ilustrado João Pereira Coutinho que comparou a amamentação em público com o ato de defecar ou masturbar-se à vista de todos?

Nas bancas ou nas melhores casas do ramo, neo-machistas intelectuais estão aí para nos advertir que os direitos humanos nada mais são do que o triunfo do obtuso, a igualdade é uma balela do enfadonho politicamente correto e não há futuro digno fora da liberdade de cada um de expressar a seu modo, o mais profundo desrespeito ao próximo.

O moderno reacionário é um subproduto do alargamento da cidadania. São quixotes sem utopias, denunciando a patrulha de quem se atreve a contestar seu suposto direito líquido e certo a propagar um bom e velho preconceito.

Pondé já havia expressado a angústia de uma classe média ressentida, ao afirmar o asco pelos aeroportos-rodoviárias, repletos de gente diferenciada. Também dera razão em suas tortuosas linhas à xenofobia europeia.

De modo que dizer que as mulheres - e só elas - precisam se sentir objeto, para não se tornarem lésbicas, nem devia chamar nossa atenção.

Mas chamar a atenção é justamente o mote dos ditos vanguardistas. Detonar o humanismo sem meias palavras e mandar a conta do atraso para aqueles que ainda não os alcançaram.

No eufemismo de seus entusiasmados editores, enfim, tirar o leitor da zona de conforto.

É o que de melhor fazem, por exemplo, os colunistas do insulto, que recheiam as páginas das revistas de variedades, com competições semanais de ofensas.

O presidente é uma anta, passeatas são antros de maconheiros e vagabundos, criminosos defensores de ideais esquerdizóides anacrônicos e outros tantos palavrões de ordem que fariam os retrógrados do Tea Party corarem de constrangimento.

Não é à toa que uma obscura figura política como Jair Bolsonaro foi trazida agora de volta à tona, estimulando racismo e homofobia como direitos naturais da tradicional família brasileira.

E na mesma toada, políticos de conhecida reputação republicana sucumbiram à instrumentalização do debate religioso, mandando às favas o estado laico e abrindo a caixa de Pandora da intolerância, que vem se espalhando como um rastilho de pólvora. A Idade Média, revisitada, agradece.

Com a agressividade típica de quem é dono da liberdade absoluta, e o descompromisso com valores éticos que consagra o "intelectual sem amarras", o cântico dos novos conservadores pode parecer sedutor.

Um bad-boy destemido, um lacerdista animador de polêmicas, um livre-destruidor do senso comum.

Nós já sabemos onde isto vai dar.

O rebaixamento do debate, a política virulenta que se espelha no aniquilamento do outro, a banalização da violência e a criação de párias expelidos da tutela da dignidade humana.

O reacionário moderno é apenas o ovo da serpente de um fascismo pra lá de ultrapassado.


*Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.

Fonte: Vermelho

Somália: as reais causas da fome

Há 20 anos a Somália se vê envolvida em uma "guerra civil", em meio à destruição de suas economias tanto rural quanto urbana.

O país enfrenta agora uma fome generalizada. De acordo com as últimas informações, dezenas de milhares de pessoas morreram de desnutrição nos últimos meses. As vidas de milhões de pessoas estão ameaçadas.

A mídia hegemônica atribui a fome casualmente a uma forte seca sem examinar questões de fundo.

Uma atmosfera de "ilegalidade, brigas de gangues e anarquia" também é apontada como uma das maiores causas por detrás da fome.

Mas quem está por trás da ilegalidade e das gangues armadas?

A Somália é categorizada como um "estado falido", um país sem governo.

Mas como ela se tornou um "estado falido"? Há ampla evidência de intervenção estrangeira, assim como apoio às milícias armadas. Criar "estados falidos" faz parte da política externa dos EUA. É parte de sua agenda de inteligência militar.

De acordo com a ONU, a situação de fome prevalece em Bakool e Shabelle, áreas parcialmente controladas pela Al Shahab, uma milícia jihadista afiliada à Al Qaeda.

Tanto a ONU quanto a administração Obama acusaram a Al Shahab de impor uma "proibição de agências de ajuda estrangeiras em seus territórios em 2009". O que as notícias não mencionam, no entanto, é que a Jarakat al-Shabaab al-Mujahideen (HSM) ("Movimento da Juventude em Luta") foi fundada pela Arábia Saudita e financiada por agências de inteligência ocidentais.

O suporte ocidental de milícias islâmicas é parte de um padrão histórico mais amplo de suporte a organizações jihadistas e afiliadas à Al Qaeda em vários países, incluindo, mais recentemente, a Líbia e a Síria.

A grande questão é: que forças externas precipitaram a destruição do Estado Somali no início da década de 1990?

A Somália foi autosuficiente em alimentos até o final dos anos 1970 apesar de recorrentes secas. No início da década de 1980, sua economia nacional foi desestabilizada e a agricultura alimentar destruída.

O processo de desarticulação econômica precedeu a guerra civil em 1991. O caos econômico e social resultante da "economia de recuperação" do FMI preparou o terreno para a guerra civil financiada pelos EUA.

Todo um país com uma rica história de comércio e desenvolvimento econômico foi transformado em um mero território.

Ironicamente, este território possui uma significante reserva de petróleo. Quatro gigantes petroleiras estadunidenses já estavam alertas antes mesmo do começo da guerra civil em 1991.

O início dos anos 1980 foi um ponto decisivo.

O programa de ajuste estrutural do FMI e do Banco Mundial foi imposto na África subsaariana. As fomes recorrentes de 1980 e 1990 são em grande parte as consequências da "economia de recuperação" do FMI e do Banco Mundial.

Na Somália, dez anos de economia de recuperação do FMI jogaram o país numa economia desarticulada e no caos.

No final dos anos 1980, depois de recorrentes "medidas de austeridade" impostas pelo consenso de Washington, os salários no setor público caíram a três dólares mensais.

Tradução e edição de Glauber Ataide

Etiópia gasta U$100 milhões em tanques e recebe U$60 milhões para combater a fome

Enquanto isso, a mídia ocidental, mais uma vez, faz olhos cegos e ouvidos surdos aos gastos militares da Etiópia de 100 milhões de dólares em tanques, enquanto milhões de etíopes somalis passam fome na região de Ogaden.

A Etiópia se lançou a uma outra corrida armamentista, enquanto milhões de etíopes passam fome devido à pior seca na região em 60 anos. De acordo com o primeiro-ministro Meles Zenawi, a Etiópia comprará 200 tanques de combate da Ucrânia, no valor de mais de 100 milhões de dólares. A aquisição coincide com o anúncio, um dia antes, do escritório britânico de ajuda externa de uma doação de 60 milhões de dólares de ajuda de emergência alimentar para a Etiópia.

Mas não se pode deixar de perguntar: a Etiópia precisa de 200 tanques? Não há nenhuma possibilidade real de invasão da Etiópia a partir de qualquer país vizinho, considerando que este país já tem o maior exército e o mais bem equipado da África.

Um dos principais motivos apontados é que a Etiópia precisa de 200 tanques para conduzir a luta contra as campanhas de contra-insurgência das revoltas étnicas, que se espalham cada vez mais pelo país. De Ogaden, no sudeste de Tigay, no norte, para Gambella, no oeste, e agora também para Oromia, no sudoeste, o regime etíope precisa ser capaz de reprimir seu próprio povo e a última entrega de armas foi realizada faz muito tempo. Já se passaram 11 anos desde que a Etiópia invadiu a Eritreia e no processo perdeu as suas divisões mais bem armadas, incluindo pelo menos duas num único dia, em um grande desastre chamado batalha de Tsorona.

Os tanques funcionam bem contra os membros da guerrilha precariamente armados, melhor ainda quando se trata de reprimir um levante popular, algo que as agências internacionais de ajuda e a ONU estão plenamente conscientes. Agora que a Etiópia é um país de fornecimento de "tropas de paz" para o Sudão, alguns desses tanques etíopes poderiam ser usados para impor a "Pax Americana" na fronteira sudanesa entre o norte e o sul, incluindo territórios ricos em petróleo.

Enquanto isso, a mídia ocidental, mais uma vez, faz olhos cegos e ouvidos surdos aos gastos militares da Etiópia de 100 milhões de dólares em tanques, enquanto milhões de etíopes somalis passam fome na região de Ogaden.


Tradução de Glauber Ataide

Tradutor de Stalin morre aos 90 anos

Vladimir Yerofeyev, o tradutor pessoal do líder Soviético Josef Stalin depois da II Guerra Mundial, morreu de ataque cardíaco em Moscou nesta última segunda-feira. Ele tinha 90 anos.

Ele será enterrado nesta quinta-feira no Cemitério Vagankovskoye, informou a agência Interfax.

Nascido em Leningrado, Yerofeyev serviu no gabinete central do Ministério Soviético do Exterior em meados de 1940, e foi assistente do colaborador mais próximo de Stalin, Vyacheslav Molotov, de 1949 a 1955.

Durante este período Yerofeyev traduziu para Stalin em suas conversas com líderes franceses, incluindo Chales de Gaulle. Ele também traduziu as cartas de Stalin ao presidente estadunidense Franklin D. Roosevelt e ao primeiro ministro inglês Winston Churchill.

A morte de Stalin em 1953 não impediu a carreira de Yerofeyev de seguir em frente, a qual incluiu cargos nas embaixadas de Senegal e Gabão nos anos 1960 e uma rápida passagem pela UNESCO como secretário-geral de 1970 a 1975.

"Ele era um homem decente, brilhante, maravilhoso", disse Viktor, um dos filhos de Yerofeyev, um proeminente escritor entrevistado pela Interfax na última terça. Em seu romance lançado em 2005, "The good Stalin", Viktor Yerofeyev conta como suas próprias atividades dissidentes nos últimos anos do período soviético atrapalharam a carreira de seu pai.

Com informações de: The Moscow Times

Um símbolo grotesco da fome na África

Mulheres desesperadas apertam seus estômagos com cordas para diminuir dor da fome, comendo praticamente nada para que seus filhos possam se alimentar

É cada vez maior o número de crianças caindo mortas durante a longa e difícil jornada rumo aos campos de refugiados. Aqueles que conseguem chegar ficam mais desnutridos que antes. E, de acordo com as Nações Unidas, o número de pessoas sob ameaça chegou agora a 11 milhões - como se cada homem, mulher e criança na Bélgica estivessem passando fome. Assim, a crise crônica de alimentos no Chifre da África se agudiza em direção a uma fome generalizada.

Uma imagem captura bem a atrocidade degradante enfrentada por milhões. Não é aquela de uma criança de olhos esbugalhados, barriga inchada chorando por comida - apesar de haver inúmeras dessas. É a visão de mães usando cordas para amarrar seus estômagos de forma a amenizar as dores da fome enquanto podem dar o que encontram de comida aos seus filhos - uma paródia grotesca das bandas gástricas usadas para emagrecimento no Ocidente.

Esta perigosa prática já foi destacada pela ActionAid. Zippora Mbungo, uma avó de 86 anos de idade de Makima, Quênia, disse aos funcionários da agência: "Eu amarro esta corda na minha cintura para segurar meu estômago e evitar sentir dor. Na maior parte do tempo temos pouca comida, então eu dou aos meus netos primeiro, sobrando pouco ou quase nada para mim." E acrescenta: "Essa é uma das piores secas que já vi em minha vida." Philip Kilonzo, da ActionAid do Quênia, disse: "Esta prática mostra o quão desesperadas essas mulheres estão. Mas isso pode ser mortal - mulheres morreram depois de subitamente desamarrarem seus estômagos quando a comida apareceu."

O desastre, classificado pela Unicef como "a pior crise humanitária no mundo", é o resultado de uma das mais terríveis secas em 60 anos, a qual levou a repetidas más colheitas e à morte de um grande número de animais de granjas. Cerca de 2,9 milhões de pessoas na Somália - um terço da população - precisa de ajuda humanitária, enquanto em torno de 4,5 milhões, de uma população de 80 milhões, são afetados na Etiópia. No Quênia - a fonte de influência e potência econômica da região -, em torno de 3,5 milhões correm risco de fome, dizem as Nações Unidas. Duncan Harvey, o diretor da Save the Children na Etiópia, diz: "Em termos de números absolutos de pessoas afetadas, esta é uma das piores secas que o mundo já viu por um longo período."

Fome e falta de esperança em suas próprias regiões levaram centenas de milhares a viajar por terras áridas durante dias rumo a campos na Etiópia e no Quênia. No final da última semana, por exemplo, oficiais estadunidenses conversaram com uma mãe que tinha chegado a um campo com seis crianças, incluindo uma com sete anos de idade sofrendo de poliomielite, a qual ela teve que carregar nas costas.

A gravidade dessa provação de longa distância pode ser medida por aqueles que não a fazem. Fora do vasto complexo de refugiados de Dadaab, no Quênia, corpos jovens e já sem vida são abandonados pelos pais sobre o terreno arenoso que leva ao campo. Ninguém sabe quantos morreram antes de chegarem àquele ponto, e, em outros casos, os pais pereceram na jornada, deixando crianças caminhando sozinhas pelo sertão. Andrew Wander, um porta-voz do Save the Children, diz que a agência tem prestado cuidados a mais de 300 crianças desacompanhadas encontradas à beira da estrada depois que os pais morreram ou foram abandonadas.

A agência de refugiados das Nações Unidas diz que cerca de 40% das crianças somalis que chegam a Dadaab estão desnutridas. Mais crianças morreram aqui nos primeiros meses do ano do que em todo o ano passado. A cada dia, mais de 1.400 chegam a este vasto complexo lotado com casas improvisadas de paus e lonas, onde mais de 440 mil pessoas estão abarrotadas dentro e em volta de um campo construído para 90 mil. Alexandra Lapoukhine, da Care International, disse: "Isso tem feito com que o processo de registro demore muito mais. Ao contrário de antes, quando durava poucas horas ou no máximo um dia, agora precisa-se de três ou quatro semanas no mínimo." Ela disse que as Nações Unidas e o governo do Quênia estão no momento tendo reuniões e tentando permissão para expandir o campo.

Casos de estupro e outros ataques violentos contra mulheres dobraram entre os refugiados de conflitos e fome no leste da África, de acordo com membros do Comitê de Emergência de Desastres. O plantel da Care International em dois centros de triagem no campo afirma que casos relatados subiram a 136 nos primeiros seis meses do ano, comparados com 66 no mesmo período em 2010. Lopoukhine disse: "O período mais perigoso para refugiados é quando eles estão no caminho. Mulheres e crianças são especialmente vulneráveis a estupros, sequestros, doenças e mesmo à morte durante a jornada. Muitas mulheres partem sozinhas com seus filhos, deixando os maridos para trás, e elas andam por semanas em busca de comida e segurança."

Na Etiópia, somalis fugindo da seca e da violência intensificada tem chegado ao número de mais de 1.700 por dia. A taxa média de mortalidade nos campos da Etiópia é de sete pessoas a cada 10 mil por dia, quando a taxa normal em crises é de 2 ao dia, disse um oficial do governo estadunidense. A razão das mortes estarem tão altas aqui e por todas a região não é apenas devido à fome mas também devido a doenças que tem se aproveitado de pessoas enfraquecidas pela desnutrição. A Organização Mundial de Saúde disse que há um alto risco de propagação de doenças infecciosas, especialmente poliomielite, cólera e sarampo.

Cinco milhões de pessoas correm risco de cólera na Etiópia, onde a diarréia aguda se espalhou em condições insalubres, disse a OMS nesta sexta-feira. A cólera, uma infecção intestinal, causa diarréia aguda que pode rapidamente levar à desidratação e à morte se não é tratada rapidamente. Há também sarampo, com dois milhões de crianças etíopes em risco: a doença pode ser fatal para crianças. Oficiais etíopes registraram 17.584 casos de sarampo e 114 mortes durante a primeira metade do ano. A doença também se espalhou pelos campos do Quênia, com 462 casos confirmados, incluindo 11 mortes, diz a OMS.

Em resposta à crise de alimentos e de saúde, uma grande operação de ajuda está rapidamente ganhando força. Durante oito dias, os britânicos doaram 18 milhões de libras para o Comitê de Emergência de Desastres. O governo britânico anunciou ontem mais uma ajuda de 52 milhões de libras, a qual irá, entre outras coisas, prover tratamento para quase 70 mil crianças criticamente desnutridas na Somália, oferecer cuidados médicos e água limpa para 130 mil nos campos de Dadaab, ajuda similar a 100 mil nos campos etíopes e prover auxílio extra para 300 mil quenianos, incluindo rações especiais para crianças desnutridas.

Reuben E Brigety, um oficial do Departamento de Estado dos EUA, responsável pela assistência aos refugiados e às vítimas do conflito na África afirmou: "Há muitos profissionais experientes que podem confirmar que não se via uma crise tão grave quanto essa por pelo menos uma geração." E acrescentou: "E ainda vai ficar pior antes de melhorar."

Para fazer uma doação à DEC East Africa Crisis Appeal visite: www.dec.org.uk

Tradução de Glauber Ataide

Nos Simpsons, a URSS é restabelecida e Lenin ressuscita

Abaixo, um divertido trecho dos Simpsons, no qual a URSS é restabelecida e Lenin ressuscita de seu mausoléu dizendo: "Tenho que destruir o capitalismo".

A imagem foi invertida pelo usuário responsável pelo vídeo para tentar driblar a censura do Youtube, que pode removê-lo por questões de copyright.



"Luta armada foi correta"

Último comandante militar da ALN defende execução de Hennig Boilesen, exorciza pecados dos dominicanos, não se arrepende de justiçamento de Marcio Leite Toledo, conta que Goiás fazia parte do mapa da guerrilha e avalia que existia possibilidade de derrota dos militares

Nome: Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, de 60 anos. Codinome: Clemente. Último comandante militar da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização guerrilheira de tendência comunista que empreendeu luta contra a ditadura militar no Brasil, ele afirma que Goiás fazia parte do mapa da revolução brasileira nos anos 60 e 70. A estratégia era deflagrar a guerrilha rural. Com inspiração em Régis Debray, o francês capturado nas selvas da Bolívia ao lado de Che Guevara, em 1967. Clemente retira o peso das costas dos dominicanos pela queda de Carlos Marighella, morto em 4 de novembro de 1969, em São Paulo (SP). Companheiro de armas, o ex-guerrilheiro relata os últimos momentos do goiano Paulo de Tarso Celestino, supostamente morto na Casa de Petrópolis. Mais: explica que não se arrepende do justiçamento de Marcio Leite Toledo, defende a execução de Henning Boilesen e confidencia que mais nomes ligados à repressão integravam a lista de executáveis da organização. Para Clemente, a possibilidade de derrota armada dos militares que deram o golpe de Estado de 1964 no Brasil não era um delírio à esquerda dos jovens da esquerda revolucionária: "a luta armada foi correta e havia possibilidade de vitória".

100 anos do nascimento de Carlos Marighella: ele foi herói ou vilão?

Herói do povo brasileiro. Como por aqui demoramos a reconhecer nossos heróis, Marighella ainda não aparece nos livros de História do Brasil com essa estatura. Zumbi demorou quantos séculos para ser reconhecido? Até quando pensamos, porque fomos ensinados, que a independência do Brasil tinha sido alcançada pelas mãos de Pedro I e não conquistada pelas lutas de nosso povo? Esta é uma de nossas lutas hoje, atualizar nosso ensino. Precisamos ensinar às nossas crianças que houve um golpe de Estado em 1964 e os generais foram ditadores. Quem, como Carlos Marighella, reagiu de armas na mão, lutou pela democracia. Foram resistentes da liberdade.

A queda de Carlos Marighella pode ser debitada única e exclusivamente na conta dos dominicanos, como aponta Jacob Gorender?

As quedas de Marighella e de grande parte do GTA (Grupo Tático Armado) de São Paulo começaram quando nos desviamos de nossa linha inicial, que era de preparar e lançar a guerrilha rural, criando condições para uma luta de longo prazo, e passamos a acreditar que teríamos como desestabilizar o regime com ações armadas de grande repercussão nas cidades. Demos um papel à propaganda armada imediata que ela não tinha antes. Pensamos que estávamos mais fortes do que era verdade, e a ditadura também. A repressão veio com toda violência, milhões foram gastos para nos destruir, arrancaram informações de nossa estrutura através da tortura, e chegaram a Marighella. Isso não tira a responsabilidade histórica dos dois dominicanos que abriram (entregaram) o ponto (encontro) com nosso líder e chegaram a dar a senha por telefone. O Estado ditatorial cometeu o crime de torturar dois brasileiros e forçá-los a trair a confiança de Carlos Marighella e de seus companheiros de armas.

Quem matou Joaquim Câmara Ferreira?

José da Silva Tavares, militante da ALN, entregou o Velho (Joaquim Câmara Ferreira) ao delegado Sérgio Paranhos Fleury. O famigerado e sua equipe prenderam nosso líder, torturaram e assassinaram na madrugada de 23 para 24 de outubro de 1970.

A adoção da estratégia de luta armada não teria sido equivocada?

Não. Em primeiro lugar havia uma necessidade de responder a violência da direita que rasgou a Constituição de 1946 e deu o golpe de Estado. Uma nação soberana e justa se constrói também através das lutas de seu povo. Quando uma parte da sociedade apela para a violência, é bom que aqueles que defendem a democracia e a liberdade respondam com as mesmas armas. Isso vai construindo uma consciência a longo prazo, mesmo se essa luta não conseguir todos os seus objetivos.

Existia a possibilidade de vitória da guerrilha contra a ditadura civil e militar?

Havia, e por isso a reação da direita e do imperialismo norte-americano foi tão violenta e investiram tanto dinheiro no aparelhamento e treinamento de suas forças repressivas.

Onde estariam enterrados os restos mortais de Paulo de Tarso Celestino e Heleni Guariba?

Paulo e Heleni foram traídos pelo Cabo Anselmo e não temos nenhuma informação sobre seus restos mortais, como não sabemos os detalhes de seu desaparecimento. São as informações que queremos quando defendemos a Comissão Nacional da Verdade. O país precisa saber o que aconteceu com os companheiros desaparecidos e suas famílias precisam dos restos mortais para homenagear seus entes queridos. Paulo de Tarso foi um dos companheiros mais próximos. Conheci-o quando voltou de Cuba e nossa ligação foi imediata. Compartilhamos nossas experiências e participamos da Coordenação Nacional montada por Joaquim Câmara Ferreira em 1970. Estivemos juntos na véspera de sua queda. Foi uma das perdas irrecuperáveis da ALN.

Não teria sido um erro o justiçamento de Marcio Leite Toledo?

Uma guerra pressupõe medidas duras e às vezes irreversíveis. A organização vinha sendo atingida duramente e tomamos medidas de defesa. Preferia que não tivéssemos precisado chegar a esse ponto, mas tenho certeza que os danos seriam maiores se houvéssemos hesitado. No nível pessoal, foi uma ação que deixou marcas profundas que não devem ser confundidas com arrependimento. São marcas de guerra que os combatentes carregam pelo resto de suas vidas.

A execução de Henning Boilesen foi uma ação correta?

O justiçamento de Boilesen foi justo, correto e necessário.

A ALN tinha planos de executar mais alguém?

Sim. Alguns estavam no mesmo esquema de Boilesen, o financiamento do sistema repressivo.

Qual proposta concreta lhe fez o cubano Arnaldo Ochoa?

Voltar ao Brasil partindo de Cuba com 100 combatentes cubanos comandados por mim e por ele. Entraríamos em território nacional pelo Rio Amazonas e nos instalaríamos no Centro-Norte do país. Recusei por várias razões: era o ano de 1973 e a ALN já estava quase dizimada; havíamos perdido a maioria dos contatos no campo; restavam poucos combatentes experientes. Porém a mais importante das razões era sermos uma organização de libertação nacional. Isso era um princípio e não negociamos princípios.

Existia alguma possibilidade de viabilidade dessa proposta?

Dela se concretizar, sim. Estivemos, eu e Ochoa, várias vezes no comando do Exército de Havana e ele me mostrou todo o esquema. Desde a organização até o desembarque em terra brasileira.

Goiás fazia parte do mapa da revolução da ALN? Por quê?

A guerrilha rural seria lançada em algum lugar entre o noroeste de Goiás, do Pará, do Maranhão e uma parte do Amazonas. Eram áreas boas para a guerra de guerrilha do ponto de vista geográfico, vegetação, e também devido aos conflitos agrários que nos fortaleceriam e forjariam quadros.

O sr. tem projeto de novo livro? Qual tema?

Tenho meu terceiro livro na gaveta e vou lançá-lo no ano que vem. Conta meu exílio em Paris, minha volta ao Brasil, e ainda histórias da luta armada.

Há projeto de lançamento de CD?

Tenho o projeto de juntar meus alunos de música e gravar um CD com composições minhas. Depois de lançar o livro e terminar dois projetos de cinema, me ocupo disso.

Documentário ou filme?

A Isa Albuquerque, realizadora do Rio de Janeiro, está filmando o documentário "Codinome Clemente" e um longa de ficção com histórias do "Viagem à Luta Armada" e de meu terceiro livro.

O que o sr. está lendo?

"La Supplication — Tchernobyl, Cronique du Monde Après l'Apocalypse" (1997), da bielorrussa Svetlana Alexievitch, que conta o que se passou depois da explosão da usina atômica soviética. Esse livro ainda é proibido na Bielorrussia, pois não esconde o terror daqueles momentos.

Fundação Lauro Campos - [Renato Dias]
Publicado originalmente no Jornal Opção


Curso em vídeo para ler "O Capital", de Marx

Compartilho abaixo o link para um curso em vídeo para ler "O Capital", de Karl Marx, oferecido pelo professor David Harvey, da City University of New York (CUNY), que também é diretor do Center for Place, Culture and Politics.


O professor Harvey tem dado aulas sobre "O Capital" de Marx por mais de 40 anos. Percebe-se pelas lições que ele tem um amplo domínio do assunto, esclarecendo passagens importantes e acompanhando alguns trechos detalhadamente. É possível baixar, no link seguinte, cada uma das aulas do curso, que dão um total de 13.


Abaixo o vídeo de introdução.



Israel enviou para a prisão 800 menores palestinos por atirar pedras

O Estado de Israel julgou e condenou, entre 2005 e 2010, mais de 800 menores palestinos por atirar pedras contra as forças de segurança hebraicas, noticiou nesta segunda-feira a organização de direitos humanos Betselem.

Do total de 835 menores detidos e acusados em tribunais militares, 34 deles tinham entre 12 e 13 anos, 255 entre 14 e 15, e 546 entre 16 e 17, informou a agência AFP.

O grupo israelense de direitos humanos disse que apenas um dos jovens não foi considerado culpado e salientou que os tribunais militares judeus são questionados por não respeitar nem o direito internacional nem o de seu próprio país.

Além disso, há denúncias de abuso e tortura de crianças palestinas, a quem também são negados direitos.

Betselem explicou que 50 dos menores foram presos durante a noite por soldados israelenses que não autorizaram os pais a acompanhá-los.

Dos menores pesquisados pelo órgão, dois terços afirmaram ter sido tratados com violência durante o interrogatório e foram proibidos de ir ao banheiro e comer ou beber.

Na maioria dos casos, as crianças e adolescentes foram condenados à prisão, dos quais 93% receberam penas que iam de vários dias até 20 meses de prisão.

Como se não bastasse, 19 palestinos menores de 14 anos foram condenados à prisão, o que é proibido por leis israelenses.

Ao serem classificados como "prisioneiros de segurança", os menores não puderam ser visitados por seus familiares nem tiveram a oportunidade de fazer chamadas telefônicas.

A organização Betselem alertou as autoridades judaicas a "rever sem demora a sua legislação militar para se alinhar com as leis civis que protegem as crianças em Israel."

Enquanto isso, o exército israelense negou as acusações dizendo que jogar pedras é "um crime, pois pode causar ferimentos graves."

O Exército israelense justifica que é impossível investigar as denúncias de maus tratos, pois se baseiam em declarações anônimas.

Tradução de Glauber Ataide para o Diário Liberdade

A paz com justiça social é possível, lutemos por ela, Nº 24.

Em 07 de julho de 2011, as FARC atacaram em forma simultânea seis municípios, no Departamento (estado) do Valle del Cauca. A ação militar surpreendeu a todo o mundo. A imprensa estava dedicada a anunciar a iminente caída do Comandante das FARC, Alfonso Cano. Vários Ministros do governo e Generais já tinham afirmado que essa Organização guerrilheira estava derrotada.

Como, então, realiza tamanha operação militar em seis municípios no mesmo dia? Há uma explicação, só: O Presidente, os Ministros e Generais da República mentem ao país e ao mundo.

A ação realizada demonstra que a guerrilha tem capacidade operativa para agir em um dos departamentos mais militarizados do país, sem que as Forças Armadas possam neutralizá-la.

O movimento insurgente não está derrotado. Os golpes sofridos são de inteligência, pois onde descobrem que há um Comandante Guerrilheiro, de imediato concentram forças em número excessivo para atacar, como ocorreu com Jorge Briceño, em 22 de setembro de 2010. Militarmente é vergonhoso, até, que para atacar um guerrilheiro tenham que dispor de 30 aviões de guerra, 27 helicópteros e 6 mil homens.

O governo não pode, de jeito nenhum, conter o avanço militar da guerrilha. No seu desespero, então, ataca a população. Que culpa tem um morador se um guerrilheiro, que pelas circunstâncias, necessita em um momento dado disparar desde sua casa contra um objetivo militar? E o mais grave é que o Presidente anunciou que mandaria bombardear as casas desde as quais fossem atacados seus esbirros. Isso nos lembra como entre 1948 e 1957 durante os governos de Ospina Pérez, Laureano Gómez e Gustavo Rojas Pinilla as casas de milhares de famílias liberais foram incendiadas. Por esse crime de lesa humanidade ninguem respondeu.

Uma notícia muito positiva que gostaríamos de destacar de forma antecipada é o anúncio da ex-senadora Piedad Córdoba sobre a possível libertação unilateral de prisioneiros de guerra em poder das FARC. É possível que essa Organização guerrilheira demonstre, mais uma vez, sua vontade política de buscar mediante o diálogo a solução política do conflito social e armado. Segundo ela, no dia 03 de agosto conheceremos os detalhes.

Com a paz com justiça social, todos ganhamos, com a guerra do governo contra o povo, todos perdemos!

A seguir, os resultados dos combates entre as FARC e as forças repressivas do governo, segundo a imprensa nacional e internacional, do 06 a 14 de julho de 2011.

06/07: Em ataque das FARC contra uma patrulha do Exército na zona rural de Argelia, Cauca, morre 1 militar e mais 3 ficam gravemente feridos.
http://www.rcnradio.com

06/07 : FARC ataca com explosivos uma patrulha do Exército em Jambaló, Cauca.
http://www.rcnradio.com

08/07 : Ataque com explosivos das FARC perto de Argelia, Cauca: vários policiais feridos.
http://www.rcnradio.com

09/07 : FARC destroça a estação da Polícia em Toribío, Cauca. Vários agentes do regime ficam feridos e mortos.
http://www.cronica.com.mx

10/07 : Ao menos 20 presos, vários deles guerrilheiros das FARC, fogem do cárcere de Tumaco, Nariño.
http://www.elheraldo.co

10/07 : Santos afirma que as forças do regime têm encurralado o Comandante Alfonso Cano: as FARC respondem mediante ação militar em Corinto, Caldono, Jambaló, Siberia e Mondomo, todos no estado do Cauca.
http://www.elheraldo.co

11/07 : Ataque das FARC em Suárez, Cauca: 2 policiais mortos.
http://www.elheraldo.co

12/07 : Guerrilheiros das FARC eliminam 2 policiais em Apartadó, Antioquia.
http://noticias.terra.com.ar

13/07: Continuam os ataques das FARC contra a Polícia em Toribío, Cauca.
http://www.eltiempo.com

13/07 : Militares caem em campo minado das FARC perto de Fortul, Arauca: 7 uniformados feridos.
http://www.efe.com

14/07 : FARC destrói 2 torres de energia no Catatumbo.
http://www.cronica.com.mx

Por Juan Leonel Pérez

Fonte: ANNCOL

Coronel colombiano admite trama de assassinatos de falsos guerrilheiros

Sua unidade matou 57 civis em troca de benefícios oriundos de "baixas em combate" da guerrilha.

O coronel do exército colombiano Luis Fernando Broja Giraldo admitiu que sua unidade matou de forma premeditada 57 pessoas, vestiu seus corpos sem vida com uniformes de guerrilheiros e posteriormente solicitou os benefícios e permissões especiais relacionadas às "baixas em combate" com a guerrilha. A confissão lhe rendeu uma redução de sua pena de 42 para 21 anos.

O caso confessado pelo coronel, ex-comandante da Fuerza de Tarea Conjunta de Sucre (norte), ocorreu em 1º de novembro de 2007, quando tropas do destacamento a que pertencia deram parte da morte de dois supostos rebeldes em um enfrentamento na pequena localidade de El Pantano. Na investigação judicial, as famílias de dois jovens declararam que eles haviam sido contatados para trabalhar em tarefas agrícolas. Giraldo confessou agora que se tratou de "homicídios premeditados" e apontou a identidade dos oficiais, suboficiais e soldados que participaram de outras ações similares investigadas por fiscais de Direitos Humanos e que podem chegar a cinqüenta.

Desde meados de 2008 surgiram denúncias na Colômbia de muitos casos de desaparecidos ou de baixas em combate que posteriormente foram estabelecidos como assassinatos ou "falsos positivos" [camponeses assassinados que são passados por guerrilheiros - NT]. Desde este ano foram denunciados em torno de 2.000 casos dos quais estão envolvidos 1.487 militares, tendo quase uma centena destes já sentenciados a penas de prisão.

Fonte: PCEML, tradução de Glauber Ataide para o Diário Liberdade.

Os ricos ficam mais ricos, os pobres são despejados

O abismo entre as classes nos EUA se alargou consideravelmente como resultado da crise econômica.

Para a classe trabalhadora, a vida se tornou incrivelmente difícil. Se você é estudante, você enfrenta aumentos nos custos de educação e precisa pegar mais empréstimos. Se você é trabalhador, você enfrenta cortes nos pagamentos ou nos benefícios ou é demitido - e enfrenta também um mercado de trabalho no qual o número de desempregados excede de longe o número de abertura de vagas.

Se você é um dono de fortunas ou alto chefe executivo neste país, você e seus colegas estão se deleitando com quebras de recordes nos lucros, imensos bônus, taxas mais baixas e, para algumas empresas como a General Electric, absolutamente nenhum imposto.

De acordo com a CNN.com: "Dos quase 14 milhões de pessoas consideradas agora desempregadas, um recorde de 44% está sem emprego por mais de seis meses. Antes da última recessão, esses números nunca tinham alcançado os 24%." Esses números representam pessoas reais com famílias para sustentar e contas a pagar!

Um artigo de 2 de julho no New York Times revelou como altos chefes executivos estão numa situação incrivelmente melhor do que o trabalhador padrão:

"O resultado final mostra que a média salarial de altos executivos em 200 grandes empresas no último ano foi de $10,8 milhões... Isso significa um aumento de 23% em comparação com 2009... E isso não significa que a maioria dos trabalhadores está ganhando aumentos gordos. O trabalhador americano médio estava recebendo $752 dólares por semana (em torno de $36.000 por ano) no final de 2010, um aumento de apenas 0,5% em relação ao ano anterior. Depois da inflação, os trabalhadores estavam ganhando ainda menos... A maioria dos americanos não está tendo aumentos nem próximos daqueles dos grandes executivos. Muitos não estão tendo aumento algum - ou nem mesmo salário. O desemprego ainda perdura na casa dos 9%.

Os lucros elevados das empresas estão enchendo os bolsos dos ricos, os quais pela mera propriedade de capital, terra ou por meio de aluguel podem manter um estilo de vida luxurioso sem nem ao menos trabalhar. Tais proprietários são os menos produtivos em nossa sociedade. São sanguessugas sugando nossas comunidades. Sofreram apenas pequenas perdas durante a crise recente, se sofreu alguma, porque seus fantoches no Congresso e na Casa Branca os salvaram com nossos impostos.

Enquanto as pessoas são despejadas todos os dias neste país, com várias se tornando sem-teto, enquanto mais trabalhadores se encontram desempregados, enquanto mais estudantes enfrentam o dilema de deixar a escola e arrumar um emprego para pagar as taxas e empréstimos que não conseguem arcar, os ricos permanecem seguros e confortáveis com os enormes lucros do que nós produzimos.

É necessário uma mudança neste país, precisamos do socialismo!


Por Jesse Thomson-Burns, tradução de Glauber Ataide para o Diário Liberdade

Papel de parede - Che Guevara

Papel de parede de Che Guevara, com uma estrela, a foice e o martelo ao fundo. Dimensões: 1257 x 864. Clique para ampliar e salvar.

Paramilitares decapitam jovem e jogam futebol com sua cabeça

Talvez o maior problema dos noticiários sobre as FARC-EP é que eles nunca contextualizam o conflito existente na Colômbia, o qual se polariza entre os grandes latifundiários ricos e seus grupos paramilitares, de um lado, e os camponeses pobres e as FARC-EP, do outro. Um pouco mais de bom senso poderia exigir dos monopólios burgueses de comunicação que se falasse contra quem as FARC-EP lutam, pois se há um conflito, então é claro que há mais de uma parte beligerante.


O governo da Colômbia não tem apenas o seu exército como braço armado da burguesia. Ele conta também com organizações fascistas paramilitares responsáveis por inúmeros massacres de civis, comprovados por inúmeras entidades internacionais. Essas entidades também apontam em gráficos que entre 90% e 95% das violações dos direitos humanos na Colômbia são perpetrados pelo exército e\ou pelos grupos fascistas paramilitares.

Um exemplo do nível de bestialidade e atrocidade a que chegam esses grupos fascistas é relatado no livro "Revolutionary social change in Colombia - The origin and direction of the FARC-EP", do sociológo canadense e professor da Universidade de Brunswick, James J. Brittain.

Na página 134 da referida obra, Brittain conta como a organização paramilitar fascista AUC (Autodefensas Unidas de Colombia) decapitou um jovem de 17 anos, Marino López, após ter arrancado seus testículos e suas pernas e

"...depois da decapitação, os paramilitares, juntamente com membros do exército, usaram a cabeça de López como bola durante uma partida de futebol em frente à vila de Bijao del Cacarica, no município de Ríosucio, em Chocó (Pérez, 2003). Ao final da partida, os grupos pegaram o crânio sem vida, decepado e todo fraturado, e o fincaram em um poste como ameaça aos demais residentes (Ramírez, 2005: 50)."

E citando outro autor, detalha:

"Assim que os times estavam em campo, o juiz soprou o apito. Cada time tomou suas posições no campo. Então um gandula trouxe um saco grande ao centro do campo, esvaziando seu conteúdo em um ponto equidistante dos dois atacantes que dariam o chute inicial da partida. O público gritou horrorizado. A bola de futebol era a cabeça de Marino Lopez... Por vários minutos, o único som que se podia ouvir era o estalido dos pés dos jogadores sobre o crânio destruído. No sol opressivo daquela interminável manhã, o time paramilitar passou pela defesa de seu adversário e fez dois gols. Depois do segundo gol seu capitão anunciou que a bola não mais servia, e então o jogo teve que ser encerrado. Os jogadores do time do exército tinham que acompanhar. Eles não gostaram de perder, mas o jogo havia sido limpo. Seu atacante, que quase marcou dois gols, se desculpou aos seus companheiros. 'A bola estava horrível', ele disse. 'Espero que da próxima vez ela seja inflada apropriadamente antes do jogo.'" (Garavito, 2004)

Próximo a um conto de horror, casos como este, que não são isolados, são reveladores dos inimigos contra os quais as FARC-EP lutam, e dos quais os camponeses pobres, completamente desamparados pelo estado colombiano, são protegidos.


Espionagem nas organizações de esquerda

Com o vazamento desta informação podemos ver que as organizações de esquerda continuam sob o olhar atento do império.


Governo dos EUA mandou investigar grupos brasileiros que apóiam Hugo Chávez

PCO - Três grupos que apóiam o atual presidente venezuelano são citados no telegrama de John Danilovich, ex-embaixador dos EUA no Brasil: o MST, o Grupo de Ação Simon Bolívar e o Círculo Bolivariano de São Paulo

Na série de novos documentos secretos divulgados pelo WikiLeaks sobre a política nacional estão em destaque aqueles que mostram uma influencia direta do imperialismo na política nacional. Um destes telegramas, um dos últimos de uma série de 2.500 que estão sendo divulgados no Brasil através da agência de jornalismo investigativo Pública , mostra a preocupação e a política do imperialismo de investigar grupos da esquerda nacional que apóiam o presidente venezuelano Hugo Cháves.

Em um telegrama secreto, enviado à Washington em 31 de maio de 2005 pelo então embaixador norte-americano no Brasil, John Danilovich, o governo e embaixada dos EUA trocam informações sobre presença do "bolivarianismo" no Brasil.

O embaixador responde uma série de perguntas feitas pelo Departamento de Estado. Entre as perguntas estão: "Quais são os laços do governo com grupos radicais, partidos anti-sistêmicos, organizações esquerdistas extremistas e/ou terrorista etc.?" "Qual a reação do governo a presença de grupos bolivarianos?", "Há procedimentos de segurança da fronteira com a Venezuela?" e "Qual o status da colaboração militar com o governo Venezuelano?".

As perguntas do Departamento de Estado norte-americano revelam mais uma vez a atividade do imperialismo que busca controlar completamente a política nacional, interferindo em questões que deveriam ser exclusivas da população brasileira.

A resposta do embaixador também deixa clara a atividade norte-americana no país de espionar os grupos de esquerda. No telegrama consta a descrição de atividades políticas realizadas por três grupos, apontados como os mais próximos a Hugo Chaves no Brasil. O primeiro é um grupo de oficiais de Estado ligados ao PT chamado "Grupo de Ação Simon Bolívar". O segundo grupo citado é o "Círculo Bolivariano de São Paulo" e o terceiro, o MST. Em uma parte do telegrama pode se ler o seguinte sobre a relação entre o MST e Chávez: "De acordo com o relatório de outubro de 2003, membro da principal organização do movimento sem-terra do Brasil, o MST, viajou para a Venezuela, aparentemente sem conhecimento do governo brasileiro, onde declara-se que eles encontram-se com o presidente Venezuelano Hugo Chávez e também com grupos indígenas e fazendeiros".

Há ainda relatos da atividade da embaixada da Venezuela no Brasil e de reuniões que este realizou com membros do MST e de sua relação com o PT.

Por fim, há uma análise da influência do "bolivarianismo" no Brasil, onde é destacada que apesar da presença de grupos de apoio à Hugo Chávez no país, este fenômeno ainda é fraco. O telegrama diz em um trecho: "De fato, a falta de maior conexão histórica do Brasil com o movimento bolivariano e um significante desconhecimento completo e falta de interesse em [Símon] Bolívar no público geral do Brasil sugere pouco impulso dentro do Brasil para os esforços de Chávez em apropriar a figura histórica ou contorcer seus princípios para encaixarem-se aos fins de Chávez."

A interferência norte-americana neste tipo de assunto e a espionagem de grupos de esquerda mostram que os interesses dos capitalistas dos EUA são colocados em prática através do controle que estes buscam exercer sobre a política nacional. O que evidencia a relação de exploração existente entre este país imperialista e o Brasil, um país semi-colonial.



Primeiro filme de terror cubano - Juan of the dead

Ainda não vi o filme, portanto, não posso fazer nenhum comentário sobre sua linha política.

Numa mistura de terror e comédia, "Juan of the dead" (ou "Juan de los muertos") é um filme de zumbis que se espalham por Havana. A produção é uma parceira entre Cuba, Espanha e México.

Segundo o diretor, é um tipo de comédia política, da forma com que os cubanos riem de suas dificuldades.

Uma série de acontecimentos estranhos começam a ocorrer por toda parte, mas o governo diz que são casos isolados de grupos dissidentes financiados pelos EUA.

Mas aos poucos Juan (que passou a maior parte dos seus 40 anos de vida fazendo absolutamente nada em Cuba) e seus amigos começam a perceber que os agressores não são seres humanos comuns e que matá-los é uma tarefa complicada. Eles não são vampiros, não são possuídos, e definitivamente não são dissidentes; uma simples mordida deles transforma a vítima em outra violenta máquina de matar e a única forma de derrotá-los é destruindo seu cérebro.


Vejam o trailer de lançamento.



Entrevista com Alfonso Cano, Comandante em Chefe das FARC-EP

Abaixo alguns trechos da entrevista de Alfonso Cano, comandante das FARC-EP, ao jornal espanhol Público (a primeira que ele concede a um meio de comunicação em 19 meses). A tradução para o português foi feita pelo Diário da Liberdade. Cano respondeu às perguntas através de um questionário que devolveu assinado a 21 de maio de 2011 "nas montanhas da Colômbia".

Quais são as razões pelas quais as FARC lutam?

Nossos objetivos são a convivência democrática com justiça social e exercício pleno da soberania nacional, como resultado de um processo de participação cidadã em massa que dirija a Colômbia para o socialismo.


As FARC-EP são a guerrilha mais antiga do mundo. Seguem vigentes os motivos pelos quais iniciaram sua luta armada ou estes mudaram com o tempo?

Nestes 47 anos desatou-se uma vertiginosa transformação na ciência e na tecnologia, elevaram-se os índices de crescimento econômico em muitos países, colapsou o modelo soviético de construção socialista e irrompeu imparável a República Popular da China. No entanto, apesar de todo isso e a muitas outras novidades transcendentes, a fome cresceu no planeta, as injustiças, as fendas sociais e os conflitos persistiram e aumentaram enquanto cerca de 10.000 indivíduos muito abastados decidem a sorte de milhares de milhões de pessoas. As FARC nascemos resistindo à violência oligárquica que utiliza sistematicamente o crime político para liquidar a oposição democrática e revolucionária; também como resposta camponesa e popular à agressão latifundiária e fazendeira que inundou de sangue os campos colombianos usurpando terras de camponeses e colonos, e nascemos, também, como atitude digna e beligerante de rejeição à ingerência do Governo dos EUA na confrontação militar e na política interna de nossa pátria, três razões essenciais que gestaram as FARC tal como se assinala no Programa Agrário de Marquetalia elaborado e difundido em 1964. Uma simples olhada sobre a realidade colombiana de maio de 2011 mostra-nos que, apesar do contexto internacional indicado, estes três fatores germinais persistem e se agravam na atualidade.

Por que faz sentido a luta armada para as FARC e não a defesa através de vias democráticas dos ideais políticos e as transformações socioeconômicas que consideram necessárias?

Porque, na Colômbia, a oposição democrática e revolucionária é assassinada pela oligarquia. O massacre da União Patriótica é a mostra evidente.

Todo líder, qualquer organização não oligárquica que ameace os poderes estabelecidos, é assassinado ou massacrado, como parte de uma estratégia oficial de Segurança Nacional. Os poderosos instituíram-na como caraterística da cultura política e agora a têm incorporado na concepção do Estado.

Extensos capítulos da história nacional que partem de setembro de 1828, quando as facções progringas colombianas de então atentaram contra o Libertador Simón Bolívar, até estes anos, passando pelo assassinato do Grande Marechal de Ayacucho, Antonio José de Sucre, do líder liberal Rafael Uribe, de Jorge Eliécer Gaitán, de Jaime Pardo Leal, de Luis Carlos Galã, de Bernardo Jaramillo Ossa, de Manuel Cepeda Vargas e de centenas de líderes mais, parecem ratificar um velho e descarnado ditado popular: a oligarquia colombiana não entende senão a linguagem dos tiros.

Aqui nas FARC pensamos que apesar dessa histórica agressão antipopular que carateriza o devir nacional, é realista e inadiável trabalhar a construção de espaços de convergência, onde entre todos os colombianos construamos os acordos que alicercem a convivência democrática. O comandante Jacobo Arena fez questão de que o destino da Colômbia não podia ser a guerra civil, em consequência lutamos, vez ou outra, para encontrar com os diferentes governos uma saída política ao conflito colombiano. Não se conseguiu porque a oligarquia pensa em rendição e nós em mudanças profundas e democráticas à vida institucional e às regras de convivência, mas nem por isso havemos de deixar de lutar por uma solução incruenta como essência de nossa concepção revolucionária e sustento da Nova Colômbia.

Que lições as FARC-EP tiraram da criação do partido União Patriótica?

Foi uma experiência tão cheia de riqueza quanto dolorosa, que devemos analisar e referir permanentemente. Dentro de suas muitas lições lhe poderia mencionar algumas como o difícil que é avançar em um processo de solução política, quando a oligarquia colombiana mantém suas estratégias de paz dos sepulcros e Pax Romana, pois em frente a este projeto mostrou sua mesquinhez e foi essencialmente sanguinária e cruel. Preferiu o assassinato de cerca de 5.000 dirigentes democráticos e revolucionários em uma razzia de corte hitleriano, a abrir espaços a todas as vertentes da esquerda, feito com que de se ter conseguido gerasse uma nova dinâmica na confrontação política e possibilitado a concreção integral dos Acordos da Uribe faz mais de 25 anos.

Com o extermínio da UP não só se perdeu uma geração quase completa de dirigentes revolucionários, a maioria deles de grande dimensão política e imensos valores éticos, cuja ausência hoje é notória no palco público da nação como do continente, também se frustrou, por muitos anos, a possibilidade de assinar um acordo de convivência.

A experiência da UP ensinou-nos que qualquer avanço para a paz que surja de acordos exige a transparência, que qualquer entrave seja esclarecido antes de subir um novo degrau, pois os Acordos de Uribe, origem da UP, foram sabotados pelo Alto Comando militar desde o primeiro momento apesar do qual, todos os comprometidos com ditos acordos, lutamos como Quixotes, por torná-los viáveis.

Mas conseguir a assinatura de acordos de paz na Uribe em 1984 e garantir seu cumprimento total até culminá-los, foi impossível. De modo que os colombianos que empreendemos com grande otimismo e maior entusiasmo uma histórica jornada pela convivência, perdemos essa batalha civilizada em frente aos "inimigos ocultos da paz", que hoje já não se escondem tanto.

Um processo de paz bem sucedido tem como premissa inevitável o apoio lento, decidido, transparente e ativo, da maioria da população.

Não me cabe a menor duvida que as novas gerações de colombianos, em um futuro próximo, renderão honras e farão reconhecimento aos mártires da União Patriótica que "de peito aberto" lutaram por um melhor país para seus filhos, pela democracia e a convivência, com uma generosidade, um despreendimento e uma valentia instâncias.

A seguir à morte de Jorge Briceño em um bombardeio a 22 de setembro, o presidente Santos reiterou que já se enxergava o fim do fim das FARC. Qual sua opinião sobre isto?

Desde 1964 conhecemos tal declaração oficial em boca de diferentes presidentes e ministros de guerra, em ocasiões fazendo de agoureiros, outras vezes em forma de promessa e outras em forma de ameaça, sempre com a pretensão de ocultar as raízes do conflito que fizeram necessária a existência das FARC.

Assim, justificaram a violência terrorista do Estado.

Assim, incrementaram ano após ano o orçamento militar e policial, para bem-estar dos generais e dos senhores da guerra.

Assim, ocultaram desde faz tempo sua própria incapacidade, sua intransigência e a profunda corrupção que corrói as instituições oficiais.

Assim, pretendem ocultar a sua vergonhosa e humilhante genuflexão em frente ao Pentágono Norte-americano e à Casa Branca.

Enquanto não abordarmos seriamente, entre todos, a busca de soluções aos problemas estruturais do país, a confrontação será inevitável. Umas vezes mais intensa, outras nem tanto. Em alguns momentos com a iniciativa militar do Estado, em outros, com a iniciativa popular, em uma trágica ciclotimia que devemos superar, inteligentemente, com grandeza histórica.

Se prosseguir a confrontação, terá mais mortos. De ambos os lados. Mais tragédias para o povo. E não chegarão a paz e nem a convivência para a Colômbia.

Não se trata da morte de um ou de outro comandante guerrilheiro. O conflito não é assim tão simples. As circunstâncias históricas do país são muito particulares. A existência de guerra de guerrilhas revolucionárias na Colômbia não é consequência do voluntarismo de um punhado de valentes ou de uns aventureiros, ou de uns "terroristas" ou de uns "narcoterroristas", tais qualificativos podemos deixá-los para a propaganda oficial. A insurgência colombiana é reflexo do sumum de uma série de fatores estruturais que os diferentes governos não podem insistir, teimosa e criminosamente, em desconhecer.

A oligarquia colombiana conformou uma força pública armada a mais de 500 mil homens, em um país de uns 45 milhões de habitantes com enormes necessidades e carências. Inaudito! Cerca da quinta parte do orçamento nacional que entra anualmente foram aprovados para despesas militares. Investiram-se quase $10.000 milhões de dólares de ajuda norte-americana no Plano Colômbia, para uma guerra fracassada. No entanto, a confrontação prossegue.

Quando bombardearam o acampamento do comandante Jorge Briceño, com quase uma centena de aeronaves que deixaram cair milhares e milhares de toneladas de explosivos durante muitos dias, em um dantesco inferno. Instalaram na periferia do local de tendas de campanha com espelhinhos e presentes e roupa nova, sapatos Reebok e Nike convidando os guerrilheiros através de alto-falantes, durante semanas, à traição e à deserção.

Tudo o que obtiveram foi uma heroica resposta militar da guerrilha, colmatada de moral e de consciência revolucionária, que produziu centenas de baixas na força de ocupação oficial e o pedido em massa de entrada de novos guerrilheiros na região e em muitas outras zonas do País.

A proximidade da paz democrática, da convivência e da justiça social não pode ser medido em litros de sangue. Isso o sabe o país e certamente o presidente Santos.

Em seu último informe a ONG colombiana Novo Arco Íris, que faz acompanhamento do desenvolvimento do conflito militar cruzando informações oficiais e de analistas, embora reconheça a supremacia aérea do governo, disse que os combates em terra lhes são notoriamente adversos.


Fonte: Anncol

Aumentam suicídios na Europa devido à crise do capitalismo

A crise financeira iniciada em meados de 2008 provocou um aumento no número de suicídios de pessoas em idade de trabalho na União Européia (UE), invertendo assim uma tendência à baixa que já vinha por vários anos, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira por The Lancet.

Os estudiosos examinaram índices de mortalidade de 10 países da atual UE.

Seis deles (Áustria, Reino Unido, Finlândia, Grécia, Irlanda e Holanda) já eram membros da União em 2004, e os quatro outros (República Checa, Hungria, Lituânia e Romênia) entraram posteriormente.

Em 2008, os suicídios de pessoas abaixo dos 65 anos nos seis países que já formavam parte da UE aumentou quase 7% em relação a 2007, indica o estudo.

O aumento foi particularmente forte na Grécia (17%) e na Irlanda (13%), duas das economias mais afetadas pela crise.

Isso "está de acordo com estudos históricos que mostram aumentos imediatos nos suicídios, associados com indicadores prévios de crises, como a agitação no setor bancário, que gera subsequente desemprego", dizem os pesquisadores.

Nos quatro países que entraram na UE depois de 2004, o número de suicídios aumentou 1% em 2008, mas a alta se acelerou em 2009, quando as perdas de postos de trabalho se fizeram sentir.

Este ano, o aumento relativo foi superior ao dos países já presentes na UE em 2004, que contam com um sistema de bem-estar social mais desenvolvido.

A taxa de desemprego dos 27 países da UE aumentou 2,6 pontos, ou seja, um aumento relativo de 35% entre 2007 e 2009.

A mortalidade total se manteve estável nos 10 países estudados, o qual é resultado de uma diminuição do número de acidentes de trânsito devido principalmente ao menor uso dos automóveis, como consequência da crise e do desemprego.

Por sua vez, isso resultou numa diminuição do número de órgãos disponíveis para transplantes, provenientes em muitos casos de pessoas que sofreram acidentes de trânsito em países como Irlanda e Espanha, onde houve uma queda de mais de 25% de falecimentos por esta causa.