Assim como o rei Midas transformava em ouro tudo o que tocava, o capitalismo transforma em mercadoria tudo aquilo em que põe as patas. E quando não transforma exatamente em mercadoria, transforma em algo relacionado à produção de mercadorias.
Na política isso não poderia ser diferente, claro. E isso se nota inequivocadamente agora quando ouvimos nos debates eleitorais sobre quem é o candidato "mais preparado".
Isso é um tremendo engodo, uma tremenda enganação. Os capitalistas pretendem reduzir política a administração, o que é um erro. A política engloba a administração, mas não se reduz a isso.
Da mesma maneira que o sucesso das ciências naturais no século XIII influenciava as ciências humanas a seguirem os seus métodos, o capitalismo tem induzido a se pensar na administração de um país como na administração de uma grande empresa, e aí o melhor administrador seria o melhor presidente.
Não irá demorar muito para que apareça alguém com a proposta de que o cargo de presidente seja preenchido por concurso público.
A orientação política de um país é algo que não se enquadra dentro da mera administração. Um presidente, além do mais, não governa sozinho. Ele tem toda uma equipe consigo para tratar dos setores estratégicos do país. É importante que esses ministros sejam técnicos competentes, bons administradores, assim como seus deputados e senadores. Mas que também sua orientação política seja a mesma do presidente.
Tirar o foco do debate da orientação política para o preparo administrativo é fugir do principal. É talvez medo de que a orientação política de alguns candidatos não encontrem eco na sociedade.
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