Download do filme A queda de Berlim, épico soviético de 1949


Nunca lançado no Brasil, A queda de Berlim estreou em 1949, na URSS, mas foi retirado de circulação por Kruschev na década de 1950 em suas campanhas de "desestalinização", por considerar o filme "culto à personalidade" de Stalin.  Ficou perdido durante décadas, até que foi restaurado em 2006.

O arquivo disponibilizado abaixo para download é essa versão restaurada, mas com legendas em português que foram realizadas pelo Centro Cultural Manoel Lisboa, do Brasil.

O filme é importante pois mostra uma visão soviética da guerra, isso é, a visão dos verdadeiros vencedores - e de quem mais sofreu com o conflito. As perdas humanas soviéticas são estimadas em 27 milhões de pessoas, números muito superiores aos de qualquer outro país.

A película também mostra a extrema desconfiança com que a URSS via os chamados "aliados", e que seu auxílio à URSS na guerra não foi tão efetivo quanto poderia ter sido. Isso coloca em questão a atual versão histórica contada pelos países imperialistas de que o "Dia D", por exemplo, foi determinante para a vitória sobre o nazismo. Na verdade, como podemos ver nesta entrevista recente do historiador Geoffrey Roberts, a URSS poderia ter vencido a guerra sozinha.

E uma outra curiosidade apresentada pelo filme nesse sentido é a esperança que Hitler tinha de que a qualquer momento os EUA entrariam em Berlim para ajudar a Alemanha nazista contra os soviéticos. Hitler mostra grande "consciência de classe" ao dizer, por várias vezes, que os imperialistas estavam sendo ingratos a ele, pois a luta do nazismo era a favor dos interesses do grande capital.

A queda de Berlim foi oferecido de presente a Stalin pelo seu aniversário de 70 anos. É importante ter isso em mente para compreender melhor algumas felicitações feitas ao personagem Stalin durante o filme, principalmente na cena final.

Abaixo uma pequena descrição do filme, traduzida e editada do release da IHF:

A queda de Berlim

A queda de Berlim, versão restaurada do épico soviético, dirigido por Mikhail Chiaureli, está agora disponível no Brasil. Por décadas notório, mas raramente visto: a recriação soviética da II Guerra Mundial, num momento de extremo prestígio de Stalin para com o povo soviético e os trabalhadores de todo o mundo.

O próprio Stalin trabalhou no roteiro deste filme, refinando os bastidores da guerra e sua própria participação.

Nada foi poupado em sua produção: foram usados 5 divisões de artilharia e de infantaria, 4 batalhões de tanques, 193 aviões e 45 troféus Panzer alemães, assim como 1,5 milhão de litros de combustível para encenar as batalhas panorâmicas.

A memorável recriação da Batalha de Berlim, alcançando seu clímax na encarniçada batalha sobre o Reichstag, impressionou até mesmo os críticos ocidentais devido ao seu intenso realismo e belo espetáculo.

Igualmente memorável é o retrato de Hitler e seu círculo interno apresentado no filme, cuja insensatez e intrigas acontecem em um ambiente que recria a grandiosidade da Chancelaria do Führer e da claustrofobia de seu bunker com uma intensidade surrealista.

Stalin, Kalinin, Churchill, Roosevelt e Goebbels, entre vários outros líderes, são interpretados por atores incrivelmente semelhantes em sua aparência física, o que reforça o realismo deste épico.

O ator que interpreta Stalin, Mikhail Gelovani, por exemplo, é um georgiano que vinha se especializando em interpretar o grande líder soviético desde 1930, e que ficou famoso pela precisão com que reproduzia seus gestos e seu sotaque georgiano.

Um enredo secundário é o romance entre Aliosha, um metalúrgico stakhanovista que deixa a fábrica para lutar na guerra, e Natasha, uma bela e jovem professora, que é capturada pelos nazistas.

Este filme foi oferecido como um presente a Stalin pelo seu septuagésimo aniversário. Foi visto em seu lançamento inicial por mais de 38 milhões de soviéticos e venceu todos os conceituados prêmios Stalin imagináveis. Sua trilha sonora ficou a cargo do famoso compositor soviético Shostakovich.

A queda de Berlim foi abruptamente retirado de circulação por Kruschev, durante as campanhas de "desestalinização" iniciadas em 1953, após a morte de Stalin. 

Tendo recentemente ganhado os direitos sobre os negativos originais, a International Historical Films oferece este épico há tanto tempo censurado em uma versão digitalmente restaurada, com legendas em inglês. A presente tradução para o português foi realizada pelo Centro Cultural Manoel Lisboa.

Download do filme A queda de Berlim (1949)
(Total: 27 arquivos)






















Stalin era antisemita? Artigo de Stalin sobre o antisemitismo


Resposta a uma pergunta da Agência Judaica de Notícias nos EUA

Em resposta à sua pergunta:

O chauvinismo nacional e racial é um vestígio de costumes misantrópicos característicos do período do canibalismo. O antisemitismo, como uma forma extrema do chauvinismo racial, é o vestígio mais perigoso do canibalismo.

O antisemitismo é vantajoso para os exploradores como um para-raios que desvia os golpes destinados pelos trabalhadores ao capitalismo. O antisemitismo é perigoso para os trabalhadores como sendo um falso caminho que os tira do caminho correto e os leva para a selva. Os comunistas, portanto, como internacionalistas consequentes, só podem ser inimigos jurados e irreconciliáveis do antisemitismo.

Na União Soviética o antisemitismo é punível com a maior severidade da lei como um fenômeno profundamente hostil ao sistema soviético. Sob a lei da URSS antisemitas ativos são passíveis de pena de morte.

Joseph Stalin

Fonte: Obras Completas de J. Stalin, vol. XIII
Tradução do inglês por O Marxista-Leninista

Tirem as mãos de Stalin!

Não permitam a reescrita da história!
Tirem as mãos de Stalin!


Hoje é aniversário do Stalin

Nesta última sexta-feira (21) celebrou-se o 133º aniversário de Joseph Stalin, o grande líder bolchevique e principal responsável pela derrota de Hitler e do nazi-fascismo na II Guerra Mundial e pela construção da maior experiência histórica de uma sociedade socialista. 

É um dia de reflexão para todos aqueles que querem construir uma sociedade mais justa, menos desigual. Stalin é um exemplo de abnegação, de disciplina, de firmeza para com os opressores do povo e de doação de toda sua vida pela causa da revolução.

Na foto acima Ushangi Davitashvili beija um busto de Stalin que possui no quintal de sua residência, na Geórgia.

Como lidar com fascistas


Monumento a Stalin restaurado na Geórgia


Uma estátua de Joseph Stalin que havia sido desmantelada em 2011 acaba de ser restaurada na cidade de Akhmeta, na Geórgia. Ela ainda está encoberta, aguardando por uma cerimônia de reabertura nos próximos dias.

Foi durante a noite que essa estátua desapareceu, em 17 de junho de 2011. A prefeitura, à época, afirmou que nada sabia sobre o paradeiro do momumento, e que não havia sido avisada sobre a medida. 

Stalin pode estar voltando também para Gori, sua cidade natal. É que em 25 de junho de 2010 uma estátua do líder bolchevique foi removida da praça principal da cidade, também durante a noite. A medida foi altamente polêmica, e houve protestos dos moradores exigindo a volta do monumento. Não se sabe exatamente onde a peça está atualmente, mas o novo governo, que tomou posse em outubro, prometeu restaura-la. Moradores de Gori também recolheram assinaturas para pressionar.

É altamente simbólico o fato dessas duas estátuas terem sido removidas durante a noite, quando quase ninguém podia ver. Lembra-nos inclusive o ato de dissolução da própria URSS, quando, também à noite, a bandeira vermelha com a foice e o martelo foi substituída pela bandeira nacional da Rússia no Kremlin.

Os ratos precisam agir à noite. Os inimigos do povo sabem que Stalin vive nos corações e mentes dos  trabalhadores conscientes de todo o mundo.


Declaração de 12 Partidos Comunistas da ex-URSS sobre o 95.º aniversário da Revolução de Outubro


Decorreram 95 anos desde a grande Revolução socialista de Outubro. Ela foi e continua a ser o maior acontecimento da história mundial recente. 

O significado mundial da Revolução de Outubro reside no facto de ela ter marcado uma nova era, a do socialismo, que garantiu conquistas tangíveis e incontestáveis aos trabalhadores que tomaram o poder sob a forma de Sovietes operários e camponeses. 

A ditadura do capital foi substituída por um verdadeiro poder popular fundado sobre a propriedade social dos principais meios de produção. Outubro revolucionou o movimento operário internacional. Foi sob a influência direta do seu exemplo que a maior parte dos Partidos Comunistas foi criada. As conquistas alcançadas pelo povo Soviético forçaram o mundo capitalista a fazer concessões sociais aos trabalhadores fora da URSS. 

Durante largos decênios, o país da Revolução de Outubro fixou as normas mais elevadas do mundo em termos de desenvolvimento econômico e direitos sociais, na ciência e na educação. A União soviética foi a principal força a contribuir para a vitória contra o fascismo no período da Segunda Guerra mundial. O heroísmo do povo Soviético inspirou centenas de milhares de combatentes dos movimentos de Resistência, movimentos nos quais os comunistas se encontravam na primeira linha. O movimento de libertação nacional dos povos oprimidos pelo imperialismo e o desmoronamento do sistema colonial teriam sido impossíveis sem a Revolução de Outubro. 

Apesar do refluxo temporário do Socialismo, continuamos fiéis aos ideais de justiça social e do internacionalismo e estamos convencidos das vitórias futuras deste "modo de produção" fraterno. A grande Revolução Socialista de Outubro permanece para todos os comunistas do mundo inteiro uma lição inesquecível, a de uma luta de classe conduzida pelos trabalhadores pelos seus interesses fundamentais. Ela deu ao proletariado mundial um exemplo imortal. Continuará a ser a nossa referência para o futuro.

Partidos signatários

Partido Comunista da Arménia
Partido Comunista do Azerbeijão
Partido Comunista da Abkhazia
Partido Comunista da Bielorrússia
Partido Comunista Unificado da Geórgia
Partido Comunista do Kazaquistão
Partido Comunista do Quirguizistão
Partido dos Comunistas da República da Moldávia
Partido Comunista da Ossétia do Sul
Partido Comunista da Federação Russa
Partido Comunista da Transnístria
Partido Comunista da Ucrânia

O legado histórico da Revolução Russa

Evento no dia 21/11/2012 (quarta), às 19hs, no SINDSEP. Endereço no cartaz abaixo, na cidade de Belo Horizonte.


Monumento de Lênin desmontado no centro de Ulan Bator


Em Ulan Bator, capital da Mongólia, um monumento de Lênin, erigido no centro da cidade há 58 anos, foi desmontado na presença de um grande número de pessoas e jornalistas.

Durante a desmontagem do monumento, um representante da administração da cidade interveio perante o público, fazendo lembrar que mais de 3.000 mongóis se tornaram vítimas de repressões nos tempos de Lênin e de Stalin. Mas o responsável não mencionou que foi nos tempos de Lênin que a Mongólia recebeu importante ajuda da URSS na luta pela independência.

Até o fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética foi o único país que reconheceu a independência da Mongólia.

Fonte: Voz da Rússia

KKE é uma tragédia grega


"Este verbalismo revolucionário [do KKE (Partido Comunista Grego)] na realidade é apenas um pretexto para não participar, para não contribuir na luta de massas popular para derrotar a troika e seu bando.

"Ao invés disso, a liderança do KKE permanece um passivo observador dessas "lutas desorientadas" e organiza em separado seus estéreis e inofensivos protestos. E uma vez punido por sua atitude, prefere ensinar o povo grego "que não compreende a linha do KKE e que deve retificar sua posição"! Talvez não preferiria a liderança do KKE "dissolver o povo e criar um outro"? Essa pretensiosa subestimação do povo grego acontece depois de dois anos de lutas populares que muitas vezes ultrapassou as táticas defensivas da esquerda, atingindo o corrupto sistema político burguês num todo e o núcleo das políticas da troika, acelerando sua queda..."

Leia todo o artigo (em inglês):


Tradução de O Marxista-Leninista

Lenin e a revolução mundial


O trecho abaixo são considerações de Lenin a Clara Zetkin sobre a revolução mundial, registradas no livro "Reminiscências de Lenin", de Zetkin. 

[...]
Considerada num todo, as decisões de nosso Terceiro Congresso* são muito satisfatórias. Elas tem uma importância histórica de longo alcance e realmente marcam um "ponto de virada" na Internacional Comunista. Elas indicam o fim do primeiro período de seu desenvolvimento em direção aos partidos de massa. É por isso que o Congresso tinha que fazer uma limpeza das ilusões "de esquerda" de que a revolução mundial continuará com sua velocidade relâmpago inicial, de que devemos ser impulsionados por uma segunda onda revolucionária e que isso depende apenas do partido e de suas ações para nos levar à vitória. Claro, é fácil "fazer" a revolução como um "ato glorioso do partido sozinho", sem as massas, no papel e no hall de um congresso, em uma atmosfera livre das condições objetivas. Mas essa não é uma concepção revolucionária, mas uma concepção completamente filistina. A "estupidez de esquerda" teve sua mais clara expressão na "Ação de março" e na "Teoria da ofensiva" alemãs.[...]


* Terceiro Congresso da Internacional Comunista.

Tradução de O Marxista-Leninista

Elementos da Filosofia de Hegel no pensamento de Marx


INTRODUÇÃO
Em 1837, enquanto ainda estudante de direito, Karl Marx começa a circular entre os jovens hegelianos de Berlim (BECKENKAMP, 2005). Essa aproximação se mostraria essencial para definir a direção de seu pensamento nos anos seguintes. De fato, o pensamento do jovem Marx pode ser compreendido, segundo Beckenkamp (2005, p. 64), como “uma progressiva superação do idealismo hegeliano e de diversas posições dos jovens hegelianos, culminando na formulação das concepções básicas do materialismo histórico.”
No entanto, por superação não se quer dizer total refutação de um sistema anterior, à maneira de algumas vertentes do ceticismo, por exemplo. Isso por si só já seria contrário à própria dialética hegeliana, mantida por Marx em vários aspectos. O próprio Hegel afirma, em relação a este tipo de ceticismo, que este não pode avançar e nem mesmo construir coisa alguma, pois está muito ocupado em destruir o que é erigido por outros sistemas, sendo que, após destruir tudo, fica ocioso, esperando até que algo de novo seja construído para ele novamente destruir:
“O cepticismo que termina com a abstração do nada ou do esvaziamento não pode ir além disso, mas tem de esperar que algo de novo se lhe apresente – e que novo seja esse – para jogá-lo no abismo vazio.” (HEGEL, 2011, p. 76)
Dessa forma, se a obra de Marx é uma progressiva superação do idealismo hegeliano, e se isso não quer dizer que tenha descartado por inteiro o sistema que constitui seu ponto de partida, quais foram os pontos do pensamento de Hegel que foram continuados através da obra de Marx? É o que tentaremos apontar de maneira muito resumida nas próximas páginas.
EVOLUÇÃO, RUPTURA OU AMBOS?
Segundo Poulantzas (1981), o pensamento de Marx não deve ser considerado como uma mera evolução do pensamento de Hegel. Antes, por se tratar de uma nova ciência, ele se constitui, como sistema, numa ruptura efetiva com as ordenações de noções ideológicas anteriores.
Se é verdade que o marxismo se forjou historicamente a partir das constelações teóricas que o precederam, não é menos verdade que, ao construir um objeto novo, ele muda de terreno, o que implica a descoberta de conceitos originais. (POULANTZAS, 1981).
A obra do jovem Marx é fortemente influenciada por Hegel, e é nela que encontramos sua primeira tentativa sistemática para a superação do sistema hegeliano: sua dissertação de doutorado Diferença da filosofia da natureza democrítica e epicureia, escrita em 1840-1841. Marx toma aqui a tese central de Hegel de que “estão inteiramente representados nos epicureus, estoicos e céticos todos os momentos da autoconsciência, só que cada momento como uma existência particular.” (BECKENKAMP, 2005, p.65).
Segundo Lefebvre (2009), Marx aprofundou a lógica hegeliana e continuou a elaboração do método dialético, retomando o esforço empreendido por Hegel na Fenomenologia do Espírito de esboçar uma história geral da Consciência Humana, retendo, principalmente, sua célebre noção de alienação. No entanto, deve-se ter presente que essa empresa de Marx não consiste numa mera retomada das “categorias da dialética hegeliana, extraídas do idealismo e transplantadas para o materialismo.” (POULANTZAS, 1981, p. 160)
Marx via na dialética de Hegel “a doutrina do desenvolvimento mais vasta, mais rica de conteúdo e mais profunda, a maior aquisição da filosofia clássica alemã.” (LENINE, 1986, p. 9) Um dos elementos desenvolvidos por Hegel e continuado no pensamento de Marx é a constatação de que a análise suficientemente aprofundada da realidade atinge elementos contraditórios. Segundo Lefebvre (2009), a importância da contradição escapou a Descartes e até a Kant. Somente Hegel a tinha percebido, tendo Marx aplicado posteriormente a hipótese hegeliana às condições sociais, econômicas e políticas.
No entanto, apesar da dialética hegeliana “ter chamado a atenção para a importância primordial da contradição em todos os planos (da natureza e da história)” (LEFEBVRE, 2009, p. 33), Hegel acreditou poder definir abstratamente a contradição em geral. Em seguida, se utilizou dessa definição lógica (formal) para reconstruir as contradições reais, os movimentos reais, só que de maneira puramente especulativa, metafísica, apesar da reconstrução do real empreendida por Hegel analisar números conhecimentos adquiridos e outros tantos fatos concretos.
Marx, em sentido inverso, afirma que “a ideia geral, o método, não dispensa de capturar cada objeto em sua essência” (LEFEBVRE, 2009, p. 34). Ou seja, o método é apenas um guia, uma orientação para a razão no processo de conhecimento de cada realidade. Desta feita, a lógica (formal) se submete à matéria estudada, ao conteúdo.
Assim, Marx chega à conclusão de que as ideias que se tem sobre as coisas e o mundo não são mais do que o mundo material refletido na cabeça das pessoas, ou seja, são construídas a partir do contato ativo com o mundo exterior por meio de um processo complexo de que participa toda a cultura. Tais desenvolvimentos de Marx sobre o método hegeliano deitam a base, portanto, do materialismo histórico.
Segundo Poulantzas (1981), a grande ruptura de Marx com a problemática teórica que lhe era anterior, principalmente na filosofia da história de Hegel, é que nesta
“os diversos domínios da realidade social, a economia, o Estado, a religião, a arte, etc., as suas relações e os seus princípios de inteligibilidade, fundam-se na sua origem genética, a partir de um sujeito criador da sociedade e princípio unilinear, no seu autodesenvolvimento da História. Trata-se de uma totalidade circular: todas essas totalidades se consideram engendradas por um centro, constituindo assim expressões desse sujeito central. […] Esse sujeito-essência é, para Hegel, o espírito absoluto.”
Aqui então Marx rompe com a problemática do sujeito e da essência na sua forma especulativa, sendo para ele qualquer forma de sociedade uma estrutura composta de certos níveis objetivos (como o econômico, o político, o ideológico, por exemplo), estrutura no interior da qual o nível econômico tem sempre um papel preponderante, um papel de determinação em última instância do todo. (POUlANTZAS, 1981)
No posfácio à segunda edição de O Capital Marx afirma que seu método dialético é, em seus fundamentos, não apenas diferente do hegeliano, mas exatamente o seu oposto. Para Hegel o processo de pensamento - o qual ele até transforma em um sujeito independente sob o nome de “Ideia” - é o criador do mundo real, e o mundo real é a aparência externa da ideia. No entanto, o que acontece é o oposto: o ideal não é nada além do mundo refletido na mente do homem, e traduzido nas formas do pensamento.
Apesar da “mistificação” que a dialética sofreu nas mãos de Hegel, isso não impediu que ele fosse, no entanto, a apresentar sua forma geral do movimento de uma maneira compreensível e consciente. Em Hegel a dialética está de cabeça para baixo, e é necessário invertê-la para descobrir o cerne racional que se encontra dentro desta aparência mística (MARX, 1990).
Para Marx, a grande realização do idealismo alemão e de sua crítica materialista seria “a compreensão do homem como autor de suas representações e como ser genérico a se realizar enquanto gênero humano." (BACKENKAMP, 2005, p. 71-72) Tal realização do homem teria lugar, segundo Marx, no comunismo, que seria a negação da propriedade privada, a qual, por sua vez, é a negação da verdadeira essência do homem no seio do mundo material e sensível (BACKENKAMP, 2005). Ou seja, o comunismo seria a negação da negação.
Feuerbach havia interpretado de maneira empobrecedora a dialética hegeliana da negação da negação, deixando escapar o que ela tinha de mais interessante. Marx então se propõe a resgatá-la, o que pode ser encontrado nos Manuscritos de 1844. (BACKENKAMP, 2005)
Nos Manuscritos Marx interpreta a dialética da negação da negação como uma expressão abstrata e especulativa do movimento da história:
Mas na medida em que Hegel compreendeu a negação da negação, segundo a relação positiva nela presente, como o realmente e único positivo, segundo a relação nela presente, como o único e verdadeiro ato e auto-atuação de todo ser, ele apenas encontrou a expressão abstrata, lógica, especulativa para o movimento da história, a qual ainda não é história real do homem como um sujeito pressuposto, mas apenas ato de criação, história do surgimento do homem. (BECKENKAMP, apud MARX, 2005, p. 80)
Marx efetua então uma síntese de Hegel e Feuerbach. Hegel, ao pensar o movimento histórico ou a natureza humana como algo que se faz na história, teria pensado o que Feuerbach não logrou pensar. Faltava ao materialismo feuerbachiano a dimensão histórica, a qual é pensada pela dialética hegeliana, só que de forma idealista. (BECKENKAMP, 2005)
Assim, “mesmo que em Hegel não seja compreendida a história real do homem, pelo menos encontra-se nele a perspectiva do pensamento histórico.” (BECKENKAMP, 2005, p. 80)
Hegel conservador, Marx revolucionário?
O conjunto da doutrina de Hegel deu grande margem a que nela se abrigassem as mais diversas ideias partidárias práticas (ENGELS, 1975), como ficou historicamente demonstrado pelas alas hegelianas de esquerda e de direita. Mas era Hegel de fato um conservador? Se sim, como pôde Marx, a partir do sistema hegeliano, desenvolver um pensamento revolucionário?
A tese de Hegel de que “tudo o que é real é racional; e tudo o que é racional é real” teria sido, segundo Engels (1975, p. 82), interpretada de maneira equivocada como “a santificação de tudo que existe, a bênção filosófica dada ao despotismo, ao Estado policial, à justiça de gabinete” e à censura, inclusive por Frederico Guilherme III e seus súditos.
Assim, afirma Engels, esta tese hegeliana, aplicada ao estado prussiano da época, permitia
uma única interpretação: este estado é racional, corresponde à razão, na medida em que é necessário; se, no entanto, nos parece mau, e continua existindo, apesar disso, a má qualidade do governo justifica-se e explica-se pela má qualidade correspondente de seus súditos. Os prussianos da época tinham o governo que mereciam. (ENGELS, 1975. p. 82)
No entanto, pergunta Engels (1975), não era também real república romana, assim como o império romano que a substituiu? Não havia se tornado irreal a monarquia francesa em 1789, isto é, “tão destituída de toda necessidade, tão irracional, que teve de ser varrida pela grande Revolução” (ENGELS, 1975, p. 82), da qual Hegel falava sempre com grande entusiasmo? Aqui, portanto, o irreal era a monarquia e o real, a revolução.
Desta feita, considerando que os estados e os sistemas políticos passam de reais a irreais, eles perderiam assim seu caráter de necessidade, seu direito de existir, seu caráter racional, tornando a tese de Hegel em seu contrário:
tudo que é real, nos domínios da história humana, converte-se em irracional, com o correr do tempo; já o é, portanto, por seu próprio destino, leva previamente, em si mesmo, o germe do irracional, e tudo que é racional na cabeça do homem está hoje com a aparente realidade existente. (ENGELS, 1975, p. 82)
A tese de Hegel se resolveria, portanto, segundo as regras de seu próprio método dialético, nesta outra: “tudo o que existe merece perecer” (ENGELS, 1975, p. 82).
Nisso residiria, segundo Engels (1975), o caráter revolucionário da filosofia hegeliana, pois ela acabou com o caráter definitivo de todos os resultados do pensamento e da ação do homem. Para Hegel, a verdade que a filosofia procurava conhecer já não era uma coleção de teses dogmáticas fixas, mas residia no próprio processo do conhecimento, através do longo desenvolvimento histórico da ciência, da filosofia, nos demais ramos do conhecimento e no domínio da atividade prática.
Se é possível, portanto, reconhecer um aspecto conservador nesta tese de Hegel quando ela legitima determinadas formas sociais, este conservadorismo é apenas relativo. Seu caráter revolucionário, pelo contrário, é absoluto – na verdade, “a única coisa absoluta que ele deixa de pé” (ENGELS, 1975, p. 83).
A alienação
A teoria filosófica da alienação, trazida até nós pela metafísica e pela religião, foi retomada na modernidade por Hegel, mas foi Marx quem lhe atribuiu seu sentido dialético, racional e positivo (LEFEBVRE, 2009).
Os metafísicos definiam o humano por um único de seus atributos: o conhecimento ou a razão. Assim, todos os outros aspectos do homem eram relegados a segundo plano e considerados desumanos. Para Platão, por exemplo, “a vida, a natureza e a matéria são 'o outro' aspecto da Ideia pura (do Conhecimento), isso é, sua decadência.” (LEFEBVRE, 2009, p. 39-40)
Na religião tanto o humano quanto o desumano aparecem como uma alienação da verdade eterna, como uma queda da condição divina. Tal concepção, no entanto, foi superada pelo homem moderno, para o qual o humano pode ser discernido do desumano. Contudo, tal demarcação não consiste prova de que eles possam ser definidos abstratamente, e menos ainda que se possa negar o desumano por meio de um ato de pensamento ou de condenação moral.
A aplicação da dialética à história humana efetuada por Marx demonstra que o humano precisou desenvolver-se ao longo da história, e que isso não foi feito de forma harmoniosa. O desumano através da história é um fato, assim como o humano, e ambos estão indissociavelmente misturados até o emergir da consciência moderna. Tal constatação, explicada pela dialética e elevada à posição de verdade racional conclui portanto que
o homem só poderia ter se desenvolvido através de contradições; portanto, o humano só poderia ter se formado em oposição ao desumano, inicialmente misturado com ele, para enfim ser discernido através de um conflito e dominá-lo pela resolução desse conflito. (LEFEBVRE, 2009, p. 39-40)
Marx nos traz, então, um sentido preciso à confusa teoria da alienação, liberta das interpretações místicas e metafísicas, ao separá-la de toda hipótese fantasiosa sobre a queda do homem, o pecado, a decadência, o mal, etc. (LEFEBVRE, 2009, p. 39-40)
A alienação do homem se define, então, não religiosa, metafísica ou moralmente. Estes aspectos, pelo contrário, apenas contribuem para alienar o homem, arrancando-o de si mesmo, afastá-lo de sua natureza real e de seus verdadeiros problemas. (LEFEBVRE, 2009)
Para o marxismo, a alienação do homem contemporâneo, ou seja, na atual etapa do desenvolvimento histórico, se manifesta no relacionamento do homem com seus fetiches, o qual se manifesta como um desarraigamento de si e uma perda de si mesmo. Este conflito só pode ser resolvido pela destruição dos fetiches, por meio da supressão progressiva dos fetichismo e da recuperação humana dos poderes que os fetiches utilizavam contra o homem. O homem só se torna humano criando um mundo humano, mundo este que é a proposta do comunismo. (LEFEBVRE, 2009)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se dizer que o pensamento de Marx é, de certa forma, uma evolução e uma ruptura da filosofia de Hegel. Em contato com os círculos hegelianos desde quando ainda estudante de direito, a influência deste último pode-se fazer sentir principalmente nas obras do jovem Marx. Ao tomar de empréstimo o método dialético hegeliano e categorias como a de alienação, a novidade trazida por Marx nestes campos consistiu em aplicar ao domínio da vida material e das relações de produção o que antes se encontrava circunscrito apenas ao pensamento ou à consciência. As contradições que Hegel identificava na consciência Marx as identificou como oriundas do mundo material, colocando, assim, Hegel sobre seus próprios pés, pois que se encontrava “de cabeça para baixo” (MARX, 1990).
BIBLIOGRAFIA
BECKENKAMP, Joãosinho. Seis Modernos. Pelotas: EGUFPel, 2005.
ENGELS, Friedrich. Ludwing Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Textos. São Paulo: Edições Sociais, 1975.
HEGEL, Georg Wilhelm. Fenomenologia do Espírito. 6ª ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
LEFEBVRE, Henri. Marxismo. Porto Alegre: L&PM, 2009.
LENINE, V. I. Karl Marx. In: Obras Escolhidas. São Paulo: Alfa e Ômega, 1986.
MARX, Karl. Capital. London: Penguin Books, 1990.
POULANTZAS, Nicos. Marx e Engels. In: CHÂTELET, François. História da Filosofia. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1981.
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da práxis. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
Autor: Glauber Ataide

Nenhum esforço será em vão


"Entre na batalha,
nela ninguém perde.
Mesmo para aquele que perde
Seus feitos ainda prevalecem"
(William Morris, 1834-1896, poeta socialista)

URSS venceria as Olimpíadas de Londres 2012

Mais de 20 anos depois da dissolução do bloco soviético, os países que outrora fizeram parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS - ainda ecoam um passado de glória fazendo sentir a força do esporte no socialismo. Mesmo com toda a decadência trazida pelo capitalismo nessas duas últimas décadas de retrocesso (incluindo nos esportes), a URSS seria a grande vencedora das Olimpíadas de Londres 2012. Confira o quadro de medalhas abaixo (atualizado em 12/08/2012).

POSIÇÃOPAÍSOUROPRATABRONZE           TOTAL
3RÚSSIA     24253382
12UCRÂNIA65920
18CAZAQUISTÃO71513
20BIELORÚSSIA35513
25AZERBAIJÃO22610
31GEÓRGIA1337
43LITUÂNIA1124
47UZBEQUISTÃO1034
52ARMÊNIA    0123
56LETÔNIA1012
58ESTÔNIA    0112
64MOLDÁVIA0022
79TADJIQUISTÃO0011
86QUIRGUISTÃO0000
86TURCOMENISTÃO0000
POSIÇÃOPAÍSOUROPRATABRONZE           TOTAL
1URSS464473163
2EUA452929103
3CHINA38272287