Truman marcou data para jogar 300 bombas na União Soviética


Em 1949, o governo dos EUA aprovou o plano “Dropshot”. Sinteticamente, tratava-se de jogar sobre a URSS 300 bombas atômicas e 250 mil toneladas de explosivos convencionais. O plano estabelecia uma data para o início do bombardeio atômico da URSS: 1º de janeiro de 1957. Como frisou o historiador que o revelou (após ser desclassificado da categoria de “secreto” em 1978), Anthony Cave Brown, “o plano americano Dropshot de guerra mundial contra a União Soviética foi elaborado em 1949 por uma comissão da Junta de Chefes de Estado Maior com autorização e conhecimento do presidente Truman” (“Dropshot. The United States Plan for War with the Soviet Union in 1957”, N.Y., 1978).

Durante quase 10 anos ele foi o norte da estratégia ianque em relação à URSS: “Dropshot, plano para uma terceira guerra mundial (....) governou o pensamento estratégico [americano] dos anos 50” (John J. Reilly, “World War in 1957”, Part I).

Como relata Brown, a data de 1957 era um adiamento. A anterior era 1º de janeiro de 1950. Na época, as 300 bombas eram todo o estoque nuclear dos EUA. Elas seriam jogadas sobre as 100 principais cidades soviéticas. Como não existiam ainda os mísseis balísticos intercontinentais, eram previstos 6.000 vôos para lançá-las, às milhares de toneladas de bombas “convencionais”. A Junta de Chefes de Estado Maior já havia começado os exercícios para atingir Moscou, Leningrado, os Urais, a área do Mar Negro, o Cáucaso, Arkhangelsk, Tashkent, Alma-Atá, Baikal e Vladivostok. Somente sobre a região do Mar Negro, seriam enviados 233 bombardeiros - e atiradas 32 bombas atômicas. Nesse momento, o nome dado ao plano era “Troiano”. Em suma, assumia-se que o ataque era de surpresa, à traição.

O bombardeio da URSS em 1950 não se levou a efeito porque a Força Aérea chegou à conclusão que – nas palavras de um dos seus comandantes, major-general Anderson – não podia “a) completar inteiramente a ofensiva aérea” planejada e “b) assegurar a defesa aérea dos EUA e Alaska”.

Daí o adiamento da guerra nuclear para 1957, quando, segundo pressupunha o plano Dropshot, já teriam resolvido esses detalhes – como se, nesse tempo, a URSS não aumentasse, como aumentou, a sua capacidade de se defender.

Com esse adiamento não concordava o general Curtis Le May, na época comandante da força aérea americana na Europa – e, depois, comandante da força aérea e membro da Junta de Chefes de Estado Maior até o governo Kennedy. Segundo Le May, era preciso imediatamente “despovoar vastas dimensões da superfície terrestre, deixando só vestígios da atividade material do homem” (Brown, pág. 5). Vinte anos depois, em suas memórias (“America in Danger”), Le May se queixaria: “tínhamos o poder de destruir por completo a Rússia sem machucarmos sequer as mãos”.

Desde 1945, logo depois de ter matado 250 mil civis em Hiroshima e 150 mil em Nagasáqui, o establishment ianque planejava outro ataque nuclear. Dessa vez a um país que era, na época, oficialmente aliado e amigo. Nesse ano, a Junta de Estado Maior fez uma lista de 20 cidades soviéticas para alvo de bombardeio atômico. As 20 cidades soviéticas eram: Moscou, Leningrado, Gorky, Kuibishev, Baku, Tashkent, Cheliabinski, Nizhni Taguil, Magnitorsk, Sverdlovsk, Novosibirisk, Omsk, Sarátov, Kazan, Perm, Tblisi, Novokuznetsk, Grozni, Irkutsk, Yaroslavl. Os EUA já haviam aprontado 196 bombas atômicas. A URSS não possuía nenhuma. A resolução 432/D do Comitê Conjunto de Planejamento Militar (14/12/1945) dizia: “segundo nossos cálculos, utilizando as 196 bombas atômicas que compõem 100% das reservas, os EUA estariam em condições de causar tal destruição que o golpe poderia ser decisivo”. E o documento 329 do Comitê Conjunto de Informação da Junta esclarece que espécie de destruição: “a capacidade de destruir concentrações humanas é uma das propriedades relevantes da arma atômica”.

Não se tratava de planejar “retaliação” em caso de suposta agressão. Não havia nem ameaça de agressão. Tanto a Junta quanto o Departamento de Estado reconheciam que a URSS “não era um perigo imediato”. A Junta queria fazer o ataque pelo risco de que os avanços tecnológicos da URSS a capacitassem a “um ataque aos EUA ou a defender-se de nosso ataque”. Em suma, queriam impedir qualquer possibilidade de resistência a submeter o mundo. E, acrescentavam, as bombas atômicas deviam ser usadas “para a destruição maciça de cidades” (Michael Sherry, “Preparing for the Next War. American Plans for Postwar Defense”, 1941-1945, Yale University Press, 1977, pág. 57).

Logo que produziram mais bombas, o plano foi ampliado: em 1948, o plano “Charioteer” previa no primeiro momento, 133 bombas atômicas sobre 70 cidades soviéticas (oito para Moscou e sete para Leningrado), e mais 200 bombas atômicas nos dois anos seguintes, além de 250 mil toneladas de bombas “convencionais”. Um plano derivado, o “Fleetwood”, previa a data de 1º de fevereiro de 1949, para o lançamento das 133 bombas atômicas (“Containment: Documents on American Policy and Strategy, 1945-1950”, NY, 1978).

Alguns meses depois, uma comissão chefiada pelo general Harmom, da Força Aérea, estimou que “A fase inicial da ofensiva atômica provocará, pelo menos, 2 milhões e 700 mil mortos e 4 milhões de vítimas adicionais”. O relatório Harmon terminava assim: “...as vantagens do uso imediato da arma atômica devem estar acima de tudo. Devem ser empreendidos todos os esforços razoáveis com o objetivo de preparar os meios para levar rápida e eficazmente o máximo número de bombas atômicas aos alvos planificados”.

Mas, então, a URSS produziu a sua primeira bomba atômica. Tornou-se impossível realizar o bombardeio nuclear da URSS sem contar com alguma resposta no mesmo nível. No entanto, não desistiram. Apenas adiaram a data para 1º de janeiro de 1957. Depois, já com Eisenhower (que, ao contrário de Truman, era extremamente enfronhado e interessado no assunto, ao ponto de não faltar a uma reunião do Conselho de Segurança Nacional durante oito anos - Truman foi a 11 delas entre mais de 50; Kennedy nem aparecia lá), foram feitas algumas correções: documentos dos anos 1954 e 1955 mostram que o ataque planejado para dois anos depois, era agora em 118 cidades soviéticas, que receberiam 750 bombas atômicas em apenas duas horas. Num desses documentos, havia a prazerosa observação: “Duas horas, e não restará mais do que um montão de ruínas radioativas”. (David A. Rosenberg, “A Smoking Radiation Ruin at the End of Two Hours”, International Security, 1982, p. 34).

A data de 1º de janeiro de 1957 teve também que ser abandonada. Os soviéticos, como era de se prever, tinham aumentado a sua capacidade de defesa, tonando inviável destruir a URSS, como diria o general Le May, “sem machucar sequer as mãos”. É verdade que nem isso os fez desistir de todo: em 1962, em meio ao bloqueio de Cuba, Le May e seus colegas da Junta de Estado Maior, e Robert Mcnamara, um moleque de recados de Nelson Rockefeller, propuseram a Kennedy o bombardeio nuclear da URSS, com a “garantia” de que podiam destruir os estimados 50 mísseis intercontinentais que os soviéticos tinham, antes que fossem disparados. Kennedy, que não era maluco, “não se entusiasmou e preferiu não testar a garantia” (John J. Reilly, “World War in 1957”).



Recorde no número de americanos na pobreza


O número de americanos vivendo na pobreza subiu para 46,2 milhões no último ano, conforme dados oficiais

Este é o número mais alto desde que o US Census Bureau iniciou sua coleta de dados em 1959.

Em termos de porcentagem, a taxa de pobreza subiu para 15,1%, comparado com 14,4% em 2009.

A definição estadunidense para pobreza é uma renda anual de $22.134,00 ou menos para uma família de quatro pessoas, e $11.139,00 para uma única pessoa.

O número de americanos vivendo abaixo da linha da pobreza subiu pelo quarto ano consecutivo, enquanto que a taxa de pobreza é a mais alta desde 1993.

Os dados também revelaram que a pobreza entre negros e hispânicos é maior do que entre o restante da população dos EUA.

O Census disse que 25,8% da população negra está vivendo na pobreza, assim como 25,3% da população hispânica.

Este relatório mostrou ainda que a média da renda familiar anual dos EUA caiu 2,3% em 2010, para $49.445,00.

Enquanto isso, o número de americanos sem planos de saúde permaneceu na faixa dos 50 milhões, e a taxa de desemprego por volta dos 9%.

Fonte: BBC

Sócrates: "A estrutura política cubana é extremamente democrática"


Abaixo um interessante trecho de uma entrevista do ex-jogador Sócrates ao jornalista Juca Kfouri.

Folha - Por falar nisso, em toda essa impressionante onda de carinho que cercou você nesses dias, há também quem diga que de democrata você não tem nada porque deu o nome de Fidel a seu caçula. É mais uma de suas contradições?

Sócrates - De fato, estou tirando muita coisa de positivo neste meu quase nascer de novo. Quanto ao Fidel Castro, símbolo da Revolução Cubana, como Che Guevara, as pessoas estão mal informadas. No nosso país se conhece muito pouco o que acontece fora daqui e mesmo aqui dentro. A estrutura política cubana é extremamente democrática. Eu queria que meu filho nascesse lá, eu queria ser um cubano. Nós estivemos lá agora, nós fomos passear! Peguei minha mulher e fui lá, passear, curtir lampejos de humanidade. Um povo como aquele, numa ilhota, que há mais de 60 anos briga contra um império, só pode ser muito forte, e ditadura alguma faz um povo tão forte. Ditadura não é tempo de serviço, necessariamente é qualidade de serviço. Em Cuba, o povo participa de tudo, em cada quarteirão. E aqui? Pra quem você reclama? Você vota e não tem pra quem reclamar.

Fonte: FSP




Hino da Internacional Socialista

Abaixo o hino da Internacional Socialista, com legendas em português e imagens ao fundo. Na semana passada eu havia feito uma primeira versão só com as legendas, mas uma única imagem estática por toda a música deu a impressão de estar "faltando alguma coisa".


Stalin está de olho em você


Os comunistas russos advertem aos oficiais corruptos: "Stalin está de olho em você". 

Este é o mote da campanha do novo comitê contra a corrupção, lançado pelo segundo maior partido da Rússia, o Partido Comunista. 

Os comunistas estão reivindicando os métodos de Stalin para combater a corrupção naquele que é considerado um dos países mais corruptos do mundo.

O comitê leva o nome de "J. V. Stalin", e a idéia é incentivar as pessoas comuns a denunciar e tornar públicas as informações sobre oficiais e funcionários públicos corruptos através de um site e de um número de telefone.

"Nós devemos trabalhar de tal maneira que o camarada Stalin ficasse orgulhoso de nós", diz uma versão piloto do site.

Fonte: The Telegraph


A Internacional (com legendas)

Abaixo o hino dos trabalhadores de todo o mundo, A Internacional, com legendas que adicionei em português.




Eduardo Galeano e a questão ambiental

Quatro frases que fazem o nariz do Pinóquio crescer:

1- Somos todos culpados pela ruína do planeta.

A saúde do mundo está feito um caco. "Somos todos responsáveis", clamam as vozes do alarme universal, e a generalização absolve: se somos todos responsáveis, ninguém é. Como coelhos, reproduzem-se os novos tecnocratas do meio ambiente. É a maior taxa de natalidade do mundo: os experts geram experts e mais experts que se ocupam de envolver o tema com o papel celofane da ambiguidade.

Eles fabricam a brumosa linguagem das exortações ao "sacrifício de todos" nas declarações dos governos e nos solenes acordos internacionais que ninguém cumpre. Estas cataratas de palavras - inundação que ameaça se converter em uma catástrofe ecológica comparável ao buraco na camada de ozônio - não se desencadeiam gratuitamente. A linguagem oficial asfixia a realidade para outorgar impunidade à sociedade de consumo, que é imposta como modelo em nome do desenvolvimento, e às grandes empresas que tiram proveito dele. Mas, as estatísticas confessam.

Os dados ocultos sob o palavreado revelam que 20% da humanidade comete 80% das agressões contra a natureza, crime que os assassinos chamam de suicídio, e é a humanidade inteira que paga as consequências da degradação da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da água, do enlouquecimento do clima e da dilapidação dos recursos naturais não-renováveis. A senhora Harlem Bruntland, que encabeça o governo da Noruega, comprovou recentemente que, se os 7 bilhões de habitantes do planeta consumissem o mesmo que os países desenvolvidos do Ocidente, "faltariam 10 planetas como o nosso para satisfazerem todas as suas necessidades". Uma experiência impossível.

Mas, os governantes dos países do Sul que prometem o ingresso no Primeiro Mundo, mágico passaporte que nos fará, a todos, ricos e felizes, não deveriam ser só processados por calote. Não estão só pegando em nosso pé, não: esses governantes estão, além disso, cometendo o delito de apologia do crime. Porque este sistema de vida que se oferece como paraíso, fundado na exploração do próximo e na aniquilação da natureza, é o que está fazendo adoecer nosso corpo, está envenenando nossa alma e está deixando-nos sem mundo.

2- É verde aquilo que se pinta de verde.

Agora, os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde, e o Banco Mundial lava sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. "Nas condições de nossos empréstimos há normas ambientais estritas", esclarece o presidente da suprema instituição bancária do mundo. Somos todos ecologistas, até que alguma medida concreta limite a liberdade de contaminação.

Quando se aprovou, no Parlamento do Uruguai, uma tímida lei de defesa do meio-ambiente, as empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: "os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro."

O Banco Mundial, ao contrário, é o principal promotor da riqueza, do desenvolvimento e do investimento estrangeiro. Talvez, por reunir tantas virtudes, o Banco manipulará, junto à ONU, o recém-criado Fundo para o Meio-Ambiente Mundial. Este imposto à má consciência vai dispor de pouco dinheiro, 100 vezes menos do que haviam pedido os ecologistas, para financiar projetos que não destruam a natureza. Intenção inatacável, conclusão inevitável: se esses projetos requerem um fundo especial, o Banco Mundial está admitindo, de fato, que todos os seus demais projetos fazem um fraco favor ao meio-ambiente.

O Banco se chama Mundial, da mesma forma que o Fundo Monetário se chama Internacional, mas estes irmãos gêmeos vivem, cobram e decidem em Washington. Quem paga, manda, e a numerosa tecnocracia jamais cospe no prato em que come. Sendo, como é, o principal credor do chamado Terceiro Mundo, o Banco Mundial governa nossos escravizados países que, a título de serviço da dívida, pagam a seus credores externos 250 mil dólares por minuto, e lhes impõe sua política econômica, em função do dinheiro que concede ou promete.

A divinização do mercado, que compra cada vez menos e paga cada vez pior, permite abarrotar de mágicas bugigangas as grandes cidades do sul do mundo, drogadas pela religião do consumo, enquanto os campos se esgotam, poluem-se as águas que os alimentam, e uma crosta seca cobre os desertos que antes foram bosques.

3- Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.

Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas... As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco-92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.

No grande baile de máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.

A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo, onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles. Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil.

Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político.

4- A natureza está fora de nós.

Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu-se de mencionar a natureza. Entre as ordens que nos enviou do Monte Sinai, o Senhor poderia ter acrescentado, por exemplo: "Honrarás a natureza, da qual tu és parte." Mas, isso não lhe ocorreu. Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado. E merecia castigo.

Segundo as crônicas da Conquista, os índios nômades que usavam cascas para se vestirem jamais esfolavam o tronco inteiro, para não aniquilarem a árvore, e os índios sedentários plantavam cultivos diversos e com períodos de descanso, para não cansarem a terra. A civilização, que vinha impor os devastadores monocultivos de exportação, não podia entender as culturas integradas à natureza, e as confundiu com a vocação demoníaca ou com a ignorância. Para a civilização que diz ser ocidental e cristã, a natureza era uma besta feroz que tinha que ser domada e castigada para que funcionasse como uma máquina, posta a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão.

Muito recentemente, inteiramo-nos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos, e sabemos que, tal como nós, pode morrer assassinada. Já não se fala de submeter a natureza. Agora, até os seus verdugos dizem que é necessário protegê-la. Mas, num ou noutro caso, natureza submetida e natureza protegida, ela está fora de nós. A civilização, que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento, e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem, enquanto o mundo, labirinto sem centro, dedica-se a romper seu próprio céu.


Maioria dos alemães orientais sente que a vida era melhor no comunismo

A notícia abaixo foi publicada pelo jornal alemão burguês Der Spiegel, em 2009. Apesar da notícia não ser tão nova e não concordamos com algumas das afirmações editorais sobre a Alemanha Oriental, ainda assim consideramos que seu conteúdo, por ser um testemunho obtido diretamente do inimigo de classe, possui grande força de persuasão. A pesquisa revela a superioridade do socialismo em relação ao capitalismo, comprovada diretamente por aqueles que viveram nos dois sistemas.

Obs: A notícia original é tão tendenciosa que em seu título lemos: "Nostalgia por uma ditadura". Confira a tradução inglesa neste link.


Maioria dos alemães orientais sente que a vida era melhor no comunismo

A apologia da República Democrática Alemã está em alta, duas décadas depois da queda do muro de Berlim. Os jovens e os mais ricos estão entre os que desaprovam as críticas segundo as quais a Alemanha Oriental era um "Estado ilegítimo". Numa nova pesquisa, mais da metade dos antigos alemães orientais defende a RDA.

A vida de Birger, nascido do Estado de Mecklenburg-Pomerânia Ocidental no nordeste da Alemanha, poderia ser vista como uma história do sucesso alemão. O muro de Berlim caiu quando ele tinha dez anos. Depois de se formar no colegial, ele estudou economia e administração em Hamburgo, morou na Índia e na África do Sul, e depois conseguiu um emprego numa companhia na cidade ocidental de Duisburg. Hoje, Birger, 30, planeja velejar no Mediterrâneo. Ele não quis usar seu nome verdadeiro nesta reportagem, porque não quer ser associado à antiga Alemanha Oriental, que ele vê como "um rótulo com conotações negativas."

Mesmo assim, sentado num café em Hamburgo, Birger defende o antigo país comunista. "A maioria dos cidadãos alemães orientais tinha uma vida boa", diz ele. "Com certeza, não acho que aqui é melhor." Por "aqui", ele quer dizer a Alemanha reunificada, que ele submete a comparações questionáveis.

"No passado havia a Stasi [polícia secreta da Alemanha Oriental], e hoje existe (o ministro de interior da Alemanha Wolfgang) Schäuble - ou o GEZ (o centro de arrecadação de impostos das instituições de rádio e televisão públicas da Alemanha) - que coleta informações sobre nós." Na opinião de Birger, não há diferenças fundamentais entre a ditadura e o momento atual. "As pessoas que vivem na linha de pobreza hoje não têm liberdade para viajar."

Birger não é de forma alguma um jovem sem instrução. Ele está consciente da espionagem e da repressão que aconteceram na antiga Alemanha Oriental, e, segundo ele, "não era uma coisa boa que as pessoas não pudessem sair do país, e muitos foram oprimidos". Ele não é fã do que acredita ser uma nostalgia desprezível pela antiga Alemanha Oriental. "Eu não construí um templo para adoração dos pickles Spreewald na minha casa", disse ele, referindo-se à conserva que fazia parte da identidade da Alemanha Oriental. De qualquer forma, ele não perde tempo em argumentar contra os que criticam o lugar que seus pais chamavam de lar: "Não dá para dizer que a RDA era um estado ilegítimo, e que tudo está bem hoje".

Como um defensor da ditadura da antiga Alemanha Oriental, o jovem compartilha da visão da maioria das pessoas da parte oriental da Alemanha. Hoje, vinte anos depois da queda do muro de Berlim, 57%, ou a maioria absoluta, de alemães orientais defendem a antiga Alemanha Oriental. "A RDA tinha mais pontos positivos do que negativos. Havia alguns problemas, mas a vida era boa lá", dizem 49% dos entrevistados. Oito por cento dos alemães orientais se opõem veementemente a todas s críticas à sua antiga terra natal e concordam com a declaração: "a RDA tinha, na maior parte, pontos positivos. A vida lá era mais feliz e melhor do que na Alemanha reunificada de hoje".

O resultado dessas pesquisas, divulgado na sexta-feira em Berlim, revela que a glorificação da antiga Alemanha Oriental atingiu o cerne da sociedade. Hoje, não é mais uma mera nostalgia eterna que chora a perda da RDA. "Uma nova forma de Ostalgia (nostalgia pela antiga RDA) se constituiu", diz o historiador Stefan Wolle. "A ânsia pelo mundo ideal da ditadura vai muito além das antigas autoridades governamentais." Até os jovens que quase não tiveram experiência com a RDA a estão idealizando hoje. "O valor de sua própria história está em jogo", diz Wolle.

As pessoas estão ignorando os defeitos da ditadura, como se as críticas ao Estado fossem um questionamento de seu próprio passado. "Muitos alemães orientais percebem as críticas ao sistema como um ataque pessoal", diz o cientista político Klaus Schroeder, 59, diretor de um instituto na Universidade Livre de Berlim que estuda o antigo Estado comunista.

Ele alerta a respeito dos esforços para subestimar a ditadora SED por parte dos jovens cujo conhecimento sobre a RDA é derivado principalmente de conversas familiares, e não tanto daquilo que aprenderam na escola. "Nem mesmo metade desses jovens na parte oriental da Alemanha descrevem a RDA como uma ditadura, e a maioria acredita que a Stasi era um serviço de inteligência normal", concluiu Schroeder num estudo de 2008 feito com estudantes. "Esses jovens não podem, e na verdade não querem, reconhecer o lado sombrio da RDA."

"Retirados do paraíso"

Schroeder fez inimigos com declarações como essa. Ele recebeu mais de quatro mil cartas, algumas delas furiosas, em resposta a reportagens sobre seu estudo. Birger, de 30 anos, também enviou um e-mail para Schroeder. O cientista político agora compilou uma seleção de cartas típicas para documentar o clima opinativo no qual a RDA e a Alemanha unificada são discutidas na parte oriental da Alemanha. Parte do material proporciona um insight chocante sobre os pensamentos dos cidadãos decepcionados e irritados. "Sob a perspectiva atual, acredito que fomos retirados do paraíso quando o muro caiu", escreveu uma pessoa, e um homem de 38 anos "agradece a Deus" por ter tido a chance de viver na RDA, acrescentando que só depois da reunificação da Alemanha ele observou a existência pessoas que temiam por sua existência, pedintes e pessoas sem-teto.

A Alemanha de hoje é descrita como um "Estado de escravos" e uma "ditadura do capital", e alguns autores das cartas rejeitam a Alemanha por ser, em sua opinião, muito capitalista ou ditatorial, e certamente não democrática. Schroeder acha essas declarações alarmantes. "Temo que a maioria dos alemães orientais não se identifiquem com o atual sistema sociopolítico."

Muitos dos autores das cartas são pessoas que não se beneficiaram da reunificação da Alemanha ou que preferem viver no passado. Mas também incluem pessoas como Thorsten Schön.

Depois de 1989, Shön, um artesão de Stralsund, cidade do mar Báltico, a princípio atingiu um sucesso depois do outro. Apesar de não ser mais dono do Porsche que comprou depois da reunificação, o tapete de pele de leão que ele comprou numa viagem à África do Sul - uma das muitas que fez ao exterior nos últimos 20 anos - ainda está estendido no chão de sua sala de estar. "Não há dúvida: eu tive sorte", disse o homem de 51 anos. O grande contrato que ele conseguiu durante o período após a unificação tornou as coisas mais fáceis para Schön abrir seu próprio negócio. Hoje ele tem uma visão clara de Strelasund direto da janela de sua casa avarandada.

"As pessoas mentem e trapaceiam em todo lugar hoje"

Objetos de Bali decoram sua sala de estar, e uma versão em miniatura da Estátua da Liberdade fica ao lado do seu DVD player. Apesar de tudo, Schön senta-se no sofá e conta com entusiasmo sobre os bons e velhos tempos na Alemanha Oriental. "Antigamente, as áreas de camping eram lugares onde as pessoas desfrutavam da liberdade juntas", diz ele. O que ele mais sente falta hoje é "daquele sentimento de companheirismo e solidariedade". A economia da escassez, completada pelas trocas, era "mais como um hobby". Se ele tem uma ficha na Stasi? "Não estou interessado nisso", diz Schön. "Além do mais, seria muito desapontador."

Sua avaliação sobre a RDA é clara: "No que me diz respeito, o que tivemos naquela época foi menos ditatorial do que temos hoje". Ele quer ver salários iguais e pensões iguais para os moradores da antiga Alemanha Oriental. E quando Schön começa a reclamar da Alemanha unificada, sua voz contêm um elemento de satisfação consigo mesmo. As pessoas mentem e trapaceiam em todo lugar hoje, diz ele, e as injustiças de hoje são simplesmente perpetradas de uma forma mais astuta do que na RDA, onde não se ouvia falar de salários de fome e pneus de carro cortados. Schön não tem nada a dizer sobre suas próprias experiências ruins na Alemanha atual. "Estou melhor hoje do que antes", diz ele, "mas não estou mais satisfeito."

O pensamento de Schön envolve menos a lógica fria do que a necessidade de defender seu ponto. O que o torna particularmente insatisfeito é "o modo falso como o Oeste pinta o Leste hoje". A RDA, diz ele, "não era um Estado injusto", mas "meu lar, onde minhas conquistas eram reconhecidas". Schön repete obstinadamente a história de como levou anos de trabalho duro para ele começar seu próprio negócio em 1989 -antes da reunificação, ele acrescenta. "Aqueles que trabalharam duro também foram capazes de se dar bem na RDA". Isso, diz ele, é uma das verdades que são persistentemente negadas nos programas de debate, quando os alemães ocidentais "agem como se os alemães orientais fossem todos um pouco tolos e ainda deveriam estar de joelhos em gratidão pela reunificação". O que exatamente há para ser celebrado, Schön se pergunta?

"Memórias tingidas de cor-de-rosa são mais fortes do que as estatísticas de pessoas tentando escapar e os pedidos de vistos de saída, e ainda mais fortes do que os arquivos sobre assassinatos no muro de Berlim e sentenças políticas injustas", diz o historiador Wolle.

São as memórias de pessoas cujas famílias não foram perseguidas e vitimizadas na Alemanha Oriental, de pessoas como Birger, de 30 anos, que diz hoje: "Se a reunificação não tivesse acontecido, eu também teria tido uma vida boa".

A vida como um cidadão da RDA

Depois de se formar na universidade, diz, ele teria sem dúvida aceitado uma "posição de gerência em alguma empresa", talvez da mesma forma que seu pai, que era o presidente de uma cooperativa de fazendeiros. "A RDA não tinha nenhuma influência na vida de um cidadão da RDA", conclui Birger. Essa visão é compartilhada por seus amigos, todos eles com estudo superior e filhos de ex-alemães orientais, nascidos em 1978. "Reunificação ou não", concluiu o grupo de amigos recentemente, de fato não faz diferença para eles. Sem a reunificação, suas opções de viagem seriam Moscou ou Praga, em vez de Londres e Bruxelas. E o amigo que trabalha no governo em Mecklenburg hoje provavelmente teria sido um oficial leal ao partido na RDA.

O jovem expressa suas visões de forma equilibrada e com poucas palavras, apesar de parecer um pouco desafiador em alguns momentos, como quando diz: "Eu sei, o que estou dizendo não é tão interessante. A história das vítimas é mais fácil de contar."

Birger não costuma mencionar sua origem. Em Duisburg, onde ele trabalha, quase ninguém sabe que ele é da Alemanha Oriental. Mas nessa tarde, Birger está disposto a contradizer "a história escrita pelos vitoriosos". "Na percepção do público, há apenas vítimas e carrascos. Mas as massas ficam à margem."

Eis alguém que se sente pessoalmente afetado quando o terror e a repressão da Stasi são mencionados. Ele é um acadêmico que sabe "que ninguém pode consentir com os assassinatos no muro de Berlim". Entretanto, no que diz respeito às ordens dos guardas no muro de matar os que tentassem fugir, ele diz: "Se há um grande sinal ali, você não deveria ir lá. Foi totalmente negligente".

Isso levanta uma antiga questão mais uma vez: existia uma vida real em meio à fraude? Subestimar a ditadura é visto como o preço que as pessoas pagam para preservar seu autorrespeito. "As pessoas estão defendendo suas próprias vidas", escreve o cientista político Schroeder, descrevendo a tragédia de um país dividido.

Por Julia Bonstein
Tradução: Eloise De Vylder

Khrushchev mentiu sobre Stálin, afirma historiador

O dia 25 de fevereiro de 1956 é, sem dúvida alguma, um dos mais importantes da história do século 20, porque reflete uma mudança radical na política da União Soviética - que era, então, uma das duas superpotências do mundo. Nesse fatídico dia, o então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Nikita Sergeevich Khrushchev, proferiu seu famoso "Discurso Secreto" sobre o suposto culto à personalidade e suas consequências, em uma sessão fechada do 20º Congresso do PCUS. O conteúdo exposto visava minar a imagem de Josef Stálin, principal dirigente internacional comunista por mais de três décadas, secretário-geral do PCUS até sua morte, em 1953, e apresentá-lo como um monstro sanguinário e tirânico. Para tanto, foi relatada uma série de acusações, vilanias que Stálin teria cometido contra a "legalidade socialista".

O discurso de Khrushchev teve um efeito devastador no movimento comunista internacional, desintegrando a unidade que fora conseguida com enorme esforço ao longo de décadas de luta. Muitos militantes se revoltaram contra o legado revolucionário de Stálin, que, há poucos anos, era símbolo de esperança por um novo mundo, e aderiram às posições khrushchevistas. Outros se mantiveram fiéis e passaram a criticar a nova liderança soviética, e houve também aqueles que simplesmente abandonaram suas lutas e perderam a esperança. E, não só isso, o discurso deu munição para a propaganda ocidental anticomunista, tornando-se um dos pilares do paradigma totalitário que até hoje domina a produção acadêmica de História acerca da União Soviética.

Muito já se escreveu sobre este acontecimento e vários pesquisadores chegaram à conclusão de que alguns dos pontos levantados por Khrushchev eram falsos, como, por exemplo, a esdrúxula afirmação de que Stálin conduzia as operações militares da Grande Guerra Patriótica (como os russos chamavam a Segunda Guerra Mundial), utilizando um simples globo terrestre. No entanto, ninguém havia analisado profundamente o "Discurso Secreto" com o intuito de verificar todas as outras afirmações presentes nele, até o historiador americano Grover Furr encarar tal tarefa (veja em www.averdade.org.br entrevista com o professor Grover Furr).

O resultado foi um primoroso trabalho de investigação histórica, lançado em inglês sob o nome "Khrushchev lied", que em português significa "Khrushchev mentiu". O professor Furr chegou à conclusão de que todas as afirmações do líder soviético eram falsas. Apresentou, para tanto, as devidas fontes documentais para cada uma das afirmações, com metade do livro dedicada a transcrições de documentos ou outras fontes utilizadas, além dos vários links para páginas na internet com documentação hospedada.

O julgamento de Zinoviev e Kamenev

Não é possível abordar neste pequeno artigo cada um dos vários tópicos investigados por Furr, porém, apenas para dar uma ideia do impacto desta obra, apresentarei um ponto que julguei interessante, relacionado ao famoso julgamento de Zinoviev e Kamenev, em 1936.

Este julgamento é largamente apresentado como uma farsa planejada por Stálin para eliminar seus opositores políticos, assim como os outros dois juízos que compõem os chamados Processos de Moscou. No entanto, Furr transcreve um trecho de uma carta privada de Stálin para Kaganovich, que claramente demonstra um Stálin muito diferente. Ele não aparece como um forjador, como a mente por trás dos resultados das investigações policiais, mas sim como alguém que tenta compreender o que está ocorrendo através do material investigativo enviado a ele. Seria Stálin tão hipócrita a ponto de enviar uma carta a um camarada do Politburo (a direção do PCUS), fingindo que não sabia o que estava ocorrendo? Ou ele simplesmente não mandara fuzilar seus opositores? E é aí que reside um dos pontos fortes da obra: a riqueza documental à disposição do leitor nos faz pensar e repensar cada frase do autor, cada acontecimento relatado, sempre trazendo à tona dúvidas que nos fazem avançar rapidamente na leitura em busca de respostas.

À parte tal riqueza de fontes na contra-argumentação ao "Discurso Secreto" de Khrushchev, a obra de Furr contém uma seção que apresenta sua interpretação histórica do processo político soviético. Baseado em sua extensa pesquisa e na do historiador russo Iúri Zhukov, Furr argumenta que o 20º Congresso do PCUS foi reflexo da própria dinâmica interna do socialismo soviético, do conflito entre os primeiros-secretários regionais do Partido e o Politburo, encabeçado por Stálin. O próprio Khrushchev foi, durante muito tempo, primeiro-secretário do Partido em Kiev (capital da Ucrânia, uma das principais repúblicas soviéticas) e também de Moscou, capital da URSS.

Este conflito tem raízes na própria estrutura de poder da União Soviética, que dava brechas para a acumulação de poder e de privilégios por parte dos primeiros-secretários. Stálin percebeu este problema e, além de criticar duramente os burocratas carreiristas, tentou minar o poder deles. Sua principal arma foi a Constituição de 1936 e o novo Código Eleitoral, criado pelo próprio Stálin em conjunto com Iakovlev. De acordo com Furr e Zhukov, este novo código eleitoral - que previa eleições secretas, diretas e competitivas - batia de frente com as pretensões dos primeiros-secretários do Partido que, até então, mantinham-se em seus cargos por indicação.

Este quadro pintado pelo historiador Grover Furr nos permite compreender melhor o conteúdo do "Discurso Secreto" de Khrushchev, que se converte de uma denúncia dos crimes de um tirano sanguinário em um poderoso golpe político.

O 20º Congresso do PCUS surge então não como uma autocrítica da liderança soviética, mas como o símbolo da consolidação do poder de uma elite privilegiada do Partido, que nada queria com o socialismo. E para conseguir desarticular os que ainda afirmavam a linha revolucionária do Partido, nada mais sábio do que destruir a imagem de seu mais respeitado líder, Josef Stálin.

(Paulo Gabriel é estudante de História da UnB)

Fonte: A Verdade

"As Farc não serão e não podem ser derrotadas"

Em entrevista exclusiva ao jornal A Verdade, James J. Brittain, sociólogo, ph.D. em sociologia com ênfase em economia política e professor assistente do Departamento de Sociologia da Acadia University, no Canadá, fala sobre as Farc-EP (sigla das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo), contando um pouco de sua história e esclarecendo vários mitos difundidos sobre a guerrilha. Brittain passou mais de cinco anos vivendo em meio às Farc-EP, participando de várias de suas atividades, conhecendo suas estruturas e entrevistando combatentes e camponeses residentes nas regiões sob domínio da insurgência. Parte dessa pesquisa, juntamente com uma extensa bibliografia, resultaram em seu livro Revolutionary social change in Colombia - the origins and direction of the Farc-EP, lançado em 2010, e que já é considerado referência básica no assunto.


A Verdade - Há quanto tempo você vem pesquisando sobre as Farc-EP? Conte-nos um pouco da sua experiência na Colômbia junto à guerrilha.

James Brittain - Desde o fim da década de 1990 eu tenho me interessado e tentado compreender as complexidades da guerra civil colombiana, particularmente do ponto de vista dos mais marginalizados. Isso me levou à realidade daqueles em luta direta com a classe dominante na Colômbia - isto é, me levou a um encontro pessoal com as Farc-EP. Quando comparada com muitas outras partes da América Latina - onde algum tipo de mudança social é vista ou percebida como aparentemente funcional dentro dos limites do modelo eleitoral liberal democrático - a Colômbia demonstra uma realidade bem diferente, e com isso, a necessidade do conflito direto de classe. Isso me levou a começar a me comunicar com a guerrilha e mais tarde, a conduzir pesquisa de primeira mão em áreas sob seu controle/operação durante grande parte da última década.

Que circunstâncias objetivas levaram à formação das Farc-EP?

A resposta é bem complexa, mas vou tentar responder. De forma resumida, muitos daqueles oprimidos por uma grave exclusão social, pela repressão estatal, por um governo apático e pelo agravamento das condições econômicas perceberam que romper relações de classe limitadas e desiguais por meios convencionais era, literalmente, impossível. Em resposta à expansão de interesses capitalistas e a um estado engajado em atividades coercitivas extremas contra uma população rural, e sendo este estado, ao mesmo tempo, inativo na promoção de serviços de saúde, seguro social agrário e uma enorme lista de serviços sociais como educação, as Farc-EP se estabeleceram durante os anos 1960 como um coletivo de autodefesa camponês que criticava a interferência imperialista na Colômbia, enquanto colocava em prática estratégias de reforma agrária e modelos alternativos de desenvolvimento via aliança operário-camponesa. Isso, no entanto, ocorreu apenas depois de décadas de tentativas de alcançar alguma forma de mudança social através de desenvolvimento alternativo e meios pacíficos. Sem nenhuma outra possibilidade, as Farc-EP foram constituídas, então, em maio de 1964.

As Farc-EP são uma organização marxista? A guerrilha perdeu hoje sua motivação ou orientação ideológica inicial, como é divulgado pela imprensa burguesa?

Nos últimos 47 anos as Farc-EP se desenvolveram num movimento sociopolítico complexo e organizado, com membros de todos os setores da sociedade colombiana; populações indígenas, afrocolombianos, trabalhadores rurais sem terra, intelectuais, sindicalistas, professores, setores do proletariado urbano e por aí vai - todos esses lutando por desenvolvimento social através da realização de uma sociedade socialista - e é, com certeza, um movimento baseado na tradição marxista. Como foi notado por Bernard-Henri Lévy após entrevistar membros da guerrilha, o marxismo-leninismo das Farc-EP "não me lembra nada que já tenha ouvido ou visto em qualquer outro lugar... isso é um impecável comunismo; juntamente com Cuba, este é o último comunismo na América Latina e, certamente, o mais forte".

Uma das razões pelas quais muitos ingenuamente pensam que a guerrilha "perdeu sua direção ideológica" pode ser baseada na estratégia de longo prazo das Farc-EP de compreensão e aplicação do marxismo no contexto de uma realidade colombiana.

Desde sua formação as Farc-EP permanecem comprometidas à práxis da transformação revolucionária das relações sociais na Colômbia. Para que isso ocorra é necessário que a revolução seja das, com e para as populações marginalizadas dentro do país, o que levou as Farc-EP a confiar na consciência interna e no suporte das classes trabalhadoras rural e urbana. Já foi bem documentado que a guerrilha foi pouquíssimas vezes apoiada - se é que foi mesmo apoiada - por auxílio estrangeiro, e tem, ao contrário, sustentado sua luta pela base. Mesmo em grande solidariedade, a guerrilha se dissociou, tanto material quanto imaterialmente, da União Soviética antes do seu colapso, o que é uma forte indicação de por que a guerrilha não sofreu perdas materiais quando o regime soviético implodiu. De fato, esta estratégia orgânica fez que as Farc-EP se fortalecessem sociopoliticamente e aumentassem por todo o país durante um período em que outras guerrilhas latino-americanas, que eram em parte dependentes de apoio soviético ou cubano, se enfraquecessem ou que passassem de seu radicalismo para uma retórica mais liberal de aspirações políticas.

As Farc-EP têm alguma ligação com o plantio de coca ou com o tráfico de drogas?

Uma tremenda desinformação tem sido apresentada neste assunto. Contrariamente à crença popular, as Farc-EP foram, por muitos anos, severamente contra o cultivo de plantações relacionados à indústria da droga. No entanto, à medida que a economia rural e as colheitas diminuíram ao passar dos anos, como resultado de políticas neoliberais - e não havia mais retorno em plantações tradicionais - muitos camponeses não tinham muitas opções a não ser subsidiar suas rendas com o cultivo de marijuana e, posteriormente, coca. Pelo fato de as Farc-EP serem um movimento do, com e para o povo, seria hipócrita por parte da guerrilha exigir dos camponeses, pela força, que abandonassem uma plantação que lhes fornecia alguma forma de renda no ambiente político-econômico em que se encontravam. No entanto, pensar que isso faz das Farc-EP traficantes de drogas ou "narcoguerrilhas" é, no mínimo, absurdo e revelador de quão pouco aqueles que fazem tais afirmações conhecem ou compreendem da economia política rural da Colômbia.

O ex-conselheiro militar da presidência de Álvaro Uribe Vélez, Alfredo Rangel Suárez, afirmou que "é um erro tratar as Farc como um cartel de drogas porque isso ignora o fato de que o objetivo principal das Farc não é fazer dinheiro com o tráfico de drogas, mas tomar o poder". Pintar as Farc-EP como uma guerrilha associada ao tráfico tem sido uma tentativa estratégica de desmoralizar a práxis das Farc-EP, deslegitimar as intenções sociopolíticas e econômicas da organização e, finalmente, evitar uma solução negociada para a guerra civil. Já foi amplamente comprovado que não existe nenhuma prova para sustentar a afirmação de que as Farc-EP estejam diretamente envolvidas com a indústria da coca. Até mesmo representantes dos governos da Colômbia e dos EUA já insistiram nessa posição. Por anos, oficiais do exército estadunidense, da Drug Enforcement Agency (DEA) e de sua embaixada na Colômbia já afirmaram que o estado nunca obteve nenhuma evidência de que as Farc-EP estivessem envolvidas no transporte, distribuição ou comércio de drogas ilícitas na América do Norte ou na Europa. Além do mais, o ex-presidente colombiano [1998-2002] e ex-embaixador nos EUA [2005-2006] Andrés Pastrana Arango também manteve a mesma posição de que as Farc-EP não estavam de maneira alguma ligadas ao tráfico de drogas. Pastrana revelou que o estado colombiano não conseguiu encontrar "nenhuma evidência de que eles estão diretamente envolvidos com o tráfico de drogas". E indo um pouco além da questão do envolvimento com as drogas, há também a (silenciada) questão do trabalho feito pela guerrilha em limitar a indústria da coca para que não se espalhasse completamente pelos setores rurais do país. Após a recusa das Farc-EP em dar apoio ao cultivo de coca durante os anos 1970 e início dos anos 1980, a insurgência mudou sua posição no final dos anos 1980 e durante os anos 1990.

Permanecendo em oposição à coca, as Farc-EP começaram a trabalhar com a ONU durante os anos 1980 em inúmeros projetos relacionados à substituição de plantio em regiões sob controle da insurgência. Trabalhando independentemente do governo, a ONU adotou as Farc-EP como parceira em programas relacionados ao desenvolvimento social e à substituição de plantações. As Farc-EP nunca promoveram a produção de coca. A insurgência tem por muito tempo encorajado e auxiliado projetos de substituição de plantios em diversos municípios. Durante os anos 1990 e 2000 as Farc-EP apoiaram com sucesso uma mudança de plantações de coca para outros tipos de plantações lícitas na gestão de Micoahumado no município de Morales. As Farc-EP foram, de fato, a primeira organização na Colômbia a incentivar a substituição de plantio - muito tempo antes do problema da coca ficar fora de controle. Hoje, as Farc-EP permanecem engajadas em projetos autônomos para encorajar os camponeses a cultivar plantações de subsistência.

As Farc-EP estão diminuindo e perdendo apoio popular? Elas impõem recrutamento forçado?

Como tem sido admitido recentemente pelo governo Santos, as Farc-EP não só têm apresentado uma inacreditável habilidade para manter seu poder e presença por todo o país, como isso é revelador do apoio que tem a guerrilha. No entanto, é essencial que aqueles no poder apresentem uma hegemonia que pinta as Farc-EP como fracas ou sem apoio civil. Mas quando alguém examina por toda a história as lutas contra o poder dominante, fica claro que qualquer movimento de guerrilha não pode ser conduzido ou manter operações contra forças do estado sem um significativo apoio social e político. Enquanto algumas frentes das Farc-EP têm sofrido alguns golpes nos últimos anos, a insurgência tem sido capaz de não apenas estabilizar campanhas contra alvos escolhidos, mas também tem aumentado suas atividades ano após ano. Por muitos anos, as Farc-EP vêm modestamente ampliando suas campanhas armadas contra as forças do estado (949 em 2004, 1.008 em 2005, 1.026 em 2006, 1.057 em 2007). Mas os últimos anos, no entanto, presenciaram um salto significativo no número de ataques militares da insurgência, em uma média de cinco ao dia (1.614). Ainda 2010 testemunhou o maior número de ataques da guerrilha contra as forças do estado em 15 anos, totalizando mais de 1.947, e mais mortes das forças do estado do que no auge do conflito, no início dos anos 2000. Permanece o fato de que as Farc-EP são o mais longo movimento de guerrilha estabelecido nas Américas e desde o início se desenvolveu num movimento complexo e organizado com 65% de seus membros vindos do campo ou de municípios rurais - dos quais quase 13% são de origem indígena - e os outros 35% de setores urbanos. Isso está muito longe de um movimento que não tem apoio do povo.

Quanto à questão do "recrutamento forçado", a resposta é bem simples: fazer as pessoas lutarem por um movimento de autodeterminação e libertação através da força ou de ameaças resultaria apenas num desperdício de recursos e simplesmente geraria um plantel incapaz de dar resposta às forças do estado, pois estariam ali não para vencer, mas apenas para sobreviver. Ao se examinarem os dados acima, reconhece-se facilmente que, com uma média de seis ataques diários bem-sucedidos contra as forças do estado é possível ver além do que diz a propaganda da mídia dominante.

Qual foi o real objetivo dos EUA com o Plano Colômbia? Como ele afetou as Farc-EP?

A partir da metade dos anos 1990, as Farc-EP demonstraram um crescimento político militar que colocou os militares na defensiva. A partir disso, Washington procurou reforçar as medidas antiguerrilha da Colômbia esperando com isso diminuir a autoridade das Farc. Os EUA não podiam permitir, política ou economicamente, que um movimento de insurgência marxista-leninista chegasse ao poder em nível hemisférico ou geopolítico. Os EUA estavam bem atentos ao crescimento das Farc-EP e sua crescente ameaça aos interesses político-econômicos tanto domésticos quanto internacionais desde antes de 1997-1998. Evidências demonstram que Washington se envolveu com treinamentos às forças colombianas de contrainsurgência e posicionou tropas estadunidenses em regiões específicas do país desde o início dos anos 1990. Em 1990, por exemplo, o posto da CIA na Colômbia era o maior de seu tipo no mundo, e no fim dos anos 1990, os EUA e o estado colombiano já tinham estabelecido a maior campanha de contrainsurgência na história da América Latina, o Plano Colômbia. Para abrandar a oposição em relação ao crescente financiamento da contrainsurgência na Colômbia, o governo Clinton [1993-2001] camuflou o tópico da intervenção militar direta dos EUA sob a retórica de combate ao narcotráfico do Plano Colômbia. Inúmeros analistas já afirmaram que as Farc-EP não serão e não podem ser derrotadas. Alguns deles, como Marc Chernick, notaram que "apesar do constante aumento da capacidade militar do estado, ele ainda não é capaz de derrotar as guerrilhas hoje ou num futuro próximo... sua estrutura organizacional [da guerrilha], sua base de recrutamento e sua habilidade de travar guerra de guerrilhas por todo o território nacional permanecem inalteradas." Especialistas, desde o ex-embaixador dos EUA em El Salvador, Robert White, até o historiador colombiano Herbert Braun, expressaram que Bogotá ou Washington não podem, de nenhuma maneira, derrotar as Farc-EP. Perto de seu final, o Plano Colômbia, com mais de 7,7 bilhões de dólares colocados na estratégia de contrainsurgência, não apenas falhou em derrotar as Farc-EP como testemunhou algumas das campanhas mais ferozes da guerrilha na década.

Glauber Ataide e Leonardo Péricles, Belo Horizonte

Fonte: A Verdade

O Capitalismo, imparável, agoniza

Decorridos três anos após o eclodir da crise estrutural do sistema capitalista global, depois de inúmeras reuniões e conferências dos principais próceres do capitalismo, reunidos em diferentes figurinos - G-5, G-8, G-20, Comissão Europeia, Foruns e Mettings de geometria variável, cimeiras de todos os tipos e participantes, etc - tudo eles têm realizado, tudo têm encenado, utilizando todas as teses e estratagemas, com o propósito central e constante de persuadirem os povos com a falsa imagem de si próprios que tudo seriam capazes de solucionar e resolver e que possuiriam o controle e domínio dos acontecimentos. Mas a realidade, com a força dos factos, resiste às mistificações que sobre ela tecem e desmente-os, todas os meses, todas as semanas, todos os dias.

Três anos depois, a crise aprofundou-se, ganhou novos contornos auto-destrutivos, liquidou panaceias e tímidas tentativas de a controlar e investe com toda a brutalidade contra os trabalhadores e os povos, em todos os continentes. Traço novo da actualidade da crise sistémica do capitalismo é o facto de estar hoje a fustigar não já só os países periféricos e menos desenvolvidos mas os que constituem o centro nevrálgico e mais desenvolvido do capital globalizado: os EUA, a U.Europeia, o Japão, irradiando já os seus efeitos letais sobre os "milagrosos" países de reserva estratégica, os chamados "BRICS", até há pouco considerados como possíveis novas "locomotivas" desenvolvimentistas que iriam assegurar, nesta situação de regressão económica do centro, a reprodução do capital.

Se nos planos económico e financeiro/cambial as notícias são aterradoras para os defensores do capitalismo, a esse quadro objectivo soma-se nestes últimos meses e semanas um outro elemento de caracterização da actualidade muito importante: por todo o mundo, praticamente, eclodem revoltas populares, insurreições, movimentos de contestação do sistema capitalista, novas manifestações de protestos e insubmissões populares, tudo configurando um quadro de resistência e de contestação ao "status quo" dificilmente imaginável há pouco tempo atrás para os analistas e comentadores que, ao serviço dos governos e poderes de turno, desempenham o sujo papel da manipulação ideológica da realidade. Primeiro as revoltas e insurreições populares nos países árabes, depois as grandes manifestações e ocupações insurgentes de ruas e praças em numerosas capitais "ocidentais", a par de vigorosas lutas travadas por diversos movimentos operários nacionais, defrontando as forças repressivas e impondo-lhes grandes recuos e derrotas, com novas expressões da luta de classes, com contornos contestatários novos (são ex. os recentes levantamentos populares em estados norte-americanos) e com a vinda às ruas e à luta de populações que ainda há pouco se poderia pensar estarem "pacificadas", submetidas, recuadas (ex., as grandes manifestações em Telavive - 300.000! -, que ainda decorrem). Nas camadas juvenis, nas gerações mais jovens de assalariados precários e sem direitos, crescem as demonstrações de resistência e de maior disponibilidade para o combate social e para lutas de conteúdo político e de rejeição do sistema dominante.

O mundo muda vertiginosamente, num tempo histórico que parece acompanhar os fenómenos da relatividade descritos por Einstein, "encurtando" os espaços e os tempos. Vencendo as barreiras da desinformação e da intoxicação dos grandes "média" globalizantes, os trabalhadores e os povos sentem-se mais próximos, mais irmanados por uma comum e crescente repulsa pelo actual estado de coisas que ainda vigora no mundo capitalista e, vão unificando paulatinamente energias e vontades de mudança, fazendo crescer a confiança nas suas próprias forças, acreditando mais, a cada dia que passa, a cada luta travada, não importa em que canto distante do globo, que "sim, é possível", lutar e enfim conquistar novos avanços no combate por um mundo novo e melhor. A cada dia que passa, o poder dos banqueiros e dos monopólios perde apoios e antigos simpatizantes e ganha novos adversários, novos opositores.

O capitalismo, como sistema mundial, imparável na sua marcha destruidora e anti-humana, de facto agoniza, entrou definitivamente no seu último trajecto vital. Mergulhado em crise profunda e galopante, roído pelas suas próprias e insanáveis contradições,confrontando-se com a óbvia incapacidade de se auto-reformar, recorrendo de forma crescente à guerra imperialista e de extermínio de povos e países inteiros, defrontando uma resistência crescente das massas trabalhadoras e populares, o sistema capitalista já entrou no período final da sua etapa senil. Brutal, desumano, caminha aceleradamente para o seu fim, neste século XXI que sem dúvida testemunhará o seu afundamento e desaparecimento.

Se os dados da realidade contemporânea nos sustentam esta nova visão sobre um capitalismo agonizante, tal não significa que ele aceite o suicídio. Resistirá à morte que se avizinha, debater-se-á contra as suas próprias mazelas mortais, originará ainda incontáveis crimes e sacrifícios - humanos, sociais, ambientais, civilizacionais - mas desaparecerá nos anos ainda das vidas de muitos de nós. Entretanto, esse processo transformador não terá geração espontânea, não resultará de um gradual transição do velho para o novo, qual crisálida miraculosa. A destruição deste sistema explorador será tarefa dos explorados, dos povos em luta contra a sua etapa imperialista terminal. E isto deve constituir a prioridade central da existência e da actividade dos partidos operários e revolucionários.

Neste espaço já anteriormente se escreveu sobre as perplexidades e os atrasos que se evidenciaram na generalidade dos partidos que se afirmam operários e marxistas-leninistas, quando a maior e mais grave crise do capitalismo eclodiu há três anos atrás, apontando-se nessa altura algumas das possíveis razões para esses atrasos e incapacidades. Tais razões, hoje, pouco nos podem já ajudar a sustentar uma análise rigorosa da actualidade nesta segunda metade de 2011. E, sobretudo, é a realidade actual, na sua dialéctica, que nos "empurra" para uma nova avaliação e um novo rumo a darmos ao combate de classes. Em finais de 2008, foi doloroso e gerou estupefacção ouvir dirigentes comunistas aceitarem como necessário a injecção de grandes somas dos recursos públicos na banca, alegadamente justificada pela necessidade de garantir a liquidez dos bancos(!). Hoje, tais erros são absolutamente imperdoáveis. Não mais é possível justificar tais posições oportunistas com o carácter surpreendente e desconhecido da nova situação criada pelo capital. Estamos obrigados - sempre - a avaliarmos de forma séria e autocrítica os erros que cometemos, aprendendo com a experiência a não mais voltar a cometê-los.

Nesta nova realidade, em mutação histórica acelerada, os revolucionários têm o indeclinável dever, perante os trabalhadores e os povos, de erguer corajosamente a bandeira do Socialismo, apontando o caminho da insubmissão e da luta revolucionária à classe operária e a todos os explorados, mostrando e demonstrando-lhes que não existe qualquer outro caminho, não existem terceiras vias ou percursos alternativos, escapatórias. Para as forças revolucionárias esse caminho, único, sólido, consequente e coerente, será sem dúvida muito áspero, muito exigente. Ser-nos-ão necessários muita determinação, muita coragem política, muita moral revolucionária para o percorrer sem hesitações ou tibiezas acomodatícias. Mas, em alternativa, trair este caminho equivalerá a cair no pântano do oportunismo, da conciliação de classes, da traição aos interesses e tarefa histórica do proletariado, tornando os partidos operários em partes integrantes do sistema de opressão e exploração dos trabalhadores e dos povos.

"Pequeno grupo compacto, seguimos por uma estrada escarpada e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. De todos os lados, estamos cercados de inimigos, e é preciso marchar quase constantemente debaixo de fogo. Estamos unidos por uma decisão livremente tomada, precisamente a fim de combater o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes desde o início nos culpam de termos formado um grupo à parte, e preferido o caminho da luta ao caminho da conciliação." (Lénine - "Que Fazer?")


Saudações das FARC-EP ao XIV Congresso do Partido Comunista da Venezuela

Saudações das FARC-EP ao XIV Congresso do Partido Comunista da Venezuela


Camaradas do PCV e Companheiros Delegados.
Caracas.

Desde as montanhas da Colômbia, com muito afeto, o saúdo comunista dos Guerrilheiros das FARC-EP ao XIV Congresso do PCV, o abraço fraterno às delegações dos Partidos Comunistas e organizações revolucionárias do mundo.

Permitam que expressemos neste magno evento nossa eterna gratidão ao Partido Comunistas da Venezuela pela sua solidariedade na dura luta das FARC-EP pela Nova Colômbia, a Pátria Grande e o Socialismo. A solidariedade do PCV é luminosa e exemplar. Sempre está ai, oferecendo seu apoio moral, todo o tempo, em tormenta ou em calma. Elas nos diz que o internacionalismo solidário, como qualidade e princípio, jamais deve desaparecer da praxes revolucionária. A soma dos ensejos e dos aportes materiais, aproximam a vitória da justiça e a humanidade.

Camaradas: a atual crise estrutural do capitalismo reclama com urgência a unidade dos povos, para a luta que já se configura no horizonte. A batalha é tanto inadiável quanto decisiva, e está chamada a derrotar todos séculos de injustiça dos modos de produção. O capitalismo tem-se envelhecido e debilitado. A conjuntura é propícia para hastear a bandeira do comunismo: A nova era da humanidade, a do fim do fim da exploração do homem pelo homem, das classes e do Estado, a era da justiça e a democracia plena. Que esse encontro de revolucionários em Caracas, berço do Libertador Simón Bolívar, serva para dar os primeiros passos concretos rumo à construção da alternativa anticapitalista, de humanidade, reclamada pelos rebeldes do mundo.

Desde o baluarte de sua soberania política, o PCV tem sido e continua sendo força fundamental na defesa do processo bolivariano. Esse processo enfrenta forças reacionárias muito poderosas encabeçadas pelo governo dos Estados Unidos. Compartilhamos a percepção do PCV de que é um dever de todo revolucionário, lutar para que a revolução bolivariana se consolide como esperança dos povos de Nossa América. Qualquer revés dos revolucionários na Venezuela deve ser assumido como um revés estratégico para a revolução continental. O pensamento bolivariano constitui hoje um poderoso arsenal político na luta, que se pressagia dura, em defesa da Pátria e a revolução.

Viva o Partido Comunista da Venezuela!

“Unidade, unidade, unidade, deve ser nossa divisa.”

Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC-EP
Comissão Internacional
Montanhas da Colômbia, agosto 4 de 2011

Fonte: ANNCOL

Museu de Stalin já ultrapassa 10 mil visitas só em 2011

Há três lugares populares para os turistas na região de Shida Kartli, na Geórgia: Uplistsikhe, Ateni Sioni e a casa-museu de Stalin.

De acordo com Natalia Berianidze, responsável pelo centro de informação em Gori, a maioria dos turistas que vai para essa região está mais interessada em pontos naturais, castelos e casas-museus. E o museu de Stalin é de interesse especial.

O diretor da casa-museu de Stalin, Robert Maglakelidze, afirmou que muitos turistas visitam principalmente este local. "Formalizamos um acordo com 24 agências de turismo internacionais. Nossos visitantes representam 130 países. Apenas neste ano mais de 10 mil turistas já visitaram o museu, o que representa 2 mil a mais que no mesmo período do ano passado".

Cerca de 10 mil pessoas já visitaram neste ano o museu de Stalin na Geórgia, sendo 80% destes estrangeiros. São em sua maioria oriundos de Israel, seguidos por Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Espanha. Há turistas até mesmo de Ruanda e Chad.

Tradução de O Marxista-Leninista
Fonte: Trend

Trabalhadores se crucificam pelados na porta da Iveco

Trabalhadores da Iveco, na Espanha, se crucificam pelados na porta da fábrica em protesto às demissões e à omissão dos sindicatos em tentar reverter a situação.





Venezuelanos marcham por controle operário

No último dia 26 mais de 2.000 trabalhadores marcharam rumo à Assembléia Nacional, em Caracas, pelo aumento do controle operário. Entregando um documento com mais de 45 mil assinaturas, os trabalhadores exigiram que o legislativo aprove a Lei Especial para os Conselhos Socialistas de Trabalhadores e iniciem uma discussão imediata por uma "nova e revolucionária" Lei Orgânica do Trabalho (LOT). Ambas as demandas foram enviadas sob o artigo 240 da constituição venezuelana, a qual permite ao povo o direito de legislar.

"Estes são dois instrumentos legais que os trabalhadores estão exigindo. São essenciais para o avanço do processo de acumulação de forças que permitirá aos trabalhadores realizar seu papel de protagonista na construção de uma nova sociedade", disse Douglas Gomez, do Partido Comunista Venezuelano (PCV).

Convocado pelo Movimento pelo Controle dos Trabalhadores, pelos Conselhos Socialistas de Trabalhadores, pela União Nacional dos Trabalhadores (UNETE), pela Corrente Classista de Trabalhadores e centenas de sindicatos por todo o país, a marcha foi celebrada como um sucesso tanto pelos trabalhadores quanto pelos organizadores.

"Queremos que os trabalhadores sejam a força dirigente por trás do controle da produção nas fábricas, de forma que os produtos não sejam vendidos por preços especulativos nas ruas, e isso será alcançado através do controle operário e do contrato coletivo", disse Felix Martinez, Secretário-Geral do MMC (Novas Gerações dos Trabalhadores da Mitsubishi Motors) em Anzoátegui.

Fernando Soto Rojas, presidente da Assembléia Nacional, prometeu uma rápida resposta às exigências dos trabalhadores, a qual incluirá a divulgação de uma agenda para o debate público sobre as leis antes do recesso parlamentar no dia 15 de agosto.

Conselhos Socialistas de Trabalhadores

A Lei Especial de Conselhos Socialistas de Trabalhadores foi originalmente apresentada à Assembléia Nacional em 2007 pelo Partido Comunista Venezuelano e apoiado pelo presidente Chávez. O presidente pediu aos trabalhadores para se organizarem como uma "força revolucionária" dentro dos locais de trabalho, assim como nas comunidades.

Apesar dos conselhos socialistas de trabalhadores terem sido criados, eles só se tornaram legalmente reconhecidos depois de grandes mobilizações dos trabalhadores e da aprovação da Lei Orgânica do Poder Popular, em dezembro de 2010.

Independente de sindicatos, os conselhos são organizações populares de poder que permitem aos trabalhadores participar nos processos produtivos, administrativos e gerenciais em seus locais de trabalho. Através da Lei Especial dos Conselhos Socialistas de Trabalhadores, os conselhos se tornarão um mecanismo legal através dos quais os trabalhadores poderão desempenhar um "papel protagonista" no desmantelamento das relações capitalistas de exploração e avançar no projeto de controle operário.

A legislação também propõe consolidar os conselhos de uma perspectiva legal para fortalecer sua posição contra esforços contra-revolucionários que visam minar o movimento.

Reuniões regionais dos conselhos socialistas de trabalhadores aconteceram em fevereiro deste ano, e o primeiro encontro anual dos conselhos foi convocado em maio.

Uma lei trabalhista revolucionária

Os manifestantes também exigiram discussão imediata de uma nova e revolucionária lei trabalhista para substituir a existente. Propostas para rever completamente a Lei Orgânica foram inicialmente colocadas em 2003, mas as discussões não aconteceram na Assembléia Nacional Venezuelana.

De acordo com o porta-voz do movimento de trabalhadores, a nova legislação tem que garantir emprego e direitos coletivos e individuais para os trabalhadores. Deve também estabelecer uma estrutura legal para gerenciamento democrático, participativo e coletivo dos trabalhadores.

"Os trabalhadores são o motor da mudança histórica e da transformação social, e por essa razão, uma nova e revolucionária lei que esteja de acordo com a constituição da República Bolivariana da Venezuela é necessária", explicou Rosso Grimau, porta-voz dos Conselhos Socialistas de Trabalhadores.

Os trabalhadores juraram se manter em estado de "mobilização permanente" para vencer a oposição, e uma delegação será enviada para a Assembléia Nacional no dia 9 de agosto para assegurar que o Comitê Nacional Eleitoral recebeu as exigências, assim como para obter detalhes da agenda de debates públicos sobre as duas leis.


Por Rachael Boothroy
Tradução de Glauber Ataide


Entenda o que foi o Muro de Berlim

PRECEDENTES

- 22 de Junho de 1941 – Invasão da URSS pelos alemães (Operação Barbarossa);

- 7 de Dezembro de 1941 – Ataque a Pearl Harbor;

- 17 de Julho de 1942 a 2 de Fevereiro de 1943 – Batalha de Stalingrado, evento que foi essencial para a derrota nazista;

- 3 de Setembro de 1943 – Tratado de paz assinado pelos italianos, rendendo-se aos Aliados;

- 28 de Novembro a 1 Dezembro de 1943 – Conferência de Teerã;

- 6 de Junho de 1944 – Dia D;

- 4 a 11 de Fevereiro de 1945 – Conferência de Yalta;

- 22 de Abril de 1945 – Berlim tomada pelos soviéticos;

- 30 de Abril de 1945 – Suicídio de Adolf Hitler;

- 7 de Maio de 1945 – Nazistas se rendem;

- 17 de Julho a 2 de Agosto de 1945 – Conferência de Potsdam;

- 2 de Setembro de 1945 – Bombas atômicas dos EUA contra o Japão, que o fizeram se render.


CONFERÊNCIA DE POTSDAM

Participantes: URSS — Josef Stalin, Inglaterra — Winston Churchill e posteriormente Clement Attlee, EUA — Harry Truman.

Local: Potsdam, capital do estado de Brandenburg, Alemanha.

Objetivo: Formação de um Conselho de Organização e Controlo, composto pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, União Soviética, França, China e Estados Unidos, que teria como função estudar e propor os textos dos tratados de paz com a Itália, a Roménia, a Bulgária, a Hungria e a Finlândia, além da própria Alemanha. Pretendia ainda dar ao povo germânico a oportunidade de retomar a sua vida em bases democráticas e pacíficas, e banir toda a legislação nazi discriminatória quanto a raça, crença religiosa e opinião política.

A posição da URSS se manteve a mesma até a morte de Josef Stalin: defender uma Alemanha unificada, desmilitarizada e pacífica. Porém, com o fim da Segunda Guerra Mundial, é iniciada a Guerra Fria. O Plano Marshall, um aprofundamento da Doutrina Truman, foi criado pelos EUA para prender os países da Europa Ocidental a seu domínio. Afundando-se em dívidas, o Ocidente capitalista desejava desmembrar a Alemanha, quebrando os acordos firmados em Potsdam. Em 23 de Maio de 1949 a República Federal da Alemanha é criada. DETALHE: a República Democrática da Alemanha (“Alemanha Oriental”) foi proclamada em 7 de Outubro do mesmo ano!!!

Em Berlim, que agora ficava dentro da RDA, continuou sendo permitida a presença de cidadãos da RFA, pois a intenção da RDA e da URSS até então era uma Alemanha pacífica, democrática e unificada. Com a queda de Berlim ao fim da II Guerra, os povos soviéticos e o povo alemão sonhavam com uma pátria unificada e socialista.


O MURO DE BERLIM

O Muro de Berlim foi erguido em agosto de 1961 (portanto após a morte de Stalin, ocorrida em 1953) e em nada se diferiu dos muros da burguesia, como na Palestina, na fronteira do USA com o México, ou nas favelas do Rio de Janeiro.

Com a morte de Stalin, o que passa a ocorrer é que os dirigentes da ainda chamada União Soviética, liderados por Nikita Kruchev propagavam palavras sobre socialismo, mas praticavam atos imperialistas e a restauração do capitalismo na URSS*, como bem caracterizou o presidente Mao Tsé-tung em seu combate ao revisionismo moderno.

O muro durou até enquanto suspirava o social-imperialismo russo. A bancarrota deste sistema de dominação permitiu a muitos revolucionários, ainda iludidos com estas forças, ter uma visão mais clara da realidade e buscar um novo caminho. Países membros do bloco socialista, partidos revolucionários e militantes comunistas devotados que foram durante anos oprimidos ou difamados pelo revisionismo tiveram seu ânimo revigorado e ganharam forças ao redor do mundo.

Foi justamente esse revisionismo, encabeçado por Kruchev e incapaz de atender os anseios das massas, que em 1961 construiu o muro, entrando em profunda contradição com o povo alemão. E a queda do muro só atestou a total falência deste revisionismo.

As empresas sob o social-imperialismo não são tão eficientes, do ponto de vista do capitalismo, como as imperialistas e nem são mais propriedade de todo o povo (o que seria mais próprio em países ditos socialistas – por exemplo, a maior parte propriedade dos meios de produção durante o governo de Stalin era coletivista), como quando sob a direção revolucionária. O resultado não podia ser outro: A inoperância e a burocratização. Apenas a partir daí, com a traição ao socialismo revolucionário marxista-leninista, Muitos cidadãos da RDA passaram a fugir para a RFA, principalmente porque propositalmente a RFA exibia na fronteira com a RDA todo luxo e futilidade da burguesia; tudo isso não passou de um plano para criar na mente dos cidadãos da Alemanha Oriental a ideia de que “os povos capitalistas vivem melhor”. Falharam: hoje é muito comum ouvir da boca dos que viveram na RDA que preferem o comunismo e que o capitalismo causou o declínio da Alemanha. História similar à da Rússia, que tinha tudo para ser a nação mais próspera e socialmente justa do mundo (i.e. sem precisar explorar o trabalhador para tal feito), mas hoje podemos ver o que o capitalismo trouxe a esses países: a maléfica desigualdade social, pobreza, moradores de rua, crianças dormindo em metrôs. Pois é, leitores, a maioria dos ex-soviéticos também preferem uma Rússia comunista. Enquanto isso, a burguesia parasita distorce a história do comunismo, entre suas muitas mentiras a de que a queda do Muro de Berlim significou a “derrota do socialismo”. Se o socialismo perdeu uma batalha, foi para seus inimigos internos: o oportunismo e o revisionismo. E essas derrotas, servindo como amargas lições, são temporárias. Se bem que seja verdade que um império caiu, ele nada tem a ver com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o primeiro Estado Proletário da história, comandado por Lenin e depois por Stalin.

A queda do muro de Berlim não passou de uma vitória comercial. Ela significa a ruína do velho Estado do Bem-estar Social na Europa e do traidor revisionismo.

A derrocada do social imperialismo russo em nada atrasou a luta pelo socialismo no mundo, ao contrário, liberou energias revolucionárias antes subjugadas a ele. Portanto é justo comemorar a queda do muro, mas pelos motivos certos.


Alguns trechos foram escritos por Luiz Carcerelli, do jornal A Nova Democracia
*Para mais informações sobre a restauração do capitalismo na URSS, leia: The Restoration of Capitalism in the Soviet Union, por William Bill Bland