Nos últimos dias a mídia a serviço do império, especializada em manipular e descontextualizar a verdade, tem feito de forma mal-intencionada um grande estardalhaço sobre uma suposta declaração de Fidel ao jornalista Jeffrey Goldberg de que "o modelo cubano não funciona nem mesmo para nós". Essa declaração seria uma resposta à pergunta de Goldberg sobre se Fidel tinha a intenção de "exportar o modelo cubano" a outros países. Uma pergunta que já demonstra uma completa incompreensão das mais básicas premissas do marxismo-leninismo, já que uma revolução não é algo que se "exporta".
Mas em primeiro lugar devemos ter cuidado antes de tomar tanto a declaração como sua interpretação como o que realmente foi dito por Fidel: o relato de Goldberg não é um transcrição da conversa, de forma que possamos contextualizá-la para saber de fato o que Fidel quis dizer.
Em segundo lugar, Fidel sempre foi muito crítico sobre tudo em Cuba. Ele nunca prometeu um paraíso aos cubanos, pois os comunistas não prometem nenhum paraíso a ninguém - quem faz isso são os padres, não os comunistas.
Seria de se espantar se Fidel tivesse dito, ao contrário, que ele queria sim exportar o "modelo cubano" a outros países, ao invés de dizer que o "modelo cubano" não funciona nem mesmo para eles.
Cuba tem vários problemas, mas não porque é socialista, mas porque é um país pobre, como todos os países da América Latina. Além disso, está debaixo de um bloqueio econômico dos EUA que torna tudo mais difícil para eles.
Uma das mais básicas premissas do marxismo-leninismo é que a revolução de um país não pode ser "exportada" para outro. Cada país tem suas particularidades, seu nível de desenvolvimento, etc. Revoluções nunca são iguais.
Outra básica premissa é que a realidade é dialética, está em constante mudança. Cuba não é a mesma de 50 anos atrás. Fidel Castro estaria apenas sendo um marxista ortodoxo se admitisse que o modelo cubano de 50 anos atrás deveria sofrer alterações hoje.
Isso não significaria o fim do socialismo, mas apenas as mudanças que uma realidade dialética exige.
Sobre aqueles que criticam o "modelo cubano", o blogueiro Yohandry, cidadão cubano, faz algumas perguntas sobre o "modelo" capitalista:
1) Por que aqueles que alimentam as campanhas de descrédito contra a revolução cubana guardam silêncio sobre o modelo econômico capitalista que está prestes a extinguir a humanidade?
2) Por que não se tem consciência sobre o irracional "modelo" que consome bilhões de dólares em publicidade quando mais de 900 milhões de seres humanos não sabem ler nem escrever?
3) Por que não falar de um mundo que abriga em suas entranhas milhares de ogivas nucleares capazes de extinguir em um segundo a vida no planeta?
4) Por que não dão a devida cobertura midiática ao alerta de Fidel sobre os perigos que se aproximam sobre uma civilização que não terá tempo para refletir, sobre nenhum tipo de modelo, em caso de um desastre de guerra?
E podemos acrescentar:
5) Por que no "modelo" capitalista há mais de 1 bilhão de pessoas passando fome no mundo hoje?
6) Por que o "modelo" capitalista nos trouxe 2 guerras mundiais, além de várias outras que ceifaram a vida de milhões de pessoas?
7) Por que no "modelo" capitalista 2 bilhões de pessoas não tem acesso a medicamentos?
8) Por que no "modelo" capitalista 2,5 bilhões não tem acesso a saneamento básico e esgoto?
9) Por que no "modelo" capitalista há 924 milhões de pessoas sem teto ou que vivem em moradias precárias?
10) Por que no "modelo" capitalista 218 milhões de crianças trabalham em condições de escravidão ou em tarefas perigosas ou humilhantes como soldados, prostitutas, serventes na agricultura, na construção civil ou na indústria têxtil?
E além disso, já que o "modelo cubano" está novamente em discussão, vale lembrar as justas palavras de Rafael Correa, presidente do Equador, sobre o assunto em 2009:
"Avaliar o modelo cubano fazendo abstração de mais de 40 anos de bloqueio econômico e comercial dos EUA é tão hipócrita, tão cínico como querer investigar a morte de uma pessoa afogada encontrada no fundo de uma piscina com os pés metidos em um balde de cimento e chegar à brilhante conclusão de que se afogou porque não sabia nadar.
"Cuba tem resistido por 50 anos ao bloqueio dos EUA. Asseguro que nenhum país da América Latina resistiria por 5 meses.
"E com a capacidade, os recursos humanos que tem e sua coesão social, asseguro que quando se levantar este absurdo bloqueio uma enorme prosperidade irá disparar em Cuba. Eles tem imensos problemas, não há dúvidas, pois todos os vemos, mas também conseguiram muitos sucessos."
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